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Estado de Minas

Geração de empregos tem pior resultado em 15 anos

Criação de 11.796 vagas com carteira assinada em julho representa queda de 71,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em Minas, mercado formal perde 5 mil postos


postado em 22/08/2014 06:00 / atualizado em 22/08/2014 07:14

Em postos de serviços públicos no Centro de Belo Horizonte, pessoas buscam oportunidades de contratação fixa. Desaceleração afeta o mercado (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A/Press)
Em postos de serviços públicos no Centro de Belo Horizonte, pessoas buscam oportunidades de contratação fixa. Desaceleração afeta o mercado (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A/Press)
Brasília – A estagnação da economia brasileira está batendo forte no mercado de trabalho. Em julho foram gerados apenas 11.796 postos com carteira assinada, uma queda de 71,5% em relação ao mesmo mês do ano passado e o pior resultado para o período desde 1999. Naquela época, o país mudou a política cambial em virtude da crise da Rússia. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que o ritmo de contratação perdeu força pelo terceiro mês consecutivo e o próprio ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, admitiu que o nível de contrações “chegou ao fundo do poço”. Em Minas, o resultado foi a redução dos empregos formais em 5.197 postos de trabalho. No ano, foram gerados 632,224 empregos com carteira assinada no país, sendo 96.444 deles em Minas.


A queda na criação de empregos já preocupa o Planalto e a equipe de campanha, uma vez que a presidente da República, Dilma Rousseff, tem dito publicamente que a retração da economia não afeitou a abertura de postos de trabalho, nem os ganhos salariais dos brasileiros. Nos sete primeiro meses de 2014 , a geração de vagas formais – sem considerar os ajustes feitos nos dados dos meses anteriores – chegou a 504 mil vagas, uma retração de 27,7% na comparação com mesmo período do ano passado.

Entre os setores da economia, a indústria de transformação fechou postos pelo quarto mês consecutivo o comércio varejista pelo terceiro. As fábricas que produzem peças para veículos são as mais afetas e desligaram mais de 17 mil trabalhadores desde de abril. No setor de serviços, além da forte desaceleração, o segmento de ensino também demitiu mais em junho e julho.

Em nove estados, incluindo Minas Gerais e mais o Distrito Federal houve fechamento de vagas. Ente eles Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Santa Catarina, Espírito Santo, Sergipe, Bahia e Roraima. Mesmo com os dados preocupantes, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, continua a defender que essa desaceleração não chegará ao ponto de afetar a abertura de vagas.

Ele ressaltou que o Brasil gerou mais empregos do que a soma dos resultados da Austrália, do Canadá, do Chile, de Israel, do Japão e da Holanda. “Em julho, com o fim da Copa do Mundo, quem foi contratado temporariamente foi desligado. Vamos trabalhar para aumentar a produtividade de quem está ocupado e combater a informalidade. Nossa meta é de que até 10% dos 19 milhões de informais assinem a carteira”, completou.

Retração Em meio a estagnação da economia, Maria Lúcia Portugal, 46 anos, não consegue encontrar trabalho nos três meses em que está em busca de uma vaga. Após dedicar cinco anos da vida ao cuidado da mãe que adoeceu, ela se viu obrigada a buscar uma ocupação para aumentar o orçamento da família, de apenas R$ 1,6 mil. “Tudo está caro, tenho três filhos e a situação não é boa. Era auxiliar de escritório, mas topo qualquer coisa agora”, lamentou.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o baixo crescimento da economia desde 2011 demorou a ter reflexo no mercado de trabalho, mas não deve dar trégua nos próximos meses. Ela estimou que sem as sazonalidades que estimularam a contratação em julho, o saldo negativo em3 mil postos este mês. Solange ainda destacou que a estagnação da atividade no país e um possível aumento do desemprego devem aliviar as pressões inflacionarias em virtude dos ganhos salariais dos últimos anos.

O economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti previa uma geração 14 mil vagas. Ele ressaltou que o resultado é ruim, sobretudo pelo fechamento de postos da indústria e do comércio, além da desaceleração nas contrações da construção civil. “O número é muito fraco. Em junho, os números dessazonalizados indicam fechamento de 46,7 mil vagas. O resultado de julho é positivo, mas não reverte essa trajetória”, completou. Em Minas, a agropecuária (-4.225) e a indústria de transformação (-1.068) cortaram postos de trabalho no mês passado.

Na opinião do professor do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos, ainda é cedo para falar em aumento do desemprego. Entretanto ele considerou razoável o fato de que assim como a economia, o mercado de trabalho está estagnado. “Ainda que o crescimento seja baixo ou nulo, não vejo desdobramentos sociais preocupantes no curto prazo. Ainda temos uma taxa de desemprego baixa, sobretudo em comparação com a Europa e os Estados Unidos”, comentou.

 

Desemprego volta a subir

 

Embora tenha terminado em 12 de agosto, a greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que durou 79 dias, ainda continua prejudicando a divulgação os dados produzidos pelo órgão. Ontem, a instituição deveria ter publicado a taxa de desemprego de julho no país, mas acabou liberando apenas informações das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Em todas elas, a desocupação caiu em relação a julho de 2013. Na comparação com junho, contudo, houve alta em três localidades e queda apenas em São Paulo.

De acordo com as informações da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgadas ontem, o desemprego subiu em relação a junho em três das quatro regiões: Belo Horizonte (de 3,9% para 4,1%), Rio de Janeiro (de 3,2% para 3,6%) e Recife (de 6,2% para 6,6%). Em São Paulo, ao contrário, a taxa caiu de 5,1% para 4,9%. Para o IBGE, as variações indicam um mercado estável. Nas capitais paulista, fluminense e mineira, a taxa é a menor desde o início da série histórica da PME, em março de 2002.

Já na comparação com julho de 2013, houve redução em todas as localidades pesquisadas. Naquele mês, o desemprego atingia 4,3% em Belo Horizonte, 7,6% em Recife, 5,8% em São Paulo e 4,7% no Rio de Janeiro. A queda é atribuída não exatamente ao aumento na oferta de vagas, mas à redução do número de candidatos a um posto de trabalho.

“Em todas as regiões, percebemos estabilidade em julho na comparação com o mês anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, em São Paulo e no Rio de Janeiro houve queda na taxa de desemprego, mas isso ocorreu porque menos pessoas estão procurando trabalho, e a pressão sobre o mercado é menor”, disse a pesquisadora da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy.

Baixa procura Em abril, último dado da PME, a taxa nacional de desemprego ficou em 4,9%, o menor patamar histórico para o mês. O índice também foi favorecido pela baixa procura dos trabalhadores por uma colocação, já que o mercado de trabalho, como mostram os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), não vive um bom momento, devido à fraqueza da atividade econômica. Pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, que tem maior abrangência do que a PME e divulgação trimestral, a taxa média de desemprego estava em 7,1% entre janeiro e março passados.

Os resultados de Salvador e Porto Alegre não ficaram prontos a tempo de serem incluídos na PME, que compreende seis áreas metropolitanas e não sai na forma completa desde maio. O IBGE promete regularizar a série estatística em 25 de setembro, dez dias antes das eleições presidenciais, quando sairão também os dados de agosto.


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