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Estado de Minas DESENVOLVIMENTO

Cidades que não fazem parte das regiões metropolitanas pagam R$ 24 bilhões em salários

Em Minas, são R$ 3,7 bilhões, revela estudo inédito sobre o consumo e a massa salarial no interior do país


postado em 26/05/2014 06:00 / atualizado em 26/05/2014 07:15

Marcos Nogueira, de Nova Serrana, comemora seus ganhos com vendedor(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Marcos Nogueira, de Nova Serrana, comemora seus ganhos com vendedor (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Nova Serrana – No fim da década de 1980, Paulo Sérgio de Oliveira deixou a pacata São João do Manteninha, no Vale do Rio Doce, em busca de uma vida melhor: “Aqui não havia oportunidades de emprego”. Primeiro, ele tentou a sorte em Iporã (PR). Não deu certo e ele migrou para São Paulo, onde viveu até 2009: “Naquele ano, vim passar férias na terra natal e constatei que a economia local estava boa. Voltei a São Paulo só para pedir demissão. Meu salário, como gerente de um estacionamento, era de R$ 1,9 mil. Cumpri aviso prévio e, de volta a São João do Manteninha, montei uma fábrica de lacinhos para lingeries. Faturo, líquido, muito mais do que meu antigo serviço”. O agora patrão paga o salário de 12 colaboradores.

Um estudo inédito sobre o consumo e a massa salarial no interior do país revelou que o rendimento dos trabalhadores formais que vivem fora das regiões metropolitanas somou R$ 24 bilhões em 2013, sendo R$ 3,7 bilhões em Minas. A pesquisa, batizada de “Dossiê interior do Brasil: dimensionamento, características e oportunidades”, foi feita pelo instituto Data Popular em parceria com o Sebrae e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Ontem, o EM abordou, em duas páginas, alguns assuntos do levantamento, como o consumo das famílias no interior do estado, que movimentaram R$ 140 bilhões em compras de carros, motos, eletrodomésticos etc.

O jovem Marcos Nogueira, de 20 anos, que ganha a vida como vendedor de uma loja em Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro, mostra com orgulho a chave e o documento do carro que comprou há seis meses. “O interior do Brasil ajuda muito a economia do país”, disse o rapaz, que recebe cerca de R$ 2 mil mensais de um magazine.

A maioria dos empregados formais no interior do país (77%), porém, recebe no máximo dois salários mínimo
(R$ 1.448), como aponta o dossiê. Outros 21% ganham de dois a 10 mínimos (R$ 7.240), enquanto 2% recebem acima de 10 salários. Nas regiões metropolitanas, esses percentuais são, respectivamente, 64%, 21% e 5%. Os R$ 24 bilhões correspondem a 25% da massa salarial paga em todo o país – as regiões metropolitanas respondem por 75% (R$ 75 bilhões). Praticamente um terço desses R$ 24 bilhões (R$ 7,1 bilhões) é formado pelo rendimento pago pelas micro e pequenas empresas. Em Minas, as organizações desse porte são responsáveis por uma massa salarial em torno de R$ 1,5 bilhão.

PARA MELHOR Na prática, o interior mudou muito desde que Paulo Sérgio, o agora empresário de São João do Manteninha, deixou sua terra natal em busca de oportunidade de emprego. A cidade continua com uma população pequena – menos de 6 mil habitantes –, mas se transformou num importante polo de lingerie no estado: há mais de 30 fábricas.

A de Paulo Sérgio é a Entre Laço: “Percebi que as fábricas daqui encomendavam lacinhos de Nova Friburgo (RJ) e que as peças demoravam cerca de quatro meses para chegar. Enquanto isso, as mercadorias ficavam ‘paradas’ nas fábricas. Vim suprir essa demanda. Hoje, além de fornecer para todas as empresas daqui, envio lacinhos para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte”.

Ele montou a empresa em 2009, depois de participar de um curso no Sebrae, aprendeu a calcular balanço e capital de giro. “Comprei uma máquina por R$ 25 mil, cuja capacidade de produção é de 50 mil peças por dia. Também estou construindo um imóvel para transferir a fábrica e outro para minha família morar. Deixarei de pagar aluguel do imóvel da fábrica e da minha atual residência. Esse dinheiro vou investir na empresa.”

Bom reforço aos pequenos negócios

O Dossiê interior do Brasil revela que o número de empregados nos pequenos negócios do interior subiu de 5,8 milhões para 6,1 milhões entre 2011 e 2012. Se levasse em conta a quantidade de pessoas contratadas pelos chamados microempreendedores individuais, esse número seria bem maior. “Além da questão do emprego nas micro e pequenas empresas, é bom ressaltar que, desde julho de 2009, temos a figura do microempreendedor individual (MEI). Em Minas Gerais, eles já somam mais de 350 mil homens e mulheres e, desses, 12% (42 mil microempreendedores) empregam uma pessoa, o que é muito relevante.”, destaca Francis Bossaert, gerente da unidade Desenvolvimento Territorial do Sebrae Minas.

Apenas a título de esclarecimento, a figura do MEI foi criada com o objetivo de estimular quem ganha a vida na informalidade a migrar para a formalidade. Em troca de uma despesa mensal que gira em torno de R$ 40, dependendo da atividade escolhida pelo empreendedor individual, o MEI tem garantido direito à aposentadoria, auxílio-doença, salário-maternidade etc.

Ronan Luiz de Oliveira, de 43 anos, deixou a informalidade há alguns meses. Ele criou uma engenhoca, com motor de Brasília e inspirada numa bola, que lhe garante o sustento. A peça, fixada no teto de seu carro, protege a caixa de som com a qual ele propagandeia empresas de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

“Cobro R$ 25 a hora pela propaganda divulgada na caixa de som. Já a propaganda nas bolas tem outro preço. São 10 ‘gomos’ grandes e cinco pequenos. Nos grandes, a publicidade custa R$ 100 por mês. Nos pequenos, R$ 50”, revela o homem, que é exemplo da migração da informalidade para o mercado formal também no interior do estado. (PHL)


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