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Estado de Minas

Seca compromete passeios do tradicional barco a vapor Benjamim Guimarães

Reservatório da Usina de Três Marias está em 19,8% e baixa já afeta as atividades relacionadas à embarcação


postado em 18/03/2014 06:00 / atualizado em 18/03/2014 13:41

Funcionários começam a trabalhar mais cedo para garantir o turismo oferecido pela embarcação centenária(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 25/1/13 )
Funcionários começam a trabalhar mais cedo para garantir o turismo oferecido pela embarcação centenária (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 25/1/13 )

A redução da vazão da Usina de Três Marias de 500 mil litros por segundo para 300 mil litros por segundo já mudou a rotina da equipe que trabalha no barco a vapor Benjamim Guimarães, que completou 100 anos em 2013, já navegou pelo rio Mississipi e é o único do gênero (vapor a lenha) em atividade no mundo. Com a estiagem e a queda no volume de água que abastece os municípios à jusante da represa, todos os domingos tripulantes da embarcação estão sendo obrigados a começar a trabalhar às 6h para viabilizar o passeio que sai às 10h.

Para garantir a segurança da navegação, um barco de apoio desce o rio com funcionários da Empresa Municipal de Turismo (Emutur) para verificar a profundidade do canal, o que é é feito a cada 50 metros. “É preciso fazer a verificação para ver se dá para o vapor descer. E isso precisa ser feito pouco tempo antes dele sair. Não adianta fazer com muita antecedência porque o rio muda muito. Por enquanto, ainda estamos fazendo o passeio, mas a preocupação (com a possibilidade de deixar de oferecer a atração) é muito grande”, sustenta Anselmo Rocha, diretor-presidente da Emutur.

Ele conta que trabalha em Pirapora há 10 anos e essa é a primeira vez que vê o Velho Chico nesta situação. A cada viagem, o vapor leva até 204 pessoas, entre as quais 170 são turistas e o restante faz parte da tripulação. Por enquanto, o movimento continua normal. “Se sentirmos que não dá para navegar, o passeio será suspenso. Estamos monitorando também durante a semana. Se (o nível do rio) continuar baixando como está, e se não chover perto da represa, nos rios que formam a Bacia do São Francisco naquele local, haverá um baque na atividade turística”, sustenta Rocha. O Benjamim Guimarães é a principal atração turística não só para Pirapora, como para outros municípios da região. Isso para não falar no problema da pesca”, diz.

Planos adiados

A navegabilidade comercial do rio também padece e a expectativa de que a soja produzida no Oeste da Bahia passe a chegar pelo Velho Chico – e não pelas rodovias , como planeja a Administração da Hidrovia do São Francisco (Ahsfra) –, ficou de lado. De acordo com o superintendente da Ahsfra, Luiz Felipe de Carvalho Gomes Ferreira, “a súbita baixa nas vazões em trânsito pelo Rio São Francisco causou bastante estranheza, já que nada nos foi comunicado. Iniciar quaisquer tipo de transporte nessa situação é bastante temerário”.

Para o prefeito de Pirapora, Heliomar Valle da Silveira, com a vazão tão baixa – coisa que nunca se viu desde que Três Marias foi inaugurada –, os efeitos sobre a cidade são inevitáveis. O nível do reservatório da usina está em seu patamar mais baixo para esta época do ano (19,87%). De acordo com Silveira, o sistema de captação de água da cidade já está comprometido. “Quando a vazão baixa dessa maneira, o São Francisco fica mais ralo na parte alta, onde estão localizadas as tomadas de água. “Já estamos fazendo obras emergenciais para otimizar a captação e evitar o racionamento na cidade”, explica.

Por isso, Silveira pretende discutir com o governo de Minas uma compensação de receita da Hidrelétrica de Três Marias para acudir os municípios em dificuldade. “Quando a usina está gerando normalmente, ganha a Cemig e a cidade de Três Marias, que recebe a compensação pelo uso da água. Mas quando há risco de racionamento, temos que aumentar o nosso custo de captação de água. Na hora boa não somos chamados, na hora ruim, ajudamos a pagar a conta”, desabafa.

Ainda de acordo com o prefeito, cerca de 10 municípios da parte mineira do São Francisco estão sendo afetados. “No perímetro irrigado, e também nos locais onde a irrigação é privada, os produtores rurais estão sofrendo drasticamente com esse problema”, explica Silveira.


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