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Estado de Minas CONCESSÃO DE ESTRADAS

Atraso nas obras das rodovias privatizadas prejudicará agricultores


postado em 04/02/2014 06:00 / atualizado em 04/02/2014 07:14

BR-050, no Triângulo Mineiro: duplicação deve melhorar transporte de soja na região e rentabilidade da commodity(foto: Cleiton Borges/Correio de Uberlândia)
BR-050, no Triângulo Mineiro: duplicação deve melhorar transporte de soja na região e rentabilidade da commodity (foto: Cleiton Borges/Correio de Uberlândia)

Sinop (MT) e Quarto Centenário (PR) – A concessão das principais rodovias de escoamento de grãos do país está longe de dar sossego aos produtores agrícolas. Como as obras de ampliação das estradas vão atrasar em relação ao cronograma inicial, o novo recorde na produção que será colhida enfrentará os mesmos gargalos que reduzem os ganhos das safras. A estimativa do setor é alcançar 90,3 milhões de toneladas de soja este ano, considerada a maior colheita da história. São 9,2 milhões de toneladas a mais ante a última safra (2012/2013). Apesar da boa expectativa, representantes do agronegócio estimam desembolsar cerca de R$ 900 milhões por causa de entraves logísticos que impedem o escoamento adequado das commodities.

Em Minas, a duplicação das rodovias no Triângulo Mineiro deve melhorar as condições de fluxo. Fazem parte do Programa de Investimento Logístico (PIL) as BRs 153, 050 e 262. Todas deveriam estar em obras. Mas as reformas ainda não se iniciaram. Na semana passada, o Ministério dos Transportes incluiu trecho da BR-364 ligando o estado a Goiás. Estudos indicam que somente a duplicação dela deve resultar em aumento de 66,6% no escoamento. Pela rodovia, daqui a cinco anos, quando a obra tiver sido concluída, o fluxo de soja deve ser quase três vezes maior que a atual produção do estado.

O Ministério dos Transportes prevê que 10 milhões de toneladas circulem por ano pelo trecho que vai ser concedido da BR-364, enquanto a previsão da safra para este ano no estado é de 3,8 milhões de toneladas – considerando uma safra recorde para 2014. O aumento está relacionado com a expansão da área cultivada, que passou de 1,12 milhão de hectares para 1,25 milhão.

Se boa parte do escoamento das commodities agrícolas fosse feito pelo Sul do país e não pelo Norte, o tempo gasto pelas transportadoras seria menor e os pedágios mais baratos, segundo o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira. “Se o governo federal também investisse mais nas ferrovias e hidrovias, as transportadores cobrariam menos nos fretes”, afirmou. “Nos últimos três anos, o setor teve despesas de cerca de R$ 3 bilhões devido à falta de infraestrutura”, completou.

O avanço do setor agropecuário em Minas é sustentado principalmente pelo cultivo da soja. A expectativa é de crescimento de 12,5%, justificado pela maior rentabilidade do grão, o que tem feito muitos produtores substituí-lo pelo milho. A soja tem sido beneficiada pela boa cotação nos mercados interno e externo, sendo a China o principal destino. “Em função do mercado, Minas tem ampliado a área plantada da soja. Com os preços mais atraentes, os produtores têm optado pela cultura. O estoque de milho também é recorde, com 10 milhões de toneladas disponíveis ante 1 milhão de tonelada de soja na época do cultivo”, afirma o superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez.

ALTO CUSTO
Em Lucas do Rio Verde, interior do Mato Grosso, o agricultor de soja Giberto Eberhardt possui 510 hectares (cada hectar equivale a um campo de futebol) de área plantada. Ele disse que produziu na safra deste ano 53 sacas e já sente no bolso o valor dos fretes cobrado pelas transportadoras. “Devido ao preço do combustível, que não para de subir, e a situação das estradas, já vi que vou desembolsar mais uma vez uma boa grana este ano. Na safra do ano passado gastei R$ 28 mil só com frete”, reclamou. “A cada ano, a logística vai atacando a rentabilidade do setor”, completou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira.

Em um evento realizado pela Aprosoja Brasil em Quarto Centenário (PR) no último final semana, os agricultores se reuniram com representantes do setor, governos federal e estadual e pontuaram os principais problemas que serão enfrentados mais uma vez pela falta de infraestrutura. A ex- ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann reconheceu em seu discurso as falhas na logística do país. “Os produtores estão preparados. Agora, precisamos unir esforços para que cada vez mais possamos melhorar a infraestrutura da porteira para fora”, disse aos agricultores paranaenses. O governador do Paraná, Beto Richa, também compareceu ao evento e provocou a ministra. “O poder público não tem avançado na mesma velocidade que os nossos produtores rurais”, disse Richa em seu discurso. (Colaborou Pedro Rocha Franco)

Caminhões monitorados até o complexo portuário


A Secretaria de Portos, os ministérios dos Transportes e Agricultura e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) anunciaram ontem uma nova medida para organizar o grande fluxo de caminhões nas estradas e nos portos. A partir de hoje, os caminhões serão monitorados desde a porteira até o complexo portuário. Além disso, será necessário o agendamento da chegada do caminhão no porto e deverão aguardar um chamamento eletrônico do terminal para procederem a descarga. Os produtores que não cumprirem a nova regra serão autuados pela Codesp e multados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann afirmou no interior do Paraná que a expectativa com a nova medida é que os caminhões não enfrentem filas ao chegarem aos portos. Entretanto, o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, tem observação diferente. “As novas regras não são tão eficazes. Isso não retira os problemas e os gastos que temos ao contratar uma transportadora. Já estamos com 40 % da safra deste ano vendida, mas sabemos que o armazenamento será em cima do caminhão. A licitação das obras dos portos não saíram do papel.” (GA)


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