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Estado de Minas

Jovens talentosos na crista das startups

Diretores-executivos de empresas de base tecnológica são jovens talentosos que não têm medo de aceitar desafios ou de ultrapassar as fronteiras do país para vender as suas ideias


postado em 25/11/2013 06:00 / atualizado em 25/11/2013 06:47

Jovens, donos de ideias inovadoras e com grande talento para o mercado de tecnologia da informação. Assim pode ser definido o perfil dos diretores-executivos de empresas de base tecnológica, as startups que se espalham pelo Brasil, movimentando milhares de reais. Em Minas Gerais, o crescimento desse mercado não é diferente e sobram talentos. Mas para voar mais alto e encontrar pessoas que comprem suas ideias, muitos romperam as fronteiras do estado, chegando a São Paulo, Rio de Janeiro, aos Estados Unidos e a outros lugares onde o fomento aos negócios ligados à internet é uma prática comum. Outros, no entanto, continuam lidando com a falta de incentivos concretos, excesso de burocracia para abertura de seus negócios e a busca por melhores oportunidades. Empresários mineiros que se mudaram ou buscaram aporte fora do estado ou até mesmo do país contam em entrevista ao Estado de Minas o que os levou a ultrapassar as fronteiras e o que é preciso mudar para que os talentos mineiros criem raízes no estado e não sejam empurrados para outras regiões.

(foto: Arquivo Pessoal )
(foto: Arquivo Pessoal )
Compreensão nos EUA

Reinaldo Normand, 37 anos, trabalha em um novo projeto que ainda não pode ser divulgado
De onde saiu: Belo Horizonte
Onde está: Vale do Silício, San Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos
A carreira de Reinaldo começou em 1996, em BH, quando eledesenvolveu um site de games, o Outer Space, que se tornou o maior do Brasil. O que era hobby virou trabalho. Depois de se formar em administração, nos anos 2000, ele se deparou com poucas opções de mercado e a falta da cultura de startups. “BH tem muita gente de alto nível, o problema é o ambiente conservador demais, não propenso ao risco e a experimentar coisas novas. A cultura o emperra como empreendedor. Você não é compreendido e parece um peixe fora d’água”, resume. Em 2002, Reinaldo se mudou para São Paulo para “tentar a sorte” e de lá para cá não parou mais. Nos últimos 10 anos, se mudou 15 vezes e morou em seis cidades: BH, São Paulo, Cidade do México, San Diego, Shangai e San Francisco. Ele conheceu 40 países, mas conta que a grande mudança ocorreu ao chegar aos EUA, onde se sentiu “compreendido”. “Vi que não era tão maluco assim, que ser diferente era normal”, brinca. Depois de levantar investimentos milionários para o projeto Zeebo, um console 3G para países emergentes, ele se mudou para a China e de lá voltou para o Vale, em 2011, quando começou sua última empresa, a 2Mundos, agora tocada por seu sócio. Atualmente, trabalha em um projeto para revolucionar a maneira como as pessoas criam design em dispositivos móveis.

(foto: GetNinjas/Divulgação )
(foto: GetNinjas/Divulgação )
Estágio importante

Eduardo L’Hotellier, 28 anos, diretor-executivo do GetNinjas.com.br
De onde saiu: Juiz de Fora
Onde está: Em São Paulo, desde 2009
Natural de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Eduardo se mudou para o Rio de Janeiro e de lá para São Paulo em busca de novas oportunidades de estudo, estágio e emprego. Esses, inclusive, foram e continuam sendo os principais desafios a serem vencidos por quem sonha empreender na área de tecnologia, de acordo com ele. “O que acontece é que os talentos de Minas procuram lugares onde conseguem melhores estágios e lugares para trabalhar”. Segundo L’Hotellier, por terem vestibulares mais concorridos, as faculdades do Rio e São Paulo reúnem melhores alunos e, por consequência, oferecem melhores posições para quem se forma nessas instituições. No entanto, mesmo com a diferença na qualidade de ensino entre as universidades de lá e as daqui, ele garante: “É possível fazer sucesso em Minas, mas a velocidade na largada é menor. O bom primeiro estágio leva a um bom primeiro emprego, que leva a outras experiências”. Hoje o site GetNinjas.com.br, que faz uma ponte entre clientes e profissionais autônomos prestadores de serviço, conta com 40 mil usuários, de 4 mil cidades brasileiras e a ideia já movimentou R$ 8 milhões em negócios para profissionais cadastrados. De 2011 até agora, a empresa recebeu mais de R$ 7 milhões
em aporte.

(foto: Like Store/Divulgação )
(foto: Like Store/Divulgação )
Restrições comerciais

Ricardo Grandinetti, 33 anos, sócio-proprietário da Like Store
De onde saiu: Belo Horizonte
Onde está: Em São Paulo, desde 2011
Ricardo começou a trabalhar com tecnologia em Belo Horizonte em 2004, quando esbarrou em um mercado comercialmente restrito. Depois disso, optou por direcionar suas abordagens comerciais para São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba e teve mais resultados. “Dentro desse processo uma coisa ficou clara: ser ‘de fora’ atrapalhava muito o fechamento dos negócios, conversar com um prospect em SP e falar ‘daqui a 15 dias estarei aí para uma reunião tirava credibilidade’, lembra. Com essa visão Ricardo e seus sócios montaram, em São Paulo, a LikeStore, empresa de social commerce, que hoje reúne mais de 24 mil lojas no Facebook, com mais de 5 mil transações mensais. Entre os gargalos para quem quer ter um negócio com base tecnológica, ele lembra a economia do estado, que “está toda construída sobre a indústria de base, reduzindo as possibilidades de negócios para as empresas com foco em comércio, serviços, marketing e principalmente tecnologia”. Diante desse cenário, para quem está começando, ele alerta: “Sejam honestos consigo mesmos e entendam quem seu produto atende”. “Estar realmente dentro do ambiente traz a você uma série de aprendizados, contatos e ganhos de experiência que valem as dificuldades dos primeiros anos”, acrescenta.

(foto: Easy Taxi/Divulgação )
(foto: Easy Taxi/Divulgação )
Conservadorismo ruim

Tallis Gomes, 26 anos, diretor-executivo da Easy Táxi
De onde saiu: Carangola
Onde está: Em São Paulo, desde 2012
Tallis saiu de casa aos 16 anos, quando optou por estudar e trabalhar em Juiz de Fora. Aos 17, se mudou para o Rio de Janeiro, onde morou até o ano passado. Um dos motivos, segundo ele, foi a busca por visibilidade. “Tem como fazer dar certo em Minas. Temos bons nomes no estado. Mas o fato de o mineiro ser muito conservador prejudica um pouco”, argumenta. Outro problema que para ele acontece no estado, mas também em todo o país, é o fato de as universidades terem um ensino voltado para o bom desempenho em provas e não para o empreendedorismo. “Enquanto isso, nos Estados Unidos (um dos principais polos tecnológicos), o ensino é voltado para o empreendedorismo, além de fornecerem o ambiente ideal para a criação de companhias”, compara. O aplicativo para pedido de táxi desenvolvido por Tallis conta com 1,5 milhão de usuários e mais de 60 mil taxistas cadastrados. Ele, hoje, não tem casa fixa. Fica em São Paulo, onde está a sede mundial de sua empresa, mas roda o mundo atrás dos negócios gerados pelo Easy Táxi e desde o surgimento da empresa, no ano passado, recebeu R$ 40 milhões em aportes.

Em evolução

Gustavo Caetano, 30 anos, diretor-executivo da Samba Tech
De onde saiu: Araguari
Onde está: Em Belo Horizonte
Considerado um dos grandes nomes da tecnologia da informação, Gustavo Caetano despertou para seu lado empreendedor ao estudar no Riode Janeiro. Hoje, comanda a empresa que é líder em soluções para vídeos on-line na América Latina. No entanto, voltou para BH por se identificar com a capital mineira. “Tinha um clima acolhedor, não tinha caos de trânsito e violência, tinha talentos que saíam de universidades como UFMG e PUC e os custos eram menores do que no Rio e São Paulo”, argumenta. Ainda de acordo com ele, o fato de trabalhar com tecnologia e internet, deu à empresa a chance de atender grandes clientes mesmo não estando na mesma cidade que eles. “Hoje 85% dos nosso clientes estão fora de Minas Gerais”, lembra. No entanto, ele não descarta o fato de que empreender no Brasil tem suas dificuldades, embora muitos obstáculos já tenham sido vencidos. “Se formos tirar o retrato do momento hoje e comparar com o de 10 anos atrás, sem dúvida evoluímos”, lembra. “Acontece que as coisas no Brasil ainda são muito lentas e burocráticas. Se não houver medidas claras e bem estruturadas que contribuam para desenvolver as novas empresas no país corremos o risco de no futuro olhar para trás e ver o momento atual como apenas uma ‘bolha’ de startups”, completa.

Equipe de valor

Ofli Guimarães, 28 anos, e Israel Salmen, 25 anos, fundadores do Meliuz
De onde saíram: de BH para o Chile
Onde estão: Belo Horizonte
Com dois anos de mercado, o Meliuz, portal que disponibiliza, gratuitamente, cupons de desconto nas melhores lojas on-line do Brasil e ainda devolve parte do valor da compra diretamente na conta bancária do usuário, gerou uma economia de R$ 1 milhão nos últimos três meses aos consumidores que compraram produtos por meio do site.
A empresa mineira fundada por Israel Salmen e Ofli Guimarães tem hoje mais de 900 lojas parceiras. Apesar de estarem sediados em BH, os sócios sempre entenderam o alcance nacional da ideia.
A aceleração do empreendimento veio em 2012, quando foram aprovados no Start-Up Chile e receberam um incentivo do governo chileno para se mudarem para Santiago por seis meses e desenvolver a empresa lá. “Vivemos nossa empresa 24 horas por dia, com centenas de outras empresas e empreendedores na mesma situação”, conta Ofli. Como a maior parte da equipe fica em BH, a volta foi inevitável, além de uma opção. “Voltamos para BH por causa das pessoas, principalmente por causa da equipe”, comenta Israel. Para estimular os empreendedores do setor no estado, os sócios apostam que a criação de mais programas de incentivo como o que eles vivenciaram seria uma boa saída. “Muita gente qualificada sai de Minas para receber esses incentivos em outros lugares.”


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