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Estado de Minas

Dólar alto anima fábricas no Brasil para venda de brinquedos no Dia das Crianças

Associação aposta no crescimento, mas varejo encolhe margens


postado em 04/09/2013 06:00 / atualizado em 04/09/2013 08:16

(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

A alta no custo da mão de obra na China, somada ao dólar que passou a flutuar próximo de R$ 2,40, ajudou a montar um verdadeiro cabo de guerra no varejo para o Dia das Crianças. De um lado, os brinquedos nacionais. Do outro, os importados. A batalha continua difícil para o time verde e amarelo, mas as equipes, este ano, estão equilibradas, com jogadores do mesmo porte, como há muito não ocorria. E a indústria nacional, atordoada pela crise, garante que, desta vez, vira o jogo.

Os empresários do varejo discordam, dizem que as compras dos importados foram feitas antes da disparada do câmbio e garantem que ainda estarão com preços competitivos para a data. A Associação Nacional dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) aposta que, no mês das crianças, 55% das vendas devem ter como protagonistas os produtos brasileiros. No ano passado, esse percentual fechou em 45%. Segundo a associação, o reajuste de preços dos nacionais abaixo da inflação também justifica o otimismo.

As vendas de brinquedos devem movimentar, na ponta do varejo, perto de R$ 3 bilhões no Dia das Crianças deste ano, alta de 13% em relação a 2013. Para se ter ideia do apelo da data, ela concentra 40% das vendas de brinquedos no ano. Segundo o presidente da Abrinq, Synésio da Costa, a fabricação de brinquedos nacionais está a todo vapor. No país, 371 fábricas produziram cerca de 1.750 lançamentos neste ano. “A indústria está preparada para abastecer os lojistas.” A expectativa também é forte em relação a 2014, quando parte da manufatura de grandes fabricantes pode voltar para o Brasil.

A fabricante Estrela, por exemplo, calcula que, com a mudança cambial, o custo da fábrica instalada na China deva aumentar em 25% e por isso pensam em aumentar a produção local. Além disso, os importados devem ficar mais caros no ano que vem. De acordo com o presidente da Estrela, Carlos Tilkian, 65% do faturamento atual da empresa vem de produtos fabricados no Brasil e 35% de produtos fabricados fora do país. Caso o dólar mantenha trajetória de alta, a expectativa, segundo ele, é que a produção interna passe a responder por 80% do faturamento. “Crescer as nossas operações aqui é positivo porque isso gera mais empregos e impostos e os importados perdem competitividade. Mas qualquer reflexo deve vir apenas no ano que vem”, comenta Tilkian.

Personagens

As bonecas continuam representando a maior fatia do mercado, dominando 40% dos brinquedos que saem da indústria. O proprietário da loja Brinkel, Altair Rezende, diz que os produtos nacionais vêm aumentando sua participação no faturamento, mas que grande parte de sua receita ainda vem dos importados. Para o Dia das Crianças, ele aposta em vendas fortes para as linhas nacionais de personagens de grande apelo, como os produtos Galinha Pintadinha, Patati Patatá e bonecas mecanizadas como a Mônica Bambolê. Entre os importados, que respondem por até 75% dos estoque, o destaque vai para as bonecas Barbie, My Little Pony e Monster High e os bonecos Furby, a linha Max Steel, Hot Wheels e Lego.

Compra antecipada segurou os preços

Enquanto a indústria aposta na virada ainda em outubro, os empresários do varejo garantem que a alta do dólar não vai chegar às prateleiras este ano. O diretor da Loja Estripulia, Airan Capelo, diz que espera incremento de até 20% no período e que a compra antecipada das mercadorias, antes da alta do dólar, garante essa margem ao comércio. Para ele, qualquer reflexo do câmbio deve ser sentido apenas no ano que vem. Segundo Altair Rezende, proprietário da Brinkel, o reajuste pode chegar a 10% no início do ano que vem.

Na Ri Happy e PBKids, o diretor de marketing Mário Honorato também garante que não haverá alterações de preços nas lojas até o fim do ano. “Estamos nos esforçando para manter o preço, espremendo as margens. Só haverá algum reajuste caso o dólar chegue a um nível que ninguém consiga segurar”, diz. De acordo com Honorato, o aumento só será sentido em futuras negociações. “Tanto lojistas como importadores estão diminuindo suas margens de lucro para que o consumidor não seja penalizado. Este é o momento de unir forças”, afirma.

Fernanda Rezende Neves Marins, de 5 anos, não deve ganhar brinquedo importado no Dia das Crianças. Isso porque a mãe, a assessora jurídica Júnia Rezende, prioriza brincadeiras e brinquedos pedagógicos, ligados à construção lógica, como jogos de memória e quebra-cabeças. “Também estimulo a simplicidade e a construção dos próprios brinquedos, seja com embalagens ou com outros materiais, porque sei que as crianças são bombardeadas pela publicidade”, conta. Para Junia, o grande problema é que os importados vêm tomando o espaço dos nacionais e, na maioria das vezes, oferecem “opções prontas” para as crianças. “Indústrias nacionais maravilhosas perderam espaço”, conclui. (CM)


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