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Estado de Minas

Câmbio fraco é recomendado

Declaração de diretor do BC e perspectiva de recuperação da economia norte-americana impulsionaram o dólar ontem


postado em 05/06/2013 06:00 / atualizado em 05/06/2013 06:43

O comportamento do dólar acendeu o sinal de alerta na economia brasileira. Depois de operar em queda pela manhã, em torno de R$ 2,11, a moeda norte-americana mudou de curso, bateu em R$ 2,15 no início da tarde dessa terça-feira e fechou o pregão cotado a R$ 2,13. Em parte, esse movimento é atribuído às declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, que disse ontem, em Londres, que o Brasil terá de conviver com uma taxa de câmbio mais fraca.

Entretanto, a recuperação da economia norte-americana e a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) reduzir os US$ 85 bilhões que tem despejado no mercado em compras de ativos mensais também explica a valorização do dólar. Parte do dinheiro que financia o rombo recorde das contas públicas do país é especulativo. A qualquer sinal de melhora numa economia mais confiável, como a dos Estados Unidos, esses recursos voláteis, que estavam nos mercados emergentes, como o Brasil, migram para lá.

“Houve uma reponderação de risco devido a dois eventos grandes nos últimos meses: a desvalorização do iene e o fato de a economia norte-americana ter melhorado, o que fez aumentar os juros para 10 anos. Com isso, o risco começa a ficar mais apertado nos países emergentes, afastando investidores. Os emergentes, incluindo o Brasil, não vão mais conseguir crescer sem reformas. O Brasil precisa melhorar a infraestrutura para conseguir crescer mais fortemente sem que isso provoque inflação”, analisou a economista Sandra Utsumi, que é estrategista de macroeconomia do Espírito Santo Investiment Bank.

O investimento estrangeiro direto de longo prazo no Brasil já está despencando e as transações correntes registram deficit de mais de US$ 33 bilhões. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, avaliou que o fraco crescimento da economia brasileira e a pressão inflacionária afastam os investimentos no país. De acordo com ele, a moeda norte-americana não deve mais retornar ao nível de R$ 2. “A curto prazo, o dólar deve ficar nesse sobe e desce em torno dos R$ 2,10, na expectativa de saber qual será a postura do Fed e para onde vai a economia dos EUA”, ressaltou.

Para o gerente de Câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, a valorização do dólar foi um movimento internacional. Mas ele alerta que isso foi mais forte no Brasil. No Ptax (média do BC), às 16h de ontem, a desvalorização do real frente ao dólar era de 0,59%, contra  
- 0,32% do franco suíço, - 0,25% da libra, - 0,10% do euro. “O nível de especulação no Brasil é maior. Quando o dólar se valoriza no mundo, o efeito aqui é exponencial”, afirmou.

Battistel considerou, contudo, que o discurso do diretor do BC teve peso significativo no comportamento do dólar ontem. Segundo ele, o BC tinha criado uma banda entre R$ 2 e
R$ 2,05 e, agora, parece ter alterado esse parâmetro para R$ 2,10 e R$ 2,15. “O BC só interveio quando o dólar quase bateu em R$ 2,15 (na sexta-feira, quando a autoridade monetária fez um leilão de swap). A intervenção surtiu efeito, tanto que a moeda abriu em queda hoje (ontem). Quando o Aldo disse que o país vai ter que se acostumar com um câmbio mais fraco, essa nova postura deu a entender que há uma nova banda”, explicou.


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