A poucos dias da Páscoa, centenas de opções de sabores, embalagens e recheios lotam as prateleiras de lojas e supermercados e fica quase impossível resistir à tentação de comprar ovos e outros produtos de chocolate. Porém, a escolha não deve ser tão simples assim. É importante que o consumidor fique atento para que só leve para casa produtos que não coloquem a segurança de sua família em risco.
A diretora de qualidade do Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais (Ipem/MG), Adriane Lacerda Barbato, reforça a importância de um consumidor consciente e atento a alguns requisitos que fazem diferença durante a compra. Segundo ela, além de conferir se o peso líquido do ovo está especificado na embalagem, no caso de haver brindes é importante que o comprador se certifique que há o selo do Inmetro no brinquedo. “O selo atesta a qualidade do produto e não pode vir na embalagem do ovo, ele deve estar sempre na embalagem que envolve o próprio brinquedo”, explica.
Outro cuidado importante, segundo Adriane Barbato, é o de verificar a faixa etária indicada no selo. “Ter o selo do Inmetro significa que esse brinde passou por uma série de ensaios e que está apto a ser vendido dentro do ovo, mas é importante que os pais se atentem para a idade adequada para a criança usar cada tipo de produto”, afirma. De acordo com a diretora, os exames levam em consideração os itens de segurança do brinquedo, como partes perfurantes e cortantes; as partes pequenas e o risco de ingestão; riscos químicos, que considera a presença de tintas e metais nocivos à saúde e outros itens.
Muita observação
A auxiliar de contabilidade Elisângela Conceição Velho Souza já comprou os ovos de Páscoa de seus filhos: Maria Eduarda, de 10 anos, e Samuel, de 3. Neste ano, o caçula escolheu uma marca com brinquedo: um Kinder Ovo que vem com uma moto e o Batman em cima. “Quando o ovo é pequeno, olho muito o tamanho do brinquedo, pois o Samuel tem só três anos”, afirma Elisângela. Mas ela conta que ele já abriu o ovo e o tamanho da moto e do boneco era normal, ou seja, ele vai poder brincar com segurança. Pela primeira vez, Maria Eduarda escolheu um ovo de Páscoa sem brinquedos no interior. “Ela já abriu e acho que ficou um pouco desapontada, mas foi escolha dela”, diz. Elisângela afirma que costuma observar mais a validade do ovo. Já o selo do Inmetro, ela diz que nem sempre leva em conta na hora de fechar a compra. Ela prefere fazer sua própria análise para ver se é seguro ou não adquirir o produto para suas crianças.
Adriane Barbato reforça que em momentos como a Páscoa, quando cresce a oferta de produtos e também a demanda, é preciso que o consumidor esteja pronto para defender seus direitos e colaborar com os órgãos de fiscalização. “Mesmo com uma boa logística, aparato legal e pessoal capacitado, para o poder público fiscalizar todos os produtos, em todas as lojas, 24 horas por dia, é complicado”, afirma. “Portanto, é imprescindível que as pessoas se interessem pelos seus direitos e estejam esclarecidos para fiscalizar os produtos que compra”, reforça a diretora, que lembra os programas Multiplicadores do Consumo Sustentável e Aluno Cidadão, que forma crianças e adolescentes conscientes de seus direitos em suas relações de consumo. (Colaborou Geórgea Choucair)
O que diz o Código?
Artigo 6º – São direitos básicos do consumidor:
1 –a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
3 – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentam.
Fonte: Código de Defesa do Consumidor
Memória
Armadilhas por trás do sabor
Os saborosos ovos de Páscoa podem parecer inofensivos, mas aqueles com brinquedos escondem riscos para as crianças. Vale lembrar alguns dos recalls já convocados para o produto no Brasil. No ano passado, a Arcor anunciou o recall do ovo de Páscoa Rapunzel, de 150g, porque pequenos furos nas embalagens podem ter causado a transferência do cheiro do brinquedo para o chocolate, provocando alteração no sabor e aroma originais. Segundo a Arcor, a alteração não representava riscos à saúde, porém poderia provocar desconforto e mal-estar momentâneos. E em 2002 a Kraft Foods fez o recall do ovo de Páscoa Trakinas, que apresentou problema em um brinquedo. A mola do brinde, uma bolacha que pulava, se soltou e feriu uma criança.