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Estado de Minas

Preços dos serviços disparam em Belo Horizonte

Em quatro anos, gastos com doméstica, casa, salão de beleza, estacionamento e lazer sobem até 82%, superam em muito a inflação acumulada de 25,4% no período e lideram alta nas capitais


postado em 27/02/2013 06:00 / atualizado em 27/02/2013 07:32

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Dos reparos feitos dentro de casa aos gastos com empregado doméstico, saúde, salão de beleza, lazer e estacionamento, os preços dos serviços na Grande Belo Horizonte não pouparam o consumidor de uma onda de reajustes nos últimos quatro anos, que superou em boa parte desses itens as variações nas maiores capitais do país. De 2009 ao ano passado, as despesas em BH e entorno subiram até 60% na habitação, para quem precisou de pedreiros, bombeiros e eletricistas, entre outros profissionais, e até 82,6% fora do domicílio, nesse caso para estacionar o carro. As taxas representaram mais do triplo, quando comparadas à inflação de 25,4% medida na Região Metropolitana de BH pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No país, o IPCA alcançou 24,5% no período.


Para manter a casa em ordem, o maior reajuste de gastos na Grande BH, que foi observado com a mão de obra, ficou mais de 15 pontos percentuais acima da média nacional, de 44,6%, e ultrapassou em duas vezes o IPCA da Grande BH. Entre os campeões dos reajustes, a taxa mais baixa foi a da Grande São Paulo (39,5%). A remarcação dos preços em estacionamentos na capital mineira chegou a quase 40 pontos percentuais acima da média brasileira. Os cálculos fazem parte de um levantamento preparado pelo analista do IBGE em Minas Gerais Antônio Braz de Oliveira e Silva, a pedido do Estado de Minas, para avaliar o fôlego dos preços de serviços do dia a dia das famílias (veja quadro ao lado).

Nos quatro anos analisados, entre 69 itens de serviços prestados dentro e fora de casa que compõem o IPCA medido nas 11 principais regiões metropolitanas, a de BH foi a que puxou as altas com mais frequência, em 11 tipos de gastos, seguida de Curitiba, com 10 e Recife, em 9 despesas destacadas. Independentemente das oscilações entre as capitais, Antônio Braz e Silva alerta para o fato de que a inflação dos serviços tem ultrapassado os índices gerais do IPCA em todas as capitais, movimento que o consumidor viu no ano passado, mas, segundo o estudo mostrou, já vinha sendo alimentado desde 2009.

No rastro do salário

Em geral, a velocidade dos preços tem relação com a remuneração paga aos prestadores de serviços, que se valorizou no rastro da valorização do salário mínimo. Outro componente é a oferta dessa mão de obra, que vive a escassez em várias áreas, como a construção civil, num cenário de grande formalização do emprego no Brasil dos últimos anos e de inclusão no consumo das classes de menor poder aquisitivo. Seja no restaurante, no turismo, seja nas academias de ginástica, o custo com a mão de obra subiu e foi repassado ao consumidor, entre fatores próprios de cada atividade que ajudam a entender as remarcações.

Como nos serviços não há o efeito benéfico das importações que ajudam a contrabalançar os reajustes dos alimentos e de roupas e calçados, é mais difícil conter a inflação deles. “Em Belo Horizonte, os reajustes se destacaram em consequência de um mercado de trabalho mais aquecido, das taxas menores de desemprego”, afirma o analista do IBGE.

Nos últimos dois anos, as taxas de desemprego na Grande BH, de 7% em 2011 e 5,1% em 2012, foram as menores medidas pelo Departamento Intersindical de Estatítica e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em sete regiões metropolitanas (além de BH, São Paulo, Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Distrito Federal). Na construção civil, por exemplo, com a melhora do nível de emprego, houve uma debandada de profissionais em busca de melhores salários no comércio ou no trabalho autônomo na própria construção que elevou a carga de trabalho deles. O resultado foi a escassez, segundo Osmir Venuto, presidente do Sindicado dos Trabalhadores na Construção Civil da Grande BH.

Boca aberta
Os serviços odontológicos refletem a mistura de aumento da demanda provocada pela melhora dos rendimentos da população e das despesas dos profissionais nos consultórios, de acordo com Arnaldo Almeida Garrocho, presidente do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais. “O acesso das classes C e D aos consultórios particulares forçou a demanda, levando a um aumento dos honorários. Em BH, a oferta de assistência pública à saúde bucal é muito precária e as despesas de aluguel de salas e mão de obra subiram mais, o que refletiu nos consultórios”, afirmou.

A psicológica Débora Galvani sente a pressão nas duas pontas, no trabalho e em casa. Ela afirma que a remuneração dos serviços não consegue acompanhar a evolução dos preços e aluguel de imóvel e de vagas de estacionamento, dos custos de lazer e viagens. “Da mesma forma, o salário dos pacientes não segue no mesmo ritmo. Nossa família tem tentado cortar as despesas com alimentação fora de casa para poder viajar”, afirma, enquanto faz as contas ao lado da filha Laise.

Palavra de especialista

Felipe Queiroz
analista da agência classificadora de risco Austin Rating

Movidos a consumo

‘Os serviços estão entre os componentes da inflação que tendem a aumentar a sua influência sobre o IPCA. Eles revelam mudanças importantes de comportamento da população brasileira, com o aumento da renda real (descontada a inflação), que foi de 10% nos últimos quatro anos. Contribuiu, da mesma forma, a queda da taxa de desemprego, de 8,1% em 2009 para 5,5% no ano passado. Esses dois fatores permitiram que as famílias alterassem a sua cesta de consumo e são itens que nós não temos omo importar”.

Plano de saúde dói no bolso


Brasília – Os planos de saúde tiveram em 2012 o maior reajuste dos últimos cinco anos. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a correção real dos valores das mensalidades foi de 7,93% no ano passado, bem acima do valor da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, de 5,84%. E o consumidor não deve ter trégua. Segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), os aumentos devem continuar, puxados pela alta dos custos médico-hospitalares, que tiveram, no período de 12 meses encerrado em junho, o maior reajuste desde 2007: 16,4%, quase o triplo da inflação.

O Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), levantado pelo Iess anualmente, considera as despesas que as operadoras têm com consultas, exames, terapias e internações por beneficiários de planos individuais. Atualmente, esse tipo de convênio representa cerca de um quarto do mercado, com 10 milhões de associados. As internações lideram as despesas, com uma alta de 16,6%.

Apesar de o estudo do Iess só considerar os planos de saúde individuais, o aumento dos preços cobrados pelos hospitais pelos procedimentos, segundo o superintendente executivo do instituto, Luiz Augusto Carneiro, se estende, inevitavelmente, aos planos coletivos, o que deve fazer com que o impacto no bolso do consumidor seja cada vez maior. “Os hospitais atendem tanto planos coletivos quanto individuais. Então, se o valor cobrado por uma internação subiu para um, com certeza também subiu, mesmo que não na mesma proporção, para outro”, afirma.


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