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Estado de Minas

Schwartsman critica BC e diz que "inflação não cai por gravidade"


postado em 20/02/2013 15:53

O ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman reforçou nesta quarta-feira seu ceticismo em relação ao compromisso do Banco Central (BC) de levar a inflação ao centro da meta, 4,5%. "O fato de o Banco Central manter a estratégia de juros estáveis por um período de tempo prolongado não vai trazer a inflação para a meta. A inflação não cai por gravidade", comentou. "E a grande verdade é que o Banco Central não faz coisa nenhuma para ela cair. Pelo contrário, tem feito força para subir. O custo é ter a inflação mais alta. Eu continuo cético em relação ao BC subir juros neste ano", apontou.

Para Schwartsman, o mais provável é que a Selic ficará estável em 2013, embora comece a ter dúvidas. Uma das suas incertezas está relacionada ao próprio patamar elevado da inflação. Segundo ele, se o governo não tivesse adotado várias medidas para reduzir o IPCA, este índice de preços teria estourado o teto de 6,5% no ano passado. Além disso, o índice de difusão do IPCA-15 de janeiro atingiu a marca de 75%, patamar muito alto. "A minha suspeita é de que, se a Selic subir, será no fim do ano e muito pouquinho, 100, 150 pontos-base. E (o BC) vai achar que isso vai dar", destacou.

Schwartsman ressaltou que o Banco Central não é autônomo e está certo de que o BC não quer subir juros na magnitude necessária para reduzir o ritmo da demanda agregada, com o aumento do desemprego, faltando pouco tempo para o acirramento da corrida presidencial de 2014.

Segundo ele, para que o IPCA convergisse à meta de 4,5% seria necessário que os juros básicos aumentassem para 10% ou 11% ao ano, o que levaria a taxa de desemprego para 6% ou até 7%. "Essa taxa não pode ficar em 5%. Hoje estamos gerando aumentos salariais que são incompatíveis com o aumento da produtividade e com a inflação na meta", destacou. A taxa média de desemprego em 2012 ficou em 5,5%.

"Mas eu acho que o custo político de levar a inflação para a meta não se paga. Teria que ser um banco central que não tivesse preocupação política na cabeça. Desconfio que ele tem", disse o ex-diretor da autoridade monetária. "O BC não é autônomo. Se fosse autônomo, a preocupação seria a inflação. A preocupação dele é com o ciclo político. No período que eu estive lá era autônomo", comentou.

Preços


Em palestra realizada no Insper, Schwartsman destacou que, com o mercado de trabalho apertado, os salários nominais estão subindo muito, em vários casos ao redor de 10%, ante uma alta da produtividade que oscila há vários anos entre 1% e 1,5%. Tal fato, segundo ele, está gerando aumento de custos para boa parte das empresas. "E isto está sendo repassado aos preços, especialmente em serviços", destacou.

Segundo Schwartsman, o Banco Central obedece à lógica do governo na qual o controle de preços é a última prioridade. Para ele, a política econômica é conduzida pela seguinte ordem: "Câmbio a R$ 2, crescimento de 4%, juros de 7% e a inflação seja o que Deus quiser."

De acordo com o ex-diretor do Banco Central, a estabilidade da economia está ameaçada devido à decisão "errada" do governo de abandonar os três pilares que viabilizaram um crescimento médio do País ao redor de 4% entre 2003 e 2010: inflação na meta, câmbio flutuante e geração forte de superávit primário para diminuir a dívida pública ante o PIB.

Como a inflação ronda os 6%, o câmbio é controlado e os gastos do governo estão subindo para estimular o nível de atividade, ele acredita que o País registra um equilíbrio econômico ruim: inflação muito elevada e crescimento bastante baixo. Nesse contexto, os investimentos devem ter ficado abaixo de 19% do PIB no ano passado. "Hoje, o nosso PIB potencial está em 3%, talvez 2,5%", afirmou.


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