Depois de inaugurar duas casas em São Paulo e preparar o lançamento de uma unidade na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e de outra em Santo André, no ABC Paulista, a rede norte-americana Hooters procura um imóvel em Belo Horizonte para abrir sua quinta filial no país. Conhecida mundialmente por apresentar garçonetes trajadas com shorts curtos e camisetas decotadas, a rede tem por contrato a meta de inaugurar a cada ano pelo menos duas casas no país e a capital mineira está na lista de preferidas para o investimento, dependendo somente de um local para concluir a negociação.
A dificuldade encontrada se deve à necessidade de o estabelecimento ter pelo menos 500 metros quadrados de área, sendo o ideal 600 metros quadrados, além de pé-direito alto e grande espaço para a cozinha. Uma boa opção podem ser os shoppings centers, mas, no caso de BH, os dois principais concorrentes já estão presentes em dois dos maiores centros comerciais. O Applebee's está presente no BH Shopping e o Outback no Pátio Savassi. Com isso, a saída pode ser mesmo uma loja de rua em um bairro da Região Centro-Sul. “São parâmetros técnicos obrigatórios, o que nos faz entrar em um funil”, afirma o presidente da Hooters no Brasil, Marcel Gholmieh.
Se as exigências técnicas são rígidas, a rede passa por adaptações mais sutis ao formato brasileiro. Entre outros, as famosas garotas Hooters devem ficar em segundo plano. Numa tentativa de tornar o ambiente mais “familiar”, apesar de manter as moças, a rede deve ter o foco voltado para a transmissão de eventos esportivos (jogos de golfe, basquete, futebol americano e, claro, futebol) e a elaboração de cardápio diferenciado. O famoso cartão com a garçonete deitada sobre o capô de um carro não foi adotado por aqui e foi criado um espaço kids para a diversão de crianças, com videogame e DVD. Mesmo com as modificações, as duas casas paulistanas têm público majoritariamente masculino. Os homens da clientela chegam a representar dois terços de uma das unidades.
Em São Paulo, por exemplo, as unidades ganharam o famoso pastelzinho, que se tornou o segundo item mais pedido e será incorporado ao cardápio das lojas de Cingapura. Na conferência da rede, que será realizada no México, o produto também será apresentado, podendo ser comercializado em outras unidades da América Latina com a bandeira do Brasil. A caipirinha também entrou na lista de bebidas. “Se tivermos uma grande demanda por um prato tipicamente mineiro, podemos acrescentá-lo ao cardápio”, afirma Gholmieh, ressaltando que a aprovação dos pastéis pela Hooters of America foi bastante demorada.
Tropical
Aproximadamente um terço do menu foi adaptado aos costumes brasileiros. Outra novidade da chamada tropicalização do cardápio é a definição opções para almoço, em vez da venda exclusiva de porções, como se dá nos Estados Unidos e outros países, com refeições que variam de R$ 24,90 a R$ 34,80 (para crianças o preço é de R$ 17). “No Brasil, não há o costume de almoçar junk food todos os dias. Criamos alternativas ao gosto brasileiro”, explica o presidente da Hooters Brasil.
No ano passado, a rede faturou R$ 13 milhões no Brasil, com a unidade da Vila Olímpia tendo operado o ano inteiro e a do Shopping Mooca somente no segundo semestre – ambas na capital paulista. Neste ano, a expectativa é de que os valores dobrem. Além de Belo Horizonte, a Hooters deve criar unidades em Vitória (ES) e nas principais cidades-sede da Copa’2014. Depois das lojas localizadas nos Estados Unidos, a unidade da Vila Olímpia é a terceira com maior faturamento no mundo, atrás somente das de Tóquio e Cingapura.