Território alimentado pelos petrodólares, o sultanato de Omã, no Oriente Médio, abre as fronteiras este mês para o artesanato de Minas Gerais. Pela primeira vez, os trabalhos de artesãos do estado serão expostos na Península Arábica, a convite do próprio governo de Omã, no evento mais famoso do país, o Muscat Festival, que reúne na capital Mascate atividades culturais, gastronomia, arte e dança. A iniciativa é algo novo na balança de comércio do Brasil com o sultanato, comandada pelas exportações brasileiras de minério de ferro, aviões e carnes, totalizando uma cifra de US$ 1,128 bilhão no ano passado. Na via das importações, o mercado nacional recebeu sardinhas congeladas, mármores e pisos, entre outros produtos, avaliados em modestos US$ 3,8 milhões em 2012.
Para representar a riqueza do artesanato mineiro, de 12 a 28 deste mês, peças moldadas em pedra-sabão, flores confeccionadas com tecidos e bambu e objetos de arte indígena foram selecionados pela instituição que organiza a participação mineira em estande do Brasil no festival, o Instituto Centro Cape, braço do Mãos de Minas, maior central de cooperativas de artesãos de Minas. A oportunidade para abertura de um canal de exportações é animadora, segundo Malu Drumond, coordenadora do setor de exportações do instituto. As vendas da arte popular mineira no exterior estão distribuídas entre países da Europa e os Estados Unidos.
“O objetivo da missão é prospectar o mercado do Oriente Médio, dentro de uma estratégia de diversificação das nossas exportações”, afirma Malu Drumond. As vendas externas do artesanato do Brasil somaram US$ 11,874 milhões em 2012, segundo a Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa), apoiada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Primeira vez
Em Santa Rita de Ouro Preto, distrito da cidade histórica, Júnior Flaviano Mapa, da Art Pedras, faz parte da terceira geração da família de artesãos que moldam panelas, jogos, fontes e chafarizes em pedra-sabão. Além de Minas, a produção é distribuída no Rio e em São Paulo . “A participação em Omã é uma oportunidade que nunca tivemos e que permite abrir mercados”, afirma. Evandro Baccara Kelmer, dono da oficina Moitará Arte Indígena, em Tiradentes, na Região Central trabalha há mais de 20 anos com comunidades de Minas e do Norte do Brasil. Seus trabalhos já foram exportados para Espanha, Bélgica, Estados Unidos e Alemanha.