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Estado de Minas

O fenômeno do vinho Toro Loco

Versão Tempranillo 2011 do vinho espanhol, que ganhou fama repentina em renomada disputa internacional, custa R$ 11,70 lá fora e já está nas mesas de 20 restaurantes de Minas


postado em 06/10/2012 06:00 / atualizado em 06/10/2012 07:19

Jovem e até então desconhecido pelos apreciadores de vinho, o espanhol Toro Loco Tempranillo 2011 virou uma febre no mercado mundial. A fama repentina é atribuída à competição internacional de vinhos e destilados (International Wine & Spirits Competition – IWSP) que ocorreu no início do ano na Inglaterra. Durante teste cego realizado por jurados renomados, o vinho de 3,59 libras – cerca de R$ 11,70 – levou a medalha de Prata, batendo concorrentes até 10 vezes mais caros. Na capital, o espanhol já é servido em cerca de 20 restaurantes há pelo menos 20 dias a um preço médio de R$ 40.

“Somente na primeira remessa para Minas Gerais, foram vendidas 7 mil garrafas, um número expressivo”, afirma o responsável pela Wine no estado, Pablo Teixeira. A empresa de comércio eletrônico detém exclusividade na comercialização do vinho no país. Diariamente, a reposição do Toro Loco nas casas mineiras, que ainda incluem as cidades de Uberlândia (Triângulo) e Juiz de Fora (Zona da Mata), chega a uma média de 360 unidades. “Há pessoas que compram as garrafas nos restaurantes e levam para casa”, conta Teixeira.

No restaurante diVino, apenas um cliente fez reserva de 24 garrafas. “Inicialmente tínhamos encomendado 48 unidades. Mas antes mesmo de o pedido chegar, havíamos ampliado o volume para 120”, conta o gerente e sommelier da casa, Filipe Carvalho Brum. Adquirido por R$ 20 do representante, o vinho, entre os melhores do mundo segundo a competição inglesa, chega à mesa do consumidor por R$ 40, faixa de preço de maior acessibilidade entre os integrantes das cartas de vinhos. “Incluímos entre as opções principalmente pelo apelo do prêmio. Acreditávamos que as primeiras 48 garrafas seriam vendidas em um mês. Em menos de 20 dias, já foram comercializadas cerca de 60”, calcula Brum.

Balanço de vendas da Wine revela que, somente nos dois primeiros meses foram vendidas no Brasil 300 mil garrafas do espanhol ao preço de R$ 25 para o consumidor final. Para o diretor de TI e marketing e um dos fundadores da Wine, Anselmo Endlich, este é um dos maiores fenômenos de que ele tem conhecimento. “Nunca ouvi falar disso no varejo brasileiro (venda de 300 mil garrafas em tão pouco tempo), seja no físico ou no e-commerce”, comenta. No total, cerca de 30 contêineres vieram para o Brasil da região Utiel-Requena, província espanhola de Valência, onde o tempranillo é produzido.

A chancela do IWSP não impede que muitos especialistas considerem o fenômeno Toro Loco uma das maiores jogadas de marketing do segmento. “E também um modismo. De tempos em tempos, há vinhos que ficam em evidência”, pondera o diretor da Fine Food Vinhos e Alimentos, Magnus Piacenza Moraes. O blogueiro Luiz Cola, reconhecido apreciador de vinhos, chegou a descrever o vinho como “inócuo, sem quaisquer aromas de destaque, praticamente inexpressivo no palato e com um fim de boca simplesmente inexistente, curtíssimo”.

Efeito da crise

O engenheiro e consultor de vinhos Márcio Oliveira pretende degustar sua primeira garrafa neste fim de semana, mas de antemão faz algumas ponderações. “A Espanha está em uma situação econômica muito difícil e há vinhos de altíssima qualidade sendo vendidos a preço de custo. Rótulos que facilmente chegariam a casa de R$ 200 a R$ 250 aqui no Brasil, podem ser comprados por R$ 50 a R$ 60”, pondera ao ser questionado sobre o preço extremamente acessível do Toro Loco.

Além disso, reconhece que fenômenos semelhantes já ocorreram. “O Bordeaux Reignac, no ano de 2009 em uma competição às cegas na França, ficou em segundo lugar, à frente de vinhos que custavam 100 vezes mais. Hoje, ele custa 14 euros”, conta. “É preciso checar se a qualidade é persistente ou se se trata realmente de um fenômeno passageiro”, pondera. É o desafio que o Toro Loco deverá enfrentar a partir de agora para que, como descreve Márcio Oliveira, também integrante da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (Sbav), não se torne apenas um cometa no mercado de vinhos.


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