Engenheiro-chefe da equipe que construiu Belo Horizonte, Aarão Reis acreditou que a capital mineira, inaugurada em 1897, chegaria aos 100 anos com uma frota em torno de 100 mil veículos. Sua conta ficou bem aquém: mais de 400 mil carros, motos, ônibus e caminhões trafegam diariamente apenas no perímetro interno da Avenida do Contorno. Em toda a cidade já há quase 1,5 milhão de motores. O caos no trânsito não é o único problema enfrentado pelos motoristas: o preço dos estacionamentos particulares disparou nos últimos anos. De agosto de 2007 ao mesmo mês de 2012, segundo pesquisa feita pelo Mercado Mineiro a pedido do Estado de Minas, o valor médio cobrado pela hora subiu 111,2%, de R$ 3,93 para R$ 8,30.
No mesmo intervalo, a inflação na cidade, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e elaborada pela Fundação Ipead/UFMG, foi de “apenas” 30,36%. A comparação mostra que abrir um estacionamento particular em BH é sinônimo de lucro garantido. Primeiro, porque a demanda pelo serviço não para de crescer. O melhor indício para isso é a evolução da frota, que aumentou 51,5% entre agosto de 2007 e o mês passado, de 977.305 unidades para 1.480.690 carros, motos, caminhões, ônibus e outros, segundo balanço do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Apenas a quantidade de carros cresceu 46,5% em igual intervalo, de 701,7 mil para 1,029 milhão. Resultado: todas as cobranças feitas pelos estacionamentos privados subiram bem mais do que a inflação do período. Além do salto de 111,2% no valor médio da hora, houve aumento significativo na fração de 15 minutos (82,44%), de R$ 1,31 para R$ 2,39. Para estacionar o veículo por meia hora, o valor subiu 94,27%, de R$ 2,27 para R$ 4,41. O gasto com a diária cresceu 96,97%, de R$ 14,83 para R$ 29,21. O da mensalidade atingiu percentual semelhante (96,28%), de R$ 133,93 para R$ 262,88.
Vale lembrar que as tabelas cobradas pelas empresas apresentam diferenças bem mais alarmantes, se confrontados o maior e o menor valor. No caso da diária, por exemplo, o índice chega a 455,56%, com o mínimo a R$ 18 e o máximo, R$ 100. “Há grandes diferenças de preços entre os estabelecimentos. Portanto, às vezes, vale a pena o condutor dirigir alguns quarteirões a mais para pesquisá-las”, recomendou Feliciano Abreu, diretor-executivo do site Mercado Mineiro.
LUCRO CERTO Apesar da importância do setor e do bom momento que ele atravessa, não há estatísticas oficiais acerca da quantidade de vagas privadas exploradas pelas empresas na capital. Mas não há dúvidas de que o ramo é sinônimo de lucro certo. Tanto que novas empresas ávidas pelo filão não param de surgir na capital. No Bairro Floresta, na Região Leste, uma firma de São Paulo, dona de uma área na esquina da Avenida Francisco Sales com a Rua Geraldo Teixeira da Costa, onde funcionava uma empresa que prestava serviços de vistoria e perícia em veículos, já colocou uma faixa oferecendo vagas noturnas.
“Com o fim do serviço de vistoria e perícia, a empresa responsável pelo terreno está pensando se durante o dia vai usar o espaço para oficina de martelinho de ouro ou estacionamento. À noite, porém, será para estacionamento. Cada vaga custa R$ 200”, informou o funcionário do local, José Artur Ferraz. Perto dali, próximo à Rua Itajubá, Rodrigo Oliveira trabalha num estacionamento inaugurado há cerca de três anos e onde a mensalidade é de R$ 195. Para quem não é do ramo, o curioso é que, das 19h às 7h, horário em que não há funcionários no local, segundo Rodrigo, os clientes que pagam mensalidade têm um controle remoto para abrir e fechar o portão.
Mais oferta,para tentar reduzir preço
No Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH e onde não há quarteirões com o Faixa Azul, a famosa casa de dança Phoenix foi fechada e, no local, foi aberto um estacionamento, cuja mensalidade é de R$ 150. Na prática, a nova empresa sugere que, assim como a Região Centro-Sul, a falta de vagas de estacionamento em via pública pode ser uma tendência fora do perímetro da Avenida do Contorno.
Para melhorar o trânsito na capital e ao mesmo tempo “forçar” algumas empresas a reduzir os preços, a prefeitura vai abrir licitação para a criação de oito estacionamentos subterrâneos. Serão quase 3,5 mil vagas. A expectativa é de que os empreendimentos sejam inaugurados antes da Copa do Mundo de 2014. As vagas serão gerenciadas pela iniciativa privada, que vai desembolsar o custo das obras. O preço da hora deve ficar em torno de R$ 7,90.
A folha do chamado Faixa Azul, implantado em 1976 e requisito para o motorista estacionar o carro em vagas autorizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, também subiu mais do que a inflação na capital entre 2007 e 2012, mas num percentual pouco acima do IPCA: 31,8%. Cada unidade, comprada em bancas de jornais e revistas e emoutros pontos credenciados pelo município, passou de R$ 2,20 para R$ 2,90. O bloco com 10 unidades foi de R$ 22 para R$ 29 alta também de 31,8%.
Alguns detalhes, porém, precisam ser levados em conta. Se de um lado o condutor é beneficiado com o baixo preço, quando comparado com o praticado pelos estacionamentos particulares, do outro, a administração municipal aumentou em 52% o total de quarteirões com o Faixa Azul nos últimos cinco anos, de 523 para 795 quadras. A ampliação do sistema elevou em 54,4% o número de vagas físicas em que a folha é o passaporte para que o condutor estacione seu carro.
Elas foram de 13.563 para 20.943 unidades. A prefeitura explica que o rotativo “é implantado onde a quantidade de veículos que necessitam estacionar é maior que o número de vagas físicas disponíveis” e que “se trata de um instrumento de política urbana adequado à melhoria da circulação na via e à democratização do uso de espaços públicos”.
A BHTrans recorda que, desde abril de 2008, as folhas de rotativo possuem uma área especial com um bônus destinado ao estacionamento gratuito por até 30 minutos. Ainda afirma que a receita do Faixa Azul é “aplicada em melhorias do sistema viário da cidade, como manutenção e implantação de sinalização, operação de tráfego, fiscalização do trânsito e programas de segurança e educação”. (PHL)
No mesmo intervalo, a inflação na cidade, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e elaborada pela Fundação Ipead/UFMG, foi de “apenas” 30,36%. A comparação mostra que abrir um estacionamento particular em BH é sinônimo de lucro garantido. Primeiro, porque a demanda pelo serviço não para de crescer. O melhor indício para isso é a evolução da frota, que aumentou 51,5% entre agosto de 2007 e o mês passado, de 977.305 unidades para 1.480.690 carros, motos, caminhões, ônibus e outros, segundo balanço do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Apenas a quantidade de carros cresceu 46,5% em igual intervalo, de 701,7 mil para 1,029 milhão. Resultado: todas as cobranças feitas pelos estacionamentos privados subiram bem mais do que a inflação do período. Além do salto de 111,2% no valor médio da hora, houve aumento significativo na fração de 15 minutos (82,44%), de R$ 1,31 para R$ 2,39. Para estacionar o veículo por meia hora, o valor subiu 94,27%, de R$ 2,27 para R$ 4,41. O gasto com a diária cresceu 96,97%, de R$ 14,83 para R$ 29,21. O da mensalidade atingiu percentual semelhante (96,28%), de R$ 133,93 para R$ 262,88.
Vale lembrar que as tabelas cobradas pelas empresas apresentam diferenças bem mais alarmantes, se confrontados o maior e o menor valor. No caso da diária, por exemplo, o índice chega a 455,56%, com o mínimo a R$ 18 e o máximo, R$ 100. “Há grandes diferenças de preços entre os estabelecimentos. Portanto, às vezes, vale a pena o condutor dirigir alguns quarteirões a mais para pesquisá-las”, recomendou Feliciano Abreu, diretor-executivo do site Mercado Mineiro.
LUCRO CERTO Apesar da importância do setor e do bom momento que ele atravessa, não há estatísticas oficiais acerca da quantidade de vagas privadas exploradas pelas empresas na capital. Mas não há dúvidas de que o ramo é sinônimo de lucro certo. Tanto que novas empresas ávidas pelo filão não param de surgir na capital. No Bairro Floresta, na Região Leste, uma firma de São Paulo, dona de uma área na esquina da Avenida Francisco Sales com a Rua Geraldo Teixeira da Costa, onde funcionava uma empresa que prestava serviços de vistoria e perícia em veículos, já colocou uma faixa oferecendo vagas noturnas.
“Com o fim do serviço de vistoria e perícia, a empresa responsável pelo terreno está pensando se durante o dia vai usar o espaço para oficina de martelinho de ouro ou estacionamento. À noite, porém, será para estacionamento. Cada vaga custa R$ 200”, informou o funcionário do local, José Artur Ferraz. Perto dali, próximo à Rua Itajubá, Rodrigo Oliveira trabalha num estacionamento inaugurado há cerca de três anos e onde a mensalidade é de R$ 195. Para quem não é do ramo, o curioso é que, das 19h às 7h, horário em que não há funcionários no local, segundo Rodrigo, os clientes que pagam mensalidade têm um controle remoto para abrir e fechar o portão.
Mais oferta,para tentar reduzir preço
No Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH e onde não há quarteirões com o Faixa Azul, a famosa casa de dança Phoenix foi fechada e, no local, foi aberto um estacionamento, cuja mensalidade é de R$ 150. Na prática, a nova empresa sugere que, assim como a Região Centro-Sul, a falta de vagas de estacionamento em via pública pode ser uma tendência fora do perímetro da Avenida do Contorno.
Para melhorar o trânsito na capital e ao mesmo tempo “forçar” algumas empresas a reduzir os preços, a prefeitura vai abrir licitação para a criação de oito estacionamentos subterrâneos. Serão quase 3,5 mil vagas. A expectativa é de que os empreendimentos sejam inaugurados antes da Copa do Mundo de 2014. As vagas serão gerenciadas pela iniciativa privada, que vai desembolsar o custo das obras. O preço da hora deve ficar em torno de R$ 7,90.
A folha do chamado Faixa Azul, implantado em 1976 e requisito para o motorista estacionar o carro em vagas autorizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, também subiu mais do que a inflação na capital entre 2007 e 2012, mas num percentual pouco acima do IPCA: 31,8%. Cada unidade, comprada em bancas de jornais e revistas e emoutros pontos credenciados pelo município, passou de R$ 2,20 para R$ 2,90. O bloco com 10 unidades foi de R$ 22 para R$ 29 alta também de 31,8%.
Alguns detalhes, porém, precisam ser levados em conta. Se de um lado o condutor é beneficiado com o baixo preço, quando comparado com o praticado pelos estacionamentos particulares, do outro, a administração municipal aumentou em 52% o total de quarteirões com o Faixa Azul nos últimos cinco anos, de 523 para 795 quadras. A ampliação do sistema elevou em 54,4% o número de vagas físicas em que a folha é o passaporte para que o condutor estacione seu carro.
Elas foram de 13.563 para 20.943 unidades. A prefeitura explica que o rotativo “é implantado onde a quantidade de veículos que necessitam estacionar é maior que o número de vagas físicas disponíveis” e que “se trata de um instrumento de política urbana adequado à melhoria da circulação na via e à democratização do uso de espaços públicos”.
A BHTrans recorda que, desde abril de 2008, as folhas de rotativo possuem uma área especial com um bônus destinado ao estacionamento gratuito por até 30 minutos. Ainda afirma que a receita do Faixa Azul é “aplicada em melhorias do sistema viário da cidade, como manutenção e implantação de sinalização, operação de tráfego, fiscalização do trânsito e programas de segurança e educação”. (PHL)