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Estado de Minas

Taxa administrativa corrói rentabilidade

Em tempos de juros baixos e novas regras na poupança, o custo de administração dos fundos é o segredo para a rentabilidade. Um por cento pode alterar montante final em 45% em 30 anos


postado em 27/07/2012 06:00 / atualizado em 27/07/2012 08:05

Em tempos de taxa básica de juros no menor patamar histórico – 8% ao ano –, receber bons rendimentos em aplicações de renda fixa que ainda superem os ganhos da poupança se torna uma tarefa cada vez mais árdua. Rentabilizar mais ou menos a carteira de investimentos passa, necessariamente, por uma avaliação rigorosa das taxas de administração cobradas por bancos e corretoras, que, em alguns casos, são capazes de corroer quase 50% dos juros acumulados em um ano. Com imposto de renda (IR) de pelo menos 15%, dificilmente esses produtos conseguem bater a caderneta de poupança.

Empenhadas em manter a atratividade da renda fixa, as instituições financeiras iniciaram em maio uma onda de corte dos custos das aplicações em vigor há quase dois meses. Ainda assim, têm tarifação – como é o caso do hiperfundo referenciado DI do Bradesco (veja quadro) – que pode chegar a 4,5% ao ano, contra um rendimento que, em 2012, acumula alta de apenas 2,80% (já descontado o custo administrativo). A poupança, por sua vez, registra variação de 4,45% nos oito primeiros meses do ano, percentual 60% superior. Há, por outro lado, opções que não apenas rendem mais pela performance, como também possuem taxas que não ultrapassam 1% ao ano. Pesquisar é o primeiro passo para ter acesso a alternativas mais vantajosas, muitas vezes disponíveis fora dos bancos.

O presidente da corretora XP Investimentos, Guilherme Benchimol, alerta sobre a importância de buscar economia. No caso de reduzir em 1,25% os gastos com taxa de administração, o investidor acumulará, no final de 30 anos, 45% a mais de capital. “Será a diferença entre ganhar R$ 1 milhão ou R$ 1,45 milhão. É quase 50% em 30 anos”, calcula Benchimol, ao exemplificar a peso das taxas.

Na prática, um fundo DI do Itaú, com taxa administrativa de 2,5% ao ano e rentabilidade de 25% em três anos, renderia R$ 2.000,07 a um investimento de R$ 10 mil. Aplicando o mesmo valor em um fundo DI, desta vez do BTG Pactual, disponível entre as principais corretoras do mercado, os ganhos subiriam para R$ 3.491,03 no mesmo período, volume quase 75% maior. A taxa da segunda opção é de 1%, o que ajuda a elevar os rendimentos para 34,9% em 36 meses.

Em geral, é nas corretoras independentes que se tem acesso a produtos mais baratos. “Por terem estruturas mais enxutas e direcionarem o negócio da empresa para investimentos, as corretoras independentes tendem, sim, a apresentar taxas mais competitivas”, garante José David Martins Júnior, diretor superintendente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord).

Jean Sigrist, diretor da Itaú Corretora para pessoa física e diretor de distribuição direta de investimentos do banco, reconhece essa tendência e confere justamente à estrutura oferecida aos clientes a razão da discrepância. “O Itaú oferece tecnologia, conteúdo e uma estrutura de análise e informação que não se restringe apenas à execução dos investimentos”, explica. “Há um grande aconselhamento financeiro e uma equipe extensa de análise do mercado”, acrescenta.

Carlos Massaru Takahashi, diretor presidente do BB Gestão de Recursos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A do Banco do Brasil, reforça o posicionamento. “Em razão do tamanho do público e do tipo de produto, algumas corretoras acabam apresentando possibilidade de taxas de administratação menor. Existe todo um trabalho de uma asset ligada a um grande banco e um custo de infraestrutura maior também”, pondera.

Grandes pagam menos

Nos fundos de renda fixa dos bancos, quanto maior o volume a ser aplicado, menores são os custos para o investidor. No Bradesco, as taxas caem de 4,5% para 0,7% ao ano – 85% mais barato – entre aqueles que aplicam a partir de R$ 100 e aqueles mais qualificados, que possuem recursos superiores a R$ 150 mil. Nos demais acontece o mesmo. Para passar de 4,0% a 1,5% ao ano em fundos do Santander, é preciso sair de meros R$ 1 em depósitos, para R$ 10 mil.

“Há casos em que esse percentual cai para 0,2% ao ano. Mas para ter acesso a esse fundo é preciso investir R$ 500 mil”, afirma Lucas Radd, economista e planejador financeiro pessoal da WG Finanças Pessoais. As corretoras têm acesso a produtos voltados para investidores mais qualificados.

O especialista diz que, para ser correntista do banco BTG Pactual, por exemplo, o investidor deve ter capital inicial acima de R$ 2 milhões. No entanto, há produtos voltados para renda fixa com volume de entrada exigido de R$ 3 mil, com taxa anual de 1%, que são oferecidos pelas corretoras.

No Banco do Brasil, esse cenário já mudou. Carlos Massaru Takahashi, diretor presidente do BB Gestão de Recursos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários lembra que recentemente foi colocado no mercado o BB Renda Fixa LP 50 mil, que exige depósito inicial de apenas R$ 1, com taxa de administração de 1% ao ano. “Esse é um dos caminhos para o novo cenário de taxa de juros.”


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