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Estado de Minas

Lojas e shoppings da capital antecipam temporada de descontos


postado em 18/07/2012 06:00 / atualizado em 18/07/2012 07:40

Enquanto o clima promete uma semana de baixas temperaturas os lojistas querem fazer frente a outro clima que está ruim, o da economia. Com as compras da estação ainda na prateleira, o comércio de Belo Horizonte antecipou as liquidações de inverno, que este ano chegaram bem mais cedo, com um mês de antecedência. Logo na primeira semana de julho mais de 40% das lojas da capital já estampavam nas vitrines descontos de até 70%, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH).

Ana Paula Barroso diz que estratégia de oferecer ofertas em julho refletiu em vendas melhores(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Ana Paula Barroso diz que estratégia de oferecer ofertas em julho refletiu em vendas melhores (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

Os cortes nos preços, que no passado eram marcados para a segunda quinzena de agosto, já estão nas ruas. Nos shoppings os lojistas também se anteciparam às tradicionais campanhas promovidas pelos centros de compras, alavancando os resultados de julho. Em maio o comércio varejista fechou com retração de 1,3% em relação a abril, segundo pesquisa mensal do comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os negócios já estavam frios naquele mês. Agora, a ideia é convencer o consumidor voltar às compras pelo preço.

 Em Belo Horizonte, o Boulevard Shopping, que no ano passado teve sua campanha conjunta de promoções – batizada de off price – realizada em agosto, decidiu começar amanhã a liquidação que prossegue até domingo. “Como este ano praticamente não tivemos inverno os estoques ainda estão bem cheios. Com a promoção, o volume de vendas deve crescer 40%, em relação aos quatro dias de promoção do ano passado”, aposta Daniel Viera, gerente de Marketing do Boulevard.

A pressa dos lojistas em girar o estoque ocorre em um momento de crescimento do endividamento das famílias e revisão para baixo no crescimento da economia. Neste ano, analistas apostam em um crescimento inferior a 3%. “As liquidações começaram no primeiro dia de julho, como reflexo do desaquecimento do varejo”, diz Nadim Donato, presidente do Sindilojas. Segundo ele, a queda nas vendas está muito mais ligada ao desempenho do país do que ao clima. “A aposta do setor está no segundo semestre, que deve garantir ao comércio da capital crescimento próximo a 5% no ano.”

Reduções

De frente para vitrines que exibem cortes tentadores de preços, a vendedora Daniella de Pinho Tavares decidiu antecipar para ontem as compras de roupas de inverno dos gêmos Ian e Daniel. Aos sete anos, os meninos ganham roupas novas de frio uma vez ao ano, e com a temporada de liquidações Daniella espera economizar cerca de 40%. Ela calcula que o desembolso, que seria próximo a R$ 300, deve ser de aproximadamente R$ 180.

Há 10 dias a loja de roupas femininas Zinzane iniciou a temporada de cortes nos preços e comemora os resultados da estratégia. A gerente Ana Paula Barroso diz que a política de promoções é constante na rede, que tem fabricação própria. Mas ela diz que até domingo 80% dos itens vendidos na loja vão estar com preços menores. Segundo a gerente, grandes liquidações têm efeito parecido com o de lançamento de coleções. “Acredito que as vendas já cresceram 30% nesse período.”

O Shopping Cidade anunciou sua campanha de promoções, que recebe o nome de Bazar de Inverno, para o período de 24 a 26 de agosto, mas segundo a gerente de marketing, Carolina Vaz, 40% das lojas do centro de compras já estão com ofertas. “Tradicionalmente o shopping realiza um grande queimão depois dos Dias dos Pais.” Antes disso, Carolina admite que os lojistas apressam o giro da mercadoria.

Maria Auxiliadora de Souza, presidente da Associação dos Lojistas da Savassi, diz que o fraco desempenho da economia aliado ao clima, que ainda não trouxe o frio esperado, empurrou as promoções. “A economia está muito recessiva e para quitar os compromissos os lojistas preferiram não arriscar e esperar pela chegada do frio.”
Talmo de Paula e Renata Silva estão de olho nas oportunidades, mas vão esperar agosto(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Talmo de Paula e Renata Silva estão de olho nas oportunidades, mas vão esperar agosto (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

A bancária Renata da Silva e o administrador de empresas Talmo de Paula passeiam no shopping de olho nas vitrines. Os consumidores reconhecem que as promoções são estratégias quase imbatíveis: dão fôlego ao consumo mesmo quando a compra não está necessariamente na pauta. “Se encontrar alguma coisa que preciso, vou comprar, mas prefiro esperar agosto quando os preços vão estar ainda menores”, diz o empresário.

O BH Shopping, Diamond Mall e Pátio Savassi vão anunciar hoje a data de sua liquidação conjunta chamada Lápis Vermelho, que a princípio está prevista para agosto. O Minas Shopping ainda não definiu a data de sua promoção e o Shopping Del Rey e Shopping Estação BH informaram que vão realizar a liquidação Ponto Mix depois que o mês terminar, em data ainda não definida.

Reação aos resultados menores

O comércio varejista no Brasil e em Minas vem apresentando as menores taxas de crescimento desde o início do semestre. Para se ter ideia, o segmento que reúne vestuário, calçados e tecidos, grande alvo das promoções do varejo, apresentou um aumento de 10% no volume de vendas em fevereiro, considerando o percentual acumulado em 12 meses. Em maio, a variação no mesmo período despencou para 3,6%. O resultado do comércio varejista em Minas também foi freado, passando de 11,9% em fevereiro para 8,4% em maio, considerando a variação dos últimos 12 meses. Aí está outra justificativa para a antecipação das liquidações de inverno.

O analista do IBGE em Minas, Antônio Braz, aponta que os resultados do setor mostram um ajuste à nova realidade da economia brasileira, que vem sofrendo revisão para baixo na expectativa de crescimento, o que somado a indicadores importantes como a alta na inadimplência tem deixado os consumidores mais precavidos. Apesar da perda de ritmo, o comércio ainda mostra taxas positivas de crescimento, em relação a outros segmentos da economia. Segundo Braz, como o consumo continua aumentando acima do Produto Interno Bruto (PIB) o comércio deve fechar o ano em um patamar acima do registrado para a economia do país. (MC)


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