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Estado de Minas

Indústria mineira teme crescimento menor da China


postado em 06/05/2012 07:08 / atualizado em 06/05/2012 07:57

Guanxi, Brasil! A expressão que abre as portas para os investidores forasteiros no mundo dos negócios chinês, selando uma “relação próxima e de confiança”, ganha ares de mantra para empresas mineiras e brasileiras, depois do freio imposto à economia do gigante asiático. As exportações de Minas Gerais com destino à China caíram 15,6% no primeiro trimestre e os embarques do Brasil aumentaram modestos 10,6%, ante a farta variação de 43,9% registrada em 2011. Foi só um ajuste ou o crescimento menor do principal parceiro comercial de Minas e um dos maiores da economia brasileira já mostra um futuro bem mais modesto nessas relações?

De janeiro a março, a economia chinesa cresceu 8,1%, mostrando desaceleração frente à expansão de quase 9% no quarto trimestre de 2011. As exportações pesaram no resultado, que baixou pela quinta vez. A retração foi sentida nas vendas de Minas Gerais para o país, ao somarem US$ 2,129 bilhões. O corte de quase US$ 400 milhões frente as exportações no ano passado preocupa não só pela intensidade, mas tendo em vista que o mercado chinês lidera os destinos dos produtos embarcados pelo estado ao exterior. Segundo parceiro de Minas, os Estados Unidos compraram só 35,5% (US$ 756,4 milhões) do valor gasto pelos chineses com itens mineiros, seguidos da Argentina, Japão e Países Baixos.

Na balança de comércio do Brasil, as exportações para a China alcançaram US$ 7,9 bilhões no trimestre, representando uma variação 33 pontos percentuais abaixo do aumento de 2010 para 2011, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Exportadores e importadores chineses e brasileiros e especialistas ouvidos pelo Estado de Minas passaram a trabalhar num novo contexto de queda do fluxo de produtos entre os dois países e buscam opções para reduzir a dependência da oferta chinesa. As estratégias passam pela exploração de outros mercados na Ásia, a exemplo de Cingapura, Indonésia e Malásia, e pela abertura de canais de vendas de artigos sem similar nacional no Brasil.

A redução da demanda chinesa só começou , especialmente, em produtos que Minas é forte exportadora, como minério de ferro e soja, para Tang Wei, diretor geral da Câmara Brasil/China de Desenvolvimento Econômico. “Certamente, esse movimento ocorrerá, mas num segundo momento, acredito num ajuste que muda o modelo de um país dependente de exportações para uma economia mais equilibrada e amparada num mercado de consumo interno mais forte”, afirma.

Com esforço das empresas e do próprio governo brasileiro, Tang Wei acredita que o país pode se aproveitar para exportar à China alimentos e produtos manufaturados, uma necessidade que tende a crescer nesse estágio mais à frente avaliado pelo diretor da Câmara Brasil/China de Desenvolvimento. Uma das boas possibilidades está no comércio de leite e derivados, produtos que os chineses importam em grande quantidade.

Os rumos da outra via de comércio, as importações mineiras e brasileiras com origem na China ainda representam uma incógnita no cenário de crescimento mais baixo do país asiático e de medidas mais restritivas ao ingresso de importados no Brasil. De janeiro a março, as importações seguiram aumentando 38,9% em Minas e 13,9% no Brasil. O interesse dos investidores chineses pelo Brasil e por Minas Gerais não arrefeceu.. As consultas à Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China continuam, segundo Daniel Manucci, diretor regional da instituição em Minas. Independentemente dos rumos da economia chinesa e das exportações e importações brasileiras e mineiras, Manucci observa que o maior problema do Brasil não é a concorrência internacional. “Nós é que não conseguimos criar mecanismos para nos tornarmos mais competitivos no Brasil e no comércio internacional”, afirma.

O grande exportador brasileiro

Com crescimento em valor calcado na alta de preços das commodities, que sobem com base no apetite chinês, não depender tanto assim das exportações para a China, a partir da revisão do crescimento do gigante asiático é a estratégia de quem vende esses produtos para os chineses. Foi a linha de raciocínio da Samarco Mineração, do grupo Vale, que segundo o presidente Ricardo Vescovi, reduziu a participação das exportações para a China. Em 2007, aquele país respondia por 45% de tudo que a Samarco exportava, hoje essa participação gira em torno de 20%. “Diversificamos também para os EUA, Oriente Médio, Europa e África, de modo a criar mais equilíbrio nessa pauta de exportações”.

O pequeno importador do Brasil

Voltar os olhos para países do Sudeste Asiático, como Cingapura, Vietnã, Malásia, Camboja e Indonésia é a perspectiva de diversificação de pequenos importadores como a Team Fly, que traz para o Brasil US$ 50 milhões ao ano em produtos chinenes. “Neste ano o desaquecimento da indústria, fenômeno mundial, se faz sentir muito na China, que sofre diretamente os impactos das crises dos EUA e Europa”, diz Cheng Chia Yi, taiwanesa que vive no Brasil desde a infância e viu bom negócio na consultoria para pequenas e médias empresas brasileiras interessadas em produtos chineses.

O chinês que exporta
Os US$ 30 milhões anuais que o empresário chinês Sheng Zu exporta para o Brasil em tecidos não têm mau tempo no horizonte, segundo ele, que tem nome ocidental Gino. A expectativa é trazer, este ano, 250 contêineres. As medidas anti-dumping já afetaram algumas vezes os produtos que Gino comercializa para seus parceiros brasileiros, mas ele sustenta que a ideia é trazer sempre produtos que não são fabricados por aqui. “É claro que uma ou outra briga haverá, porque são negócios, mas nossa perspectiva é crescer bastante junto com o crescimento do Brasil. E essa é ideia geral entre diferentes industriais de lá”, conta Gino.

Importador que sonha com o varejo

As sobretaxas recentes adotadas pelo governo brasileiro para alguns produtos importados da China e a expansão menor do país asiático preocupam, mas estão longe de desanimar o importador Fernando Nilo sócio da mineira 2 Brasil Trade, criada há seis anos em São José da Lapa, na Grande BH. “São fatos que causam um pouco de apreensão, mas as medidas têm o lado positivo de regular as importações e a nossa empresa vê o Brasil como um mercado muito promissor”, afirma. A importadora vem trabalhando com 150 itens das áreas de beleza e saúde sem similar nacional, o que garante um voo solo mais tranquilo, de acordo com Nilo.


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