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Estado de Minas

Grande BH lidera ranking de crescimento no Brasil

Lista de instituto dos EUA mostra que avanço da região metropolitana foi o maior do país.Com renda e emprego em alta, capital dá salto da 39ª para a 28ª posição entre 200 no mundo


postado em 25/01/2012 06:00 / atualizado em 25/01/2012 06:37

Com base no PIB per capita, estudo do Bookings Institution destacou capital e cidades do entorno(foto: Sidney Lopoes/EM/D.A Press %u2013 24/6/09)
Com base no PIB per capita, estudo do Bookings Institution destacou capital e cidades do entorno (foto: Sidney Lopoes/EM/D.A Press %u2013 24/6/09)

 

Por um lado, grande parte do mundo vai abaixo. Por outro, a Grande Belo Horizonte se destaca entre as cidades brasileiras com o melhor desempenho no ranking global de crescimento. A lista das 200 regiões metropolitanas que mais cresceram no planeta, entre 2010 e 2011 – Global MetroMonitor – foi divulgada pelo Brookings Institution, de Washington (EUA). O quadro de crise na Zona do Euro e nos Estados Unidos baixou o nível de áreas metropolitanas nesses países. A lanterna, por exemplo, está com Atenas, devido aos retrocessos nos níveis de renda e emprego na Grécia.

Critérios como renda e emprego são justamente o que o Brookings considera para determinar o crescimento. Na lista, a Região Metropolitana de Belo Horizonte aparece na 28ª posição, à frente de Brasília (34ª), São Paulo (37ª), Rio de Janeiro (42ª) e Porto Alegre (50ª). Brasília despencou na lista, da 16ª posição no estudo feito entre 2007 e 2010, para a 34ª na pesquisa de 2010-2011. O mesmo se passou com o Rio de Janeiro, que foi de 24º para 42º. Por outro lado, Belo Horizonte deixou a capital paulista para trás, subindo do 39º lugar para o 28º, enquanto São Paulo perdeu apenas uma posição em relação ao estudo anterior, para a 37ª. Porto Alegre avançou da 60ª para a 50ª.

No top 10, quatro cidades chinesas (começando pela campeã Shangai), três turcas e duas árabes. A outra que aparece entre as 10 mais dinâmicas é Santiago, no Chile. É justamente um olhar para os vizinhos mais próximos que pode causar mais inveja. Na comparação com a América Latina, o posicionamento das cidades brasileiras no ranking está abaixo do desempenho registrado em capitais como a chilena (9), Buenos Aires, na Argentina (16), e Lima, no Peru (25).

Uma das pesquisadoras responsável pelos dados, Emilia Istra, minimizou a rivalidade, em conversa por telefone com o Estado de Minas: “Seria muito mais interessante perceber o potencial de colaboração que pode vir a partir daí. A taxa de crescimento no emprego que vocês têm em Belo Horizonte, por exemplo, é algo que nós, aqui (nos EUA), morreríamos para ter”.

De acordo com ela, as regiões metropolitanas são as principais engrenagens da economia, impactam e refletem os dados nacionais. “O Chile e a Argentina cresceram mais que o Brasil no último ano. A desaceleração da economia brasileira é fato, mas é preciso lembrar que a base de vocês em 2010 era muito forte; o PIB per capita da RMBH, variou, naquele ano, 9%. É um ritmo de crescimento muito intenso, difícil de manter”.

Mesmo assim, ela destaca, os números “não são nada de se jogar fora”, especialmente em tempos de recessão em economias como a europeia e a americana. “Nesse sentido, é interessante perceber que se regiões metropolitanas são tradicionalmente molas propulsoras das economias nacionais, percebemos em cenário de recessão que desempenhos como os das cidades brasileiras, todas dentre as 50 que mais crescem, são lastro para o que há de crescimento global atualmente”.

Com metodologia própria, o instituto tabulou informações coletadas pela consultoria Oxford Economics e concluiu que a renda na Grande BH, entre 2010 e 2011, variou 3,1% e o emprego 3,2%. A pesquisadora romena radicada nos EUA explica que as conclusões relativas a 2011 são estimativas: “Coletamos dados de escritórios estatísticos locais das 200 áreas pesquisadas, e os números mais recentes são projetados a partir da taxa de crescimento esperada”.

 

Saiba mais

Que instituto é esse?

O Brookings Institution é uma organização sem fins lucrativos de políticas públicas, baseada em Washington, nos Estados Unidos, dedicada a estudos de ciências sociais, economia global e políticas metropolitanas. Fundado em 1919, como a “primeira organização privada dedicada a analisar questão de política pública em nível internacional”, ganhou renome ao dimensionar a Grande Depressão para o governo do presidente Roosevelt, e em 1948 preparou estudo detalhado para a administração do Programa Europeu de Recuperação. O resultado deu origem ao Plano Marshall.

Com potencial para mais

Na avaliação do Brookings Institution, “a desaceleração na recuperação (econômica) não alterou a contínua ascensão de mercados metropolitanos emergentes como eixo de produção, consumo e negócios”. Na perspectiva do secretário de desenvolvimento de Belo Horizonte, Marcello Faulhaber, a indicação de que 2011 não teve a mesma grandeza que 2010 não parece causar preocupação: “Nos últimos 10 anos a cidade tem crescido à taxa média anual de 12% a 13%, e a RMBH a 15%, 16%. Isso demonstra dinamismo que não se reverte com perda de fôlego eventual”, acredita.

A questão levantada pelo instituto de Washington, está, segundo o professor Kaizo Beltrão, da Ebape/ FGV, não no tamanho da economia, mas no potencial de crescimento. “Regiões como a de Brasília têm muito pouca margem de expansão. Isso coloca Belo Horizonte à frente, com vetores interessantes a serem desbravados, como o eixo Norte, para onde foi deslocada a Cidade Administrativa”.

Em estudo preliminar que indicou que a taxa de emprego na RMBH está acima, proporcionalmente, da registrada na Região Sudeste e também da média nacional, o pesquisador da FGV encontrou coincidência com os dados do Brookings: “É um fator determinante para conduzir o crescimento, assim como a escolaridade”. O trabalho de Beltrão sobre a Grande BH está em fase conclusiva e permitirá comparação com as áreas metropolitanas do Rio de Janeiro de de São Paulo, onde o estudo já foi desenvolvido.

Os números tabulados desde 1993 pela equipe de Emilia Istra, relativos ao emprego na RMBH, indicam que a curva da região metropolitana mineira sobe mais acentuadamente que as médias do Brasil, da América Latina e bem mais que a média das 200 regiões pesquisadas. “Perceber a importância disso como mola propulsora do desenvolvimento é a chave para identificar gargalos na geração de empregos, e combatê-los”, indica Istra.

Renda No que diz respeito à formatação do critério “renda”, o Brookings trabalha com o controverso índice de PIB per capita. A pesquisa parte do princípio de que a soma da produção dos bens e serviços, mensurada pelo Produto Interno Bruto, será compartilhada igualmente pela população – o que, todos sabem, não é bem verdade. No jogo estatístico que define o divisor, BH leva vantagem.

Dados do último censo do IBGE apontam que os três municípios brasileiros mais populosos continuaram sendo São Paulo (11.253.503 habitantes), Rio de Janeiro (6.320.446) e Salvador (2.675.656). Belo Horizonte (2.375.151) passou a ser o sexto mais populoso em 2010, sendo superado por Brasília (2.570.160) e Fortaleza (2.452.185). “Como critério global, usamos o índice para balizar a comparação, desde que o estudo é feito, em 1993. A maneira que cada uma das economias gerencia sua riqueza é outro problema”, defende-se a pesquisadora do Brookings. (FB)

 

O exemplo de Santiago

A capital do Chile, morada de cerca de 7 milhões de pessoas, é a mola da economia do país vizinho, respondendo por 40% dos rendimentos nacionais. A cidade (foto) tem se desenvolvido rapidamente nas duas últimas décadas e se recuperou bem da turbulência de 2009. Desde 1993, o PIB per capita aumentou 66% na região metropolitana da capital. Entre 2010 e 2011, o crescimento foi intenso: a renda, segundo o Brookings, avançou 5,7% e o emprego 4,9%. Um terremoto de magnitude 8.8 em fevereiro de 2010 destruiu mais de 200 mil casas, escolas, prédios e rodovias. A reconstrução demandou investimentos de US$ 30 bilhões em infraestrutura – o resultado foi o crescimento de 6,3% em 2011, ainda mais acentudado que no ano anterior.

 


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