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Estado de Minas

Mercado desdenha os estímulos do governo brasileiro

Na primeira previsão do ano, bancos reduzem projeção de crescimento do PIB em 2012 para 3,3%. Crise e aumentos de preços podem frear ainda mais a expansão econômica


postado em 03/01/2012 06:56 / atualizado em 03/01/2012 07:02

Apesar das medidas ao estímulo ao consumo adotadas pelo governo federal no fim do ano passado, os economistas e analistas financeiros ouvidos semanalmente pelo Banco Central estão descrentes com a capacidade de o empurrão oficial acelerar o crescimento da economia brasileira neste ano. A previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 está caindo semana a semana. De acordo com a pesquisa Focus divulgada ontem a nova projeção para o ano é de 3,30%. Na semana passada esta variação estava em 3,40% e há um mês em 3,48%. A projeção do Banco Central para o PIB de 2012 é mais otimista, de um crescimento de 3,50%.

Mesmo para 2011 o mercado está mais pessimista. Os analistas já não acreditam numa expansão de 3%. A expectativa de crescimento do PIB recuou na última semana de 2,90% para 2,87%. Quatro semanas antes estava em 3,09%. Em linha com a economia mais fraca, as projeções para o desempenho do setor industrial também pioraram no relatório Focus. Para 2011, a expectativa de expansão do segmento caiu de 0,82% para 0,78%. Há um mês, o mercado apostava em um crescimento para o setor de 0,94%. Para 2012, os números não foram alterados e analistas mantiveram a previsão de crescimento de 3,43% para a atividade industrial.

“Eu diria até que a previsão está otimista. Se o cenário externo seguir com notícias ruins, como vem acontecendo, é mais provável que o PIB feche o ano em torno de 3%”, avalia Marco Antônio Salvata, doutor em economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador do curso de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Em meados de 2011, diz, a previsão de expansão do PIB brasileiro era de 4,5%. “E o índice só vem caindo”, observa Salvata.

O economista ressalta que a previsão do mercado financeiro reflete os acontecimentos mundiais nos últimos meses de 2011. “A Europa viveu uma crise de endividamento, com redução do crédito e consumo menor dos países. O crescimento do PIB brasileiro deve cair porque a demanda externa tende a ser menor”, afirma Salvata.

A economia mundial está cada vez mais integrada e não há chances de ver o desempenho econômico de um país de forma isolada, avalia Clélio Campolina, economista e professor do departamento de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Temos hoje muita turbulência mundial, com crise profunda na Europa, incertezas na China e Estados Unidos tentando reerguer a economia com muita dificuldade”, observa Campolina. Neste cenário, diz, se o PIB brasileiro crescer 3% o país ficará em posição relativamente confortável.

Campolina faz, no entanto, algumas ressalvas em relações às previsões econômicas mundiais. “A economia funciona em ambiente de incertezas e expectativas. Ninguém iria prever uma crise americana tão profunda, assim como os problemas na Europa. E o desempenho dos mercados depende dos parceiros internacionais”, completa.

O freio da inflação

Para técnicos da FGV, “tentar manter um nível de atividade bom, algo acima de 3% em 2012, e ao mesmo tempo enfrentar um cenário que não é nem um pouco confortável em termos de preços serão um desafio tanto para a política monetária quanto para a política fiscal”. E, segundo informou ontem a FGV, os preços voltaram a acelerar. Puxada pelos alimentos, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) disparou em dezembro, fechando o mês em 0,79% enquanto as apostas majoritárias do mercado eram para um percentual em torno de 0,77%.

Com esse resultado, o índice fechou 2011em 6,36%, percentual superior à variação acumulada em 2010 que foi de 6,24%. Entre os alimentos que puxaram o índice para cima as maiores altas ficaram com hortaliças e legumes (de -3,25% para 0,58%), arroz e feijão (de 2,85% para 3,75%) e aves e ovos (de 2,15% para 2,71%). Essa variação aconteceu na passagem da terceira para a quarta semana de dezembro. As taxas das demais classes de despesa que compõem o IPC-S mantiveram-se estáveis ou apresentaram desaceleração. O grupo saúde e cuidados pessoais, por exemplo, manteve a taxa de 0,68%. Mostraram desaceleração os grupos despesas diversas (de 0,35% para 0,11%), vestuário (de 1,21% para 1,03%), habitação (de 0,38% para0,27%), educação, leitura e recreação (de 0,51% para 0,42%) e transportes (de 0,61% para 0,59%).

Com o IPC-S mantendo o fôlego, o mercado aposta que dificilmente o Banco Central conseguirá que a inflação oficial, medida pelo Índicede Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fique no intervalo superior da meta, que é de 6,5% ao ano. No relatório Focus também divulgado ontem as estimativas dos analistas para a inflação de 2011 subiram de 6,54%para 6,55%. Foi a terceira elevação seguida do indicador. Se não conseguir que o índice fique em até 6,50%, o Banco Central terá que explicar, em uma carta oficial ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, os motivos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a não conseguir cumprir a meta, apesar dos aumentos na taxa básica de juros promovidos até o meio do ano. Para 2012, no entanto, o mercado está mais otimista em relação ao comportamento da inflação e agora prevê um IPCA de 5,32%. Foi o quinto recuo consecutivo do IPCA para 2012. Há um mês o índice estava em 5,49%.

Presidente Dilma mantém otimismo

São Paulo –A presidente Dilma Rousseff fez um balanço positivo de 2011 e afirmou que 2012 “será ainda melhor”. A avaliação foi feita na edição de ontem do programa semanal de rádio Café com a presidenta, que reapresentou trechos do pronunciamento da presidente à nação transmitido em 23 de dezembro. No programa, Dilma repetiu ainda estar longe de se sentir satisfeita, mas ter cada vez mais convicção de que “podemos e vamos avançar muito mais”.

“Com planejamento e políticas acertadas, estamos conseguindo proteger a nossa economia, os nossos setores produtivos e, sobretudo, o emprego dos brasileiros. Estamos transformando um momento de crise em um momento de oportunidade e entrando em uma nova era, uma era de prosperidade”, afirmou. Dilma ressaltou a criação de mais de 2 milhões de postos de trabalho em 2011, além de “um bom crescimento, porque ele está acompanhado de inflação baixa, de juros descendentes, aumento do emprego, distribuição de renda e diminuição de desigualdades”.

A presidente reafirmou que o novo ano “será mais um marco de consolidação do modelo brasileiro”. Segundo ela, o 2012 começará com menos tributos para as mais de 5 milhões de pequenas empresas que estão no Simples e para os microempreendedores individuais. “Estes empreendedores também vão ter crédito mais fácil e mais barato”, disse.

“Todos os brasileiros vão ter mais facilidades para comprar a casa própria. Até 2014, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil vão investir mais de R$ 125 bilhões no Minha casa, minha vida”, acrescentou. Ao lembrar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre produtos da linha branca e a renovação da redução de tributos sobre caminhões, utilitários e máquinas agrícolas, Dilma disse que “com menos impostos e mais crédito a economia brasileira vai crescer mais”.

Em relação a investimentos em obras e programas sociais, a presidente afirmou que mais desenvolvimento e melhor infraestrutura serão trazidos pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que, em 2012, "ganharão ainda mais ímpeto, em todo território nacional" e que o governo poderá ampliar políticas de apoio aos mais necessitados. "Por exemplo, o programa Brasil Sem Miséria, que já produziu grandes resultados, vai se consolidar plenamente em 2012", afirmou a presidente.


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