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Bestiais viajantes: a falta de civilidade voa nas alturas

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), de janeiro a julho de 2025, foram registrados 979 casos de comportamento inadequado

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Nos últimos anos, viajar de avião transformou-se em uma experiência cada vez mais estressante, marcada por episódios de agressividade e descontrole. Brigas, confusões e prisões de passageiros em aeronaves e aeroportos por comportamentos inadequados têm se multiplicado, refletindo uma sociedade sob pressão. 

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De tumultos causados por álcool e estresse a incidentes graves que exigem intervenções policiais, esses casos não só perturbam voos, mas também colocam em risco a segurança de todos a bordo. A seguir, exploramos os incidentes mais recentes, dados no Brasil e no exterior, além das possíveis causas desse fenômeno crescente.



Casos recentes que chocam os céus

Em 2025, o ano foi marcado por uma série de incidentes notórios.  Na semana passada, um passageiro a bordo de um voo internacional da Azul, com rota entre Fort Lauderdale (EUA) e Campinas (SP), danificou deliberadamente o sistema de entretenimento de sua poltrona. O ato de vandalismo ocorreu após o indivíduo manifestar irritação pela recusa de outro passageiro em efetuar uma troca de assentos.

No dia 1º de setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino foi alvo de uma tentativa de agressão durante um voo que partiu de São Luís (MA) com destino a Brasília (DF). O autor da ação precisou ser contido ainda na aeronave e, ao desembarcar, foi encaminhado para prestar depoimento na capital federal. Ele responderá por injúria qualificada e incitação ao crime.

Em junho, um episódio de violência envolvendo passageiros também chamou a atenção no Aeroporto do Recife (PE). Dois viajantes entraram em confronto físico após o cancelamento de voos com destino a Fernando de Noronha.

Já em 27 de julho, outro caso gerou ampla repercussão no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (GRU). Uma funcionária de companhia aérea foi agredida por um passageiro que havia perdido a conexão devido a atrasos provocados por condições meteorológicas. Mesmo após ser reacomodado em outro voo, o cliente desferiu um soco na funcionária enquanto ela tentava prestar atendimento.

Poucos dias depois, em 7 de agosto, uma aeronave precisou fazer um pouso não programado em Brasília após uma falsa ameaça de bomba. O voo havia saído de São Luís (MA) com destino a Campinas (SP). Por precaução, equipes de segurança realizaram uma varredura antibomba, que descartou a existência de qualquer artefato explosivo.

Anac propõe punições para passageiros que causam confusão em voos

Nos anos anteriores

Além desses episódios, outros casos de violência e confusão em aeroportos e aeronaves também ganharam destaque no Brasil nos últimos anos:

Em 2022, um voo que seguia de Salvador para São Paulo precisou retornar ao aeroporto de origem após um passageiro causar tumulto a bordo, desobedecer ordens da tripulação e tentar invadir a cabine de comando. O homem foi retirado da aeronave pela Polícia Federal.

No mesmo ano, uma discussão entre passageiros no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, terminou em agressões físicas após atrasos sucessivos provocados por problemas operacionais. O confronto aconteceu na área de embarque e exigiu a intervenção de seguranças.

Já em 2023, uma funcionária de companhia aérea foi hostilizada verbalmente e ameaçada por um passageiro no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, após o cancelamento de um voo por mau tempo. O caso foi registrado e reacendeu o debate sobre a segurança de trabalhadores do setor.

No exterior

Internacionalmente, o caos continuou. Em outubro, uma passageira mascarada em um voo da Spirit Airlines escalou assentos para sair da aeronave, gritando impropérios e ameaçando a tripulação. Em fevereiro, passageiros em um voo da Frontier contiveram um homem que batia nas janelas, evitando um pânico maior. No Canadá, durante as festas de fim de ano, relatos de passageiros disruptivos – como fumar no banheiro ou recusar reclinar assentos – aumentaram, conforme análise de mais de 340 mil eventos aéreos. Em outro caso, uma passageira foi removida de um voo em Nashville por desobediência e agressão, incluindo cuspir e socos durante a prisão. Esses eventos ilustram como pequenas frustrações podem escalar para crises, exigindo ação imediata de seguranças e policiais.


Dados alarmantes no Brasil


No Brasil, os números revelam uma explosão de incivilidade. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), de janeiro a julho de 2025, foram registrados 979 casos de comportamento inadequado, um aumento de 87% em relação ao mesmo período de 2024. Desses, 210 foram classificados como graves (categoria 3), como agressões físicas, ameaças, tentativas de invasão à cabine ou fumar a bordo – um crescimento de 55%.


Até agosto, o total subiu para 979 episódios, com companhias como Latam e Azul discutindo medidas para barrar embarques de agressores reincidentes. A Abear alerta que esses incidentes incluem depredações e falsas ameaças de bomba, impactando milhares de passageiros. Especialistas atribuem parte desse aumento ao estresse pós-pandemia e à sobrecarga nos aeroportos brasileiros, lotados e com atrasos frequentes.


Estatísticas globais: Um problema mundial


No exterior, a situação é igualmente preocupante. A International Air Transport Association (IATA) registrou, em 2023, um incidente de passageiro indisciplinado a cada 480 voos, com base em mais de 24.500 relatos de 50 operadoras. Em 2024, os casos globais subiram para 2.102, um aumento de 1% em relação ao ano anterior. Nos EUA, a Federal Aviation Administration (FAA) reportou 1.480 altercações nos primeiros 11 meses de 2025, uma queda de 80% desde o pico de 2021, mas ainda o dobro dos níveis pré-pandemia. Um em cada cinco comissários de bordo relata incidentes físicos.


Na Europa, o Aeroporto de Dublin viu um aumento de 80% em distúrbios no início de 2025, enquanto a Finlândia registrou 267 casos no ano. Na Suíça, foram 1.730 incidentes em 2024, envolvendo companhias como Swiss e EasyJet. No Canadá, dezembro historicamente vê mais relatos por mil eventos aéreos (9,65 em média desde 2000), impulsionados pelo estresse das festas. Globalmente, os incidentes dobraram desde 2019, com picos durante feriados.


As possíveis causas: estresse e álcool


Por que tantos passageiros perdem o controle? Especialistas apontam múltiplos fatores. O estresse da viagem é primordial: aeroportos lotados, atrasos, bagagens extraviadas e cobranças extras por serviços básicos geram frustração. O consumo excessivo de álcool surge como principal vilão, alterando comportamentos e levando a agressões verbais ou físicas. Passageiros embriagados ou sob influência de substâncias são frequentemente barrados ou removidos.


Outras causas incluem problemas mentais, como medo de voar, pânico ou irritabilidade, exacerbados pela proximidade forçada em aviões. Pós-pandemia, máscaras e restrições remanescentes somam-se ao mix, junto a questões sociais como polarização política ou roupas inadequadas que geram conflitos. Em períodos festivos, o volume de viajantes inexperientes agrava o caos.


Um chamado à civilidade


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Diante desse cenário, companhias aéreas e governos buscam soluções, como listas de "no-fly" para reincidentes e treinamentos para tripulações. No Brasil, discussões sobre banimentos ganham força. Nos EUA, a FAA encaminha casos ao FBI, com mais de 1.240 relatos em 2024. Viajar deve ser uma jornada, não uma batalha. Respeito mútuo é essencial para que a incivilidade não continue voando alto

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