O que faz desta vila no Nordeste se tornar um refúgio à beira-mar?
Seja para relaxar, praticar esportes aquáticos, explorar a história ou saborear a gastronomia regional, o distrito atende a diferentes perfis de viajantes
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Situada no litoral Sul de Pernambuco, a cerca de 60 quilômetros de Recife, Porto de Galinhas consolidou-se como um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. Conhecida por suas águas cristalinas, piscinas naturais e areias brancas, a antiga vila de pescadores combina beleza natural, infraestrutura completa e uma atmosfera que mistura tradição e modernidade.
Eleita diversas vezes como a “melhor praia do Brasil”, a região oferece opções que agradam desde famílias que buscam tranquilidade até viajantes em busca de aventura, gastronomia e contato com a natureza.
Muito antes de se consolidar como destino turístico, Porto de Galinhas atendia por outro nome: Porto Rico. A denominação surgiu em razão da intensa exploração do Pau-Brasil, madeira de grande valor comercial durante os séculos 16 e 17. Com o passar do tempo, e especialmente no período do tráfico de pessoas escravizadas, o local ganhou a nomenclatura atual.
O termo “galinhas” era utilizado de forma codificada para se referir aos africanos trazidos ilegalmente ao Brasil, que eram desembarcados escondidos sob engradados de aves. Mesmo após a proibição do tráfico negreiro, o porto continuou sendo um dos principais pontos dessa prática no Nordeste, marcada por condições desumanas nos navios cargueiros.
Além dessa explicação histórica, existe outro episódio que ajudou a consolidar a identidade do lugar. Na segunda metade do século 20, o artista pernambucano Gilberto Carcará foi convidado a criar uma identidade visual para a praia. Ele espalhou esculturas de galinhas em diferentes pontos da vila, atraindo o olhar dos visitantes e ressignificando o nome.
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As peças rapidamente se tornaram símbolos da região. Hoje, podem ser vistas em pousadas, hotéis e espaços públicos, e acabaram ultrapassando as fronteiras do estado, sendo reconhecidas também fora do Brasil. As simpáticas galinhas, coloridas e irreverentes, se transformaram em um ícone cultural de Porto de Galinhas. Então vai a primeira indicação: o Ateliê do Carcará é um espaço acolhedor que abriga várias obras do artista.
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Praias para todos os gostos
O grande cartão-postal de Porto de Galinhas é a Praia Central, conhecida pelas piscinas naturais que se formam entre os recifes na maré baixa. De lá, partem jangadas coloridas que levam os visitantes até águas rasas e cristalinas, onde é possível observar peixes coloridos em um cenário que mais parece um aquário natural.
Mas o distrito de Ipojuca oferece muito mais do que a praia principal: é uma sequência de faixas de areia, cada uma com características próprias, que atendem desde famílias em busca de tranquilidade até surfistas atrás de ondas fortes.
Muro Alto
A poucos minutos do Centro de Porto, Muro Alto é conhecida pelo paredão de recifes que formam uma imensa piscina natural. Suas águas calmas e mornas são perfeitas para famílias com crianças, para quem busca sossego e também para atividades como caiaque e stand up paddle.
A praia ganhou fama com seus grandes resorts à beira-mar, que atraem turistas de todo o Brasil. O visual lembra uma lagoa protegida, especialmente na maré baixa. Não à toa, Muro Alto figura entre as mais belas do país e chegou a aparecer na lista do “Traveller’s Choice 2025", do TripAdvisor, entre as melhores praias do mundo.
Praia do Cupe
Mais extensa e menos badalada que a Praia Central, a Praia do Cupe se estende por cerca de 4,5 km. Boa parte de sua faixa litorânea é marcada por ondas fortes, tornando-se point para surfistas. Mas o destaque fica para o Pontal do Cupe, um trecho protegido por recifes que formam piscinas naturais na maré baixa.
É nesse pedaço mais tranquilo que famílias e casais costumam se concentrar. Ali, é comum observar pequenos cardumes nadando perto dos visitantes, o que faz do local um ótimo ponto para snorkeling e fotos subaquáticas. O contraste entre a força do mar aberto e a serenidade do Pontal torna Cupe uma das praias mais versáteis da região.
Maracaípe
Vizinha de Porto de Galinhas, a Praia de Maracaípe se consolidou como um dos principais cenários de surfe no Brasil. Suas ondas já sediaram competições nacionais e internacionais, atraindo atletas e admiradores do esporte. O nome “Maracaípe”, de origem indígena, significa “rio dos maracás” e revela a forte presença histórica das populações originárias na região.
Apesar da fama esportiva, Maracaípe mantém um ar rústico e preservado. Sua paisagem é marcada por coqueirais e extensos trechos de areia, ideais para longas caminhadas à beira-mar.
Pontal de Maracaípe
No extremo da praia, o Pontal de Maracaípe guarda um dos cenários mais encantadores do litoral pernambucano. É ali que o rio se encontra com o mar, formando uma pequena praia de águas calmas e cercada por manguezais. O acesso limitado, feito a pé ou por trilhas, garante ao local um clima mais reservado, longe das grandes multidões.
Passeios de jangada levam os visitantes a explorar os mangues e observar de perto os cavalos-marinhos, uma das atrações mais encantadoras da região. O pôr do sol no Pontal é considerado um dos mais belos de Pernambuco e costuma reunir tanto turistas quanto moradores para admirar o espetáculo diário.
Quando ir e quanto tempo ficar?
Porto de Galinhas pode ser visitada em qualquer época do ano. A temperatura média gira em torno de 25 °C, com variações entre 24 °C e 30 °C. Entre abril e julho, no entanto, a região registra maior volume de chuvas. Para quem deseja sol garantido, os meses de setembro a fevereiro são os mais indicados, sendo outubro, novembro e dezembro considerados o auge da temporada.
O tempo de estadia depende do perfil do viajante. Em quatro dias é possível conhecer as principais praias e aproveitar os passeios clássicos. Para uma experiência mais completa, com direito a dias de descanso e visitas a destinos vizinhos, uma semana é o ideal.
Mas visitar Porto de Galinhas vai muito além de aproveitar suas praias paradisíacas. O destino oferece experiências únicas que já se tornaram quase obrigatórias para qualquer visitante.
Jangada até as piscinas naturais
O passeio mais tradicional é o que leva os turistas de jangada até as famosas piscinas naturais de Porto de Galinhas. Embarcações coloridas à vela, sem motor, deslizam suavemente pelas águas cristalinas e, em cerca de 10 minutos de navegação, chegam até os recifes formados pela maré baixa.
Ali, o cenário é deslumbrante: águas mornas e transparentes, peixes multicoloridos e um ambiente que lembra um grande aquário a céu aberto. As jangadas permanecem de 30 a 45 minutos no local, tempo suficiente para mergulhar com snorkel, nadar com os peixinhos e registrar boas fotos.
Alguns roteiros incluem ainda uma parada extra em bancos de areia no mar aberto, onde a sensação é de estar em uma praia caribenha. Para proteger esse patrimônio natural, o acesso é controlado: há limites de visitantes e horários definidos. Além disso, iniciativas de turismo sustentável e projetos de educação ambiental vêm sendo implementados para preservar os recifes, manguezais e estuários da região.
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Passeio de buggy ponta a ponta
Outro clássico é o passeio de buggy, que percorre toda a faixa litorânea de Ipojuca, do Muro Alto ao Pontal de Maracaípe. O roteiro é conhecido como “Ponta a Ponta” e inclui paradas estratégicas para banho e contemplação da paisagem. Diferentemente de destinos como Natal, onde há dunas e trajetos radicais, em Porto de Galinhas os buggys não circulam pela areia da praia. A maior parte do percurso é feita em estradas e trilhas próximas à orla, garantindo um passeio seguro, com vento no rosto e muito sol.
Vale para quem gosta da experiência de buggy em si: o trajeto pode ser feito também de carro, táxi ou aplicativo, mas o veículo aberto traz um charme especial. Para quem prefere explorar uma praia por dia, sem pressa, o passeio não é indispensável, mas continua sendo um dos mais procurados pelos visitantes.
Jangada pelo Rio Maracaípe
No Pontal de Maracaípe, outra experiência inesquecível espera os viajantes: o passeio de jangada pelos manguezais. Guiados por jangadeiros locais, os visitantes conhecem de perto esse ecossistema rico, navegando por canais tranquilos até áreas onde é possível observar os famosos cavalos-marinhos.
Com a ajuda de um pote de vidro que funciona como aquário, os jangadeiros capturam momentaneamente os animais para que os turistas possam vê-los e fotografá-los, devolvendo-os em seguida ao habitat natural. Cada jangada comporta até seis pessoas, o que garante uma experiência intimista.
Identidade cultural
No coração do centrinho de Porto de Galinhas, a feirinha de artesanato é um dos pontos mais movimentados e queridos pelos visitantes. As ruas exclusivas para pedestres ganham vida com o vai e vem de turistas em busca de lembranças e da atmosfera descontraída do balneário. O destaque são as galinhas coloridas de cerâmica, que se tornaram símbolo do destino e podem ser encontradas em diversos tamanhos e estilos, desde pequenas lembrancinhas até peças maiores de decoração.
Além das cerâmicas, os estandes oferecem uma variedade de artigos artesanais, como roupas de praia em renda e crochê, bijuterias, peças em madeira e itens de palha. A gastronomia também marca presença: é comum encontrar barracas e pequenos bares que servem iguarias da região, como o famoso bolo de rolo - um doce com massa fina e macia com recheio de goiabada. Para quem prefere algo mais elaborado, há restaurantes próximos que misturam culinária nordestina e frutos do mar frescos.
*A repórter viajou a convite do Porto Alto Resort