Redescubra BH: de tour em favela à jantar às cegas, o que fazer em Beagá
Com cardápio variado, explore 19 experiências turísticas, gastronômicas e culturais imperdíveis na capital mineira
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Siga noPara conhecer verdadeiramente uma cidade, é preciso ir além dos pontos turísticos do local e tentar entender seus hábitos, cultura e vivências. Essa é a proposta do “Menuuh - Experiências Turísticas de Belo Horizonte”, uma iniciativa da Belotur em parceria com o Sebrae. O nome é uma referência à interjeição do mineirês “nuh”, que pode expressar surpresa, alegria ou intensidade a depender do tom que é dito. A mesma versatilidade pode ser encontrada nos 19 passeios divididos nas categorias: Artes, Economia Criativa, Gastronomia, Música e Patrimônio Cultural.
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A iniciativa faz parte de um conjunto de políticas da Prefeitura de Belo Horizonte para promover a capital mineira como destino turístico, qualificando e comercializando serviços e experiências a fim de impulsionar o desenvolvimento econômico e sustentável da cidade.
Além do Menuuh, em 2024 também foram lançados o projeto ‘Bares com Alma’, com o objetivo de identificar e divulgar 30 estabelecimentos que contribuíram para a construção da identidade de BH, e o Guia Virtual do Mercado Central, que faz parte do projeto ‘Territórios e Redes Criativas’ e visa conectar os visitantes à história e comerciantes do local por meio de conteúdos em diversos formatos, como textos, áudios e vídeos.
Gastronomia
Na Casa Coli, os participantes, de olhos vendados, entram numa jornada secreta de sabores
Não à toa, os passeios gastronômicos representam a maior parte dos roteiros do Menuuh. Em 2019, BH recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco, uma honraria que apenas outras três cidades brasileiras compartilham: Belém, no Pará, Florianópolis, em Santa Catarina, e Paraty, no Rio de Janeiro.
Comidas mineiras tradicionais e com forte carga afetiva é o foco da Copa e Cozinha, um café no Bairro Floresta criado por três amigas que valorizam suas raízes interioranas. Um café em três tempos leva o visitante a conhecer os quitutes mineiros em um ambiente aconchegante com cara de “casa de vó” em uma das primeiras casas de BH.
“A ideia surgiu da nossa história de vida, eu e Júlia somos de Bom Despacho, e Maíra é de Presidente Costa, perto de São João del Rey. Viemos morar juntas em Belo Horizonte para cursar ensino médio e sempre sentimos muita falta da comida, do acolhimento, de chegar em casa e ter comida na mesa. Servimos uma comida pouco sofisticada e pouco valorizada no dia a dia, com o intuito de enaltecer essa culinária mineira”, conta Cristina Gontijo, uma das fundadoras.
Os biscoitos são feitos pela tia de Cristina ( que não compartilha a receita familiar com ninguém), o café é coado na hora, e o pão sovado com queijo derretido faz qualquer um ficar com água na boca. A rica decoração, pensada nos mínimos detalhes, está presente até mesmo nos quadros com peças bordadas em ponto-cruz nas paredes do banheiro.
Uma das particularidades do passeio são as grandes mesas de jantar, nas quais os participantes se sentam todos juntos, estimulando a conversa e a criação de laços. “As mesas grandes tem como intuito a pessoas irem provando, se conhecendo e conversando. A ideia é essa, de ser um ambiente muito familiar”, declara Cristina.
Como todo bom mineiro, no Menuuh não poderia faltar o tradicional queijo. A experiência “Degustação de Queijos e Delícias da Roça” apresenta a história, os processos e os sabores da Queijaria Senzala, guiada por um membro da família que fundou o empreendimento. Os participantes têm a oportunidade de provar 12 tipos de queijos harmonizados com bebida e produtos mineiros como goiabada, café, rapadura e cachaça.
Falando em cachaça, no “Cachaça Experience - Um Tour pela história e pelos sabores”, a cachaçaria Cava Zé Ribeiro recebe os visitantes com uma tábua de degustação da bebida e um mergulho na história da Cachaça. Já os cervejeiros podem se jogar na degustação guiada no Chopp do Mercado que serve diferentes tipos de cerveja no tradicional copo lagoinha valorizando a essência dos botecos belo horizontinos.
Arte e cultura
Que tal fazer um tour revivendo o Clube da Esquina a bordo de uma jardineira dos anos de 1950?
Além de uma gastronomia diferenciada, Minas Gerais também é berço de grandes artistas e escritores. Para os amantes da MPB, o Menuuh oferece o passeio “Revivendo o Clube da Esquina: O trajeto da musicalidade mineira”, que percorre os 12 principais pontos de Belo Horizonte onde o movimento Clube da Esquina floresceu.
O passeio de Jardineira, um charmoso ônibus da década de 50, é envolvido por sucessos como “Travessia” e “Para Lennon e McCartney” tocados ao vivo. A história de grandes nomes como Milton Nascimento, Família Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso e Fernando Brant se misturam com a história da cidade ao ser contada pelos guias especialistas no assunto.
O fim do tour é um happy hour no Bar e Museu Clube da Esquina, no bairro Santa Tereza, onde são servidos drinks exclusivos inspirados nas músicas do grupo: “Trem Azul”, mais doce, ou “Amor de ìndio”, mais ácido e marcante. Comidas típicas mineiras servem como acompanhamento perfeito: frango com quiabo frito, linguiça artesanal e torresmo fazem parte do cardápio.
Já os amantes de um bom livro, podem conferir o “Entre Escritores e Poetas Conhecendo BH em Versos e Prosas”, passeio que explora as obras de Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade e termina em um café no centro de BH.
Economia criativa
Na experiência Raízes e Resiliência: A Vida na Favela o visitante vai descobrir quais são os costumes e a rotina dos moradores
Fugindo dos destinos clichês como a Lagoa da Pampulha e o Centro de BH, o passeio “Raízes e Resiliência: A Vida na Favela” apresenta facetas do Aglomerado da Serra, um conjunto de oito vilas que, juntas, formam uma das maiores favelas de Belo Horizonte. A experiência é organizada por guias treinados do SerrãoTur.
Os participantes são recebidos com um café da manhã com três dos itens mais característicos de Minas Gerais: Café, pão de queijo e caldo de cana. A partir daí, embarcam em um passeio de 5 horas no qual o turismólogo e morador da Serra, Rogério Rêgo, conta a história da região e mostra que a favela também é um lugar cheio de vida, cultura e negócios criativos.
O tour inclui uma visita à Rádio Favela onde é possível conhecer o estúdio analógico, usado no início da rádio, e o estúdio atual, com os equipamentos digitais. O fundador, Misael Avelino, compartilha suas experiências com os visitantes.
Criada em 1981, a Rádio Favela se posicionou como um espaço de resistência e divulgação da música e cultura negra. Sofreu com a repressão política e policial até que, em 2002, recebeu a outorga verbal de funcionamento. Na estante do estúdio, é possível ver a estatueta do Prêmio Especial do Júri do Festival de Cinema de Gramado de 2002 pelo filme “Uma onda no ar”, que conta a história da Rádio.
A poucos metros da rádio fica a Cerâmica Santana, no primeiro Ateliê Escola de Cerâmica dentro de uma favela na América Latina. O objetivo é ensinar o ofício para jovens da periferia, oferecendo um modo de geração de renda: “Aqui a gente já atende grandes empresas, inclusive fora do Brasil. Nosso trabalho tem sido muito importante”, diz Alex Santana, responsável pelo projeto.
Alex conta que fez um curso de formação em uma ONG para fugir da criminalidade. Ali ele aprendeu a fazer vassouras com garrafa PET. “Eu nasci no aglomerado da Serra, minha mãe é mãe solteira de quatro filhos e a vida não foi fácil. Em 2006, eu com 17 anos procurava emprego e quase fui tragado pela boca de fumo”, declara.
Na mesma ONG, fez a oficina de cerâmica e se apaixonou pela atividade. Estudou sobre cerâmica e passou a fazer peças em casa, mas ainda não conseguia gerar renda. Somente durante a pandemia de Covid-19, Alex se juntou ao irmão, Maicon, e criou a Cerâmica Santana, vendendo seus trabalhos online. Hoje o ateliê conta com 10 colaboradores: “Mudou a minha vida e agora ajuda a mudar a vida de outras 10 famílias”, diz Alex.
Um dos pontos altos do passeio é a visita ao mirante com vista de Belo Horizonte de tirar o fôlego. Dali é possível ver quase toda a cidade e identificar pontos como o Parque Municipal, a Pampulha, os três estádios de Belo Horizonte e o alto da Avenida Raja Gabáglia.
Patrimônio cultural
Viva a experiência de apreciação do 25º andar do Acaiaca, o primeiro arranha-céu da cidade, com 130 metros de altura
Outro mirante imperdível de Belo Horizonte é a do terraço do Edifício Acaiaca. Localizado no centro da capital, o prédio inaugurado em 1943 foi o mais alto de Minas Gerais por vários anos, com seus 120m de altura. O Acaiaca é facilmente reconhecível pelas efígies indígenas que marcam a fachada do edifício.
Além de apreciar uma vista 360º, o visitante pode conhecer a história do prédio e do centro de BH enquanto consome petiscos e bebidas oferecidos pelo bar no 25º andar.
Na época de sua construção, arranha-céus eram obrigados a construírem bunkers a fim de abrigar a população de ataques aéreos. A partir do dia 16 de janeiro de 2025, o abrigo também estará aberto para visitação.
O Menuuh completo, com informações de valores, datas e itens inclusos nos passeios, confira em: