A incidência de câncer no mundo deve crescer 77% até 2050, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que projeta um salto de mais de 35 milhões de novos diagnósticos por ano nas próximas décadas. O crescimento será puxado pelo envelhecimento populacional e pela persistência de fatores de risco comportamentais e ambientais, colocando sobre enorme pressão sistemas de saúde em todas as regiões do planeta.
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No Brasil, a situação espelha essa tendência preocupante. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que o país deve registrar cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano durante o triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência total da doença — e com os tumores de mama, próstata, cólon e reto entre os mais frequentes.
Para a oncologista clínica Mariana Cunha, os números globais e nacionais lançam um alerta urgente. “Esse aumento projetado pela OMS e os dados do INCA mostram que precisamos olhar o câncer não apenas como uma doença e suas nuances de tratamento, mas como uma questão urgente de políticas de prevenção, educação geral em saúde e combate aos fatores de risco — da obesidade ao tabagismo, do sedentarismo à exposição ambiental a substâncias carcinogênicas”, afirma.
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Segundo Mariana, os dados reforçam a necessidade de ampliar o acesso aos exames preventivos, diagnóstico precoce e mudanças sustentáveis de estilo de vida.
A oncologista Graziella Piló destaca que o impacto da desigualdade social entre países e dentro do próprio Brasil pode agravar ainda mais o panorama. “A maior parte do aumento acontecerá em regiões com menor acesso a serviços de saúde estruturados, e isso significa, infelizmente, mais diagnósticos tardios e maiores taxas de mortalidade”, explica.
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“Temos ciência e tecnologia em constante evolução, mas sem equidade no acesso e sem campanhas robustas de prevenção, dificilmente veremos redução real nos índices previstos”, pontua.
Graziella ressalta que a prevenção deve caminhar junto com o cuidado emocional e a detecção precoce, que podem salvar vidas muito antes de um tratamento mais complexo ser necessário.
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