A demência ganhou destaque com os diagnósticos de personalidades como Bruce Willis, Maurício Kubrusly e Milton Nascimento, trazendo à tona a importância de reconhecer seus primeiros sinais. 

Ao contrário do que muitos pensam, a perda de memória nem sempre é o sintoma inicial. Existem alterações sutis de comportamento e cognição que podem servir de alerta muito antes.

Entender esses sinais precoces é crucial, pois um diagnóstico no início da doença permite um planejamento de cuidados mais eficaz e o acesso a tratamentos que podem ajudar a gerenciar os sintomas.

O que é demência? 

A demência é um termo abrangente para um declínio na capacidade mental severo o suficiente para interferir na vida diária. A manifestação é uma das características do Alzheimer, por exemplo, mas pode sinalizar outras condições, como:

  • Demência por corpos de Lewy 

  • Demência frontotemporal 

  • Demência vascular 

  • Parkinson

  • Doença de Huntington

  • Esclerose múltipla

  • Sífilis que afeta o cérebro (neurossífilis)

  • Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Sinais de alerta

Identificar os primeiros sintomas pode ser desafiador, pois eles costumam ser sutis e facilmente confundidos com o estresse do dia a dia ou com o processo natural de envelhecimento. 

Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Unicamp, reforça que olhar apenas para os sinais clássicos pode atrasar o reconhecimento da doença e, consequentemente, o início dos cuidados adequados para cada indivíduo.

“Reconhecer a diversidade de formas como a demência se manifesta nos ajuda a acompanhar cada paciente de modo mais integral, favorecendo intervenções precoces que preservem a qualidade de vida”, afirma.

Por isso, ficar atento a um conjunto de mudanças é o caminho mais seguro. Veja os principais sinais que podem aparecer antes da perda de memória significativa:

  1. Dificuldade para planejar ou resolver problemas: tarefas que antes eram simples, como seguir uma receita ou administrar as contas do mês, podem se tornar um grande desafio. A pessoa pode ter dificuldade em se concentrar e levar muito mais tempo para fazer coisas que antes realizava com agilidade.

  2. Problemas de linguagem: esquecer palavras comuns ou substituí-las por termos inadequados é um sinal importante. A pessoa pode parar no meio de uma conversa sem saber como continuar ou se repetir com frequência.

  3. Mudanças de humor e personalidade: ficar confuso, desconfiado, deprimido ou ansioso sem um motivo aparente pode ser um indicativo. Mudanças bruscas de humor, passando da calma para a raiva rapidamente, também são um alerta.

  4. Apatia e perda de iniciativa: um desinteresse repentino por hobbies, atividades sociais ou encontros com amigos e familiares é comum. A pessoa pode precisar de estímulo para se envolver em atividades que antes gostava.

  5. Confusão com tempo e lugar: perder a noção das datas, das estações do ano ou do motivo de estar em determinado local é um sinal clássico. A pessoa pode se sentir perdida em ambientes que são familiares a ela.

  6. Dificuldade em executar tarefas familiares: problemas para realizar atividades do dia a dia, como operar um eletrodoméstico conhecido, dirigir para um local habitual ou lembrar as regras de um jogo favorito, podem indicar o início da condição.

  7. Problemas com a percepção visual: ter dificuldade para ler, julgar distâncias ou identificar cores e contrastes pode ser um sintoma. Isso não deve ser confundido com problemas de visão relacionados à idade, como a catarata.

 
Os estudos indicam, mas não cravam, que ter uma vida saudável e sociável reduz o risco de desenvolver demência. Isso porque o cérebro mantém-se ativo. pixabay
Problemas de atenção e concentração: Tem dificuldade em acompanhar conversas, instruções ou realizar tarefas com várias etapas. Imagem gerada por i.a
Perda de iniciativa: Demonstra desinteresse por atividades que antes gostava, ficando parada ou dependente de estímulo constante. Imagem gerada por i.a
Julgamento prejudicado: Passa a tomar decisões arriscadas ou impróprias, como sair sozinho à noite ou vestir roupas inadequadas ao clima. Imagem gerada por i.a
Dificuldade em realizar tarefas cotidianas: Atividades simples como cozinhar, se vestir ou lidar com dinheiro se tornam confusas ou impossíveis. Mal consegue amarrar os cadarços do sapato. Pexels - pixabay
Mudanças de humor e comportamento: Torna-se irritada, apática, desconfiada ou até agressiva, sem razão clara, alterando a personalidade. Imagem de Gordon Johnson por Pixabay
Desorientação no tempo e espaço: Pode se perder em locais familiares ou não saber que dia é, confundindo manhã com noite ou esquecendo onde está. Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Dificuldade com a linguagem: Esquece palavras comuns, troca termos ou repete frases, dificultando a comunicação e causando frustração. - Dominio Publico/hippopx.com
Perda de memória recente: A pessoa começa a esquecer informações novas, como compromissos ou onde deixou objetos, mesmo que se lembre de fatos antigos. alexas fotos pixabay
Atualmente, um paciente tem expectativa de vida de cerca de 13 anos. É um dos casos menos comuns da demência e ataca inicialmente a comunicação e a memória. Confira alguns dos sintomas gerais da demência. Tumisu pixabay
No caso de Bruce e de Maurício, eles têm demência frontotemporal, que costuma surgir por volta dos 50 anos. - Dominio Publico/hippopx.com
A demência mais comum e famosa é a do Mal de Alzheimer. A doença costuma aparecer no final da vida. Assim, muita gente a confunde com o processo de envelhecimento normal Reprodução
Essas doenças não têm cura e também acabam desgastando a vida dos familiares envolvidos no tratamento. Os pacientes, em muitos casos, acabam sofrendo com abandono ou preconceito. Tânia Rêgo/Agência Brasil
A demência, na verdade, é um nome genérico dado a um grupo de doenças cerebrais, que, se não forem tratadas, levam à morte. As doenças costumam afetar algumas funções cerebrais, mas não a consciência da pessoa. - Dominio Publico/hippopx.com
Veja quais são os primeiros sinais dessa doença que afeta muitas famílias. A demência cria situações em que paciência é necessária e a família precisa saber evitar a tristeza. Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Maurício Kubrusly trabalhou por 34 anos na TV Globo e deixou a emissora em maio de 2019. Ele tem 79 anos e se mudou de São Paulo para o sul da Bahia, onde vive ao lado da mulher Beatriz Goulart. Renato Miranda/TV Globo/Divulgação
Da mesma forma, quem acompanhava as reportagens do jornalista Maurício Kubrusly também ficou surpreso ao saber que ele sofre do mesmo problema do astro americano. Divulgação
"Quando você vive no mundo da demência, sabe que as opções de tratamento são escassas. Mas alguns não aceitam ficar parados, que é a forma como a mudança é feita", disse a esposa. - Reprodução Instagram
Desde então, a esposa dele, Emma Heming Willis, e as filhas já fizeram desabafos sobre o caso destacando a importância do apoio familiar ao ator com a doença que não tem cura. - Reprodução Instagram
Os fãs dw Bruce Willis, um dos astros mais famosos de Hollywood, se surpreenderam e ficaram comovidos na época da divulgação da noticia sobre a demência do ator. - Reprodução Instagram

O que fazer ao notar os sinais?

Observar esses sinais em si mesmo ou em um familiar pode ser assustador, mas a ação rápida é fundamental. O primeiro passo é procurar um especialista, como um neurologista ou geriatra, para uma avaliação completa e detalhada.

Anote os sintomas observados, a frequência com que ocorrem e como eles afetam a rotina diária. Essas informações são valiosas para o profissional de saúde durante a consulta e o início do tratamento que deve ser multidisciplinar.  

Marcos Cabrera, geriatra e diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), destaca o papel do geriatra no acompanhamento e tratamento do Alzheimer, principal causa da demência. 

“A primeira função dele é promover um melhor envelhecimento humano. A segunda é definir qual tipo de enfermidade está afetando a pessoa idosa. Depois, fazer com que o indivíduo lide com essa nova realidade cognitiva, da melhor maneira possível, tratando de maneira adequada, tanto farmacologicamente como não farmacologicamente, e acolhendo e orientando os familiares ou cuidadores em relação a isso”, relata.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

compartilhe