Vista aérea da área portuária inundada de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 8 de maio de 2024
 -  (crédito: Nelson Almeida / AFP)

Vista aérea da área portuária inundada de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 8 de maio de 2024

crédito: Nelson Almeida / AFP

As enchentes que recentemente atingiram 90% do Rio Grande do Sul não apenas devastaram casas e infraestruturas, mas também criaram condições perigosas para a proliferação de doenças. A água acumulada e os entulhos são ambientes ideais para mosquitos, escorpiões, aranhas e cobras. Para famílias que perderam muito, tomar precauções efetivas pode ser um desafio, mas algumas medidas essenciais podem ser implementadas com recursos limitados, de acordo com o médico Rafael Machado, gestor do Olá Doutor, aplicativo de telemedicina.

De acordo com Rafael Machado, “com a ajuda de serviços especializados e de voluntários, é importante priorizar a remoção de entulhos e a correta higienização generalizada dos locais acometidos pelas enchentes; pois podem ser esconderijos para animais perigosos, criadouros de mosquitos e incubadores de diversas doenças infectocontagiosas. Tudo isto, claro, com o máximo de proteção individual possível, como roupas compridas, calçados fechados, repelente e a melhor higiene pessoal disponível”.

Medidas diante de um momento trágico

Rafael traz mais algumas dicas que podem auxiliar nesse momento trágico:

  • Ferva a água para consumo e cozinhe por pelo menos 1 minuto para garantir sua potabilidade.
  • Evite deixar recipientes que possam acumular água abertos, para não tornarem-se criadouros de mosquitos.
  • usque atendimento médico assim que possível, mesmo sem alterações, para o devido acompanhamento de saúde, em, por exemplo, serviços de telemedicina como o Olá Doutor.
  • Uma vez com avaliação e acompanhamento médico, mantenha-se atento a quaisquer alterações físicas e mentais e informe seu médico imediatamente. 

Os sinais de doenças infecciosas

Fique atento a alguns sinais e sintomas de doenças infecciosas comuns após enchentes:

Leptospirose: a leptospirose é uma doença bacteriana transmitida por meio da urina de animais infectados, especialmente ratos, que pode contaminar água e a lama. Os sintomas geralmente aparecem de uma semana a 12 dias após a exposição e incluem:

  • Febre alta súbita
  • Dor de cabeça severa
  • Dor muscular, especialmente nas panturrilhas e costas
  • Calafrios
  • Vômitos
  • Olhos vermelhos
  • Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos)
  • Erupção cutânea
  • Diarréia e dor abdominal
  • Em casos graves, pode levar a problemas renais e hepáticos, podendo ser fatal. 

 

Dengue: a dengue é uma doença viral transmitida pela picada de mosquitos Aedes aegypti infectados. Os sintomas normalmente começam de quatro a dez dias após a picada e podem incluir:

  • Febre alta repentina
  • Fortes dores de cabeça
  • Dor atrás dos olhos
  • Dores nas articulações e músculos
  • Fadiga
  • Náusea e vômito
  • Erupção cutânea, que aparece de três a quatro dias após o início da febre
  • Sangramento leve (por exemplo, sangramento nasal ou gengival)

 

Hepatite A: a hepatite A é uma infecção viral que afeta o fígado, e pode ser transmitida por ingestão de água ou alimentos contaminados. Os sintomas geralmente aparecem de duas a seis semanas após a infecção e incluem:

  • Febre
  • Mal-estar geral
  • Perda de apetite
  • Náusea
  • Dor abdominal, especialmente no lado direito sob as costelas inferiores
  • Urina escura
  • Fezes claras ou de cor pálida
  • Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos)

“As comunidades afetadas pelas enchentes enfrentam um longo caminho para a recuperação. Porém, essas medidas preventivas básicas podem reduzir significativamente o risco de doenças. A união da comunidade, o apoio governamental e a informação são fundamentais neste processo de reconstrução e recuperação”, recomenda Rafael Machado.