Laços de fita que representam diversos tipos de cânceres
 -  (crédito: Freepik)

Laços de fita que representam diversos tipos de câncer

crédito: Freepik


Normalmente associado ao envelhecimento, a idade é considerada um dos fatores de risco para a incidência, os casos de câncer têm aumentado, no Brasil e no mundo, entre pessoas mais jovens. O que já vinha sendo percebido, foi recentemente confirmado por um estudo realizado em 204 países e publicado pela revista científica BMJ Oncologoy, segundo o qual os casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos aumentaram 79% nas últimas três décadas.

Para o patologista clínico Dr. Márcio Nunes da Silva, Coordenador Médico do São Marcos - Saúde e Medicina Diagnóstica, marca que pertence à Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, isso pode ser explicado por um conjunto de fatores, ligados a questões ambientais, comportamentais e genéticas. “Os fatores genéticos influenciam o diagnóstico de câncer em faixas etárias mais baixas, mas dietas ricas em carne vermelha e sal, pobres em frutas e fibras aumentam o risco da doença. Isso, além de fatores já conhecidos como sedentarismo, obesidade, o consumo de álcool e o excesso de açúcar na dieta, além do tabagismo. O câncer de intestino, por exemplo, que costuma ser mais comum em pessoas acima dos 55 anos, em virtude de possíveis causas como mudanças no estilo de vida, dieta inadequada e exposição a poluentes, tem sido detectado em pessoas abaixo dos 50 anos, faixa etária considerada jovem para esta doença”, exemplifica.

O médico destaca outros fatores ambientais, como a exposição prolongada e repetida ao sol, em horários do dia inadequados, sem o uso de protetores, uma das principais causas do câncer de pele não melanoma. Este é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. Cita ainda a resistência aos cuidados com a saúde, sobretudo entre os homens, de manterem exames em dia, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença.

“Segundo levantamento da Dasa, exames de rastreio como a mamografia, para a detecção precoce de câncer de mama, e o PSA, nos homens, para investigação de câncer de próstata, estão crescendo. Mas não chegamos ainda aos índices ideais. Em muitos casos, esses tipos de câncer continuam sendo diagnosticados tardiamente. É importante ressaltar que o diagnóstico precoce para esses tumores aumenta significativamente as chances de cura”, argumenta.

 

Ainda sobre os fatores ambientais, Dr. Márcio diz que uma cobertura vacinal adequada, como para o HPV (Papiloma vírus), impacta na redução do câncer de colo uterino, além de outras neoplasias como vulvares, vaginais, anal, de pênis e de cabeça e pescoço.

 

“Hoje já temos, na rede particular de laboratórios, a vacina HPV-Nonavalente. Com uma eficácia de 85 a 95%, além de proteger contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18, presentes na vacina que já era comercializada, a nova vacina imuniza também contra outros cinco sorotipos – 31, 33, 45, 52 e 58. Outra vacina importante é a da hepatite B, que protege contra a infecção pelo vírus da hepatite B, evitando-se a evolução para hepatite crônica, considerada como fator de risco para o desenvolvimento de câncer de fígado”, explica.

 

Variantes genéticas

Cerca de 5% a 10% dos casos de câncer são associados a fatores hereditários. Nesses casos, um fator genético (presença de uma mutação) exerce um importante papel na predisposição para o desenvolvimento de tumores. Essa mutação genética é transmitida de geração em geração e, quando presente, há uma frequência maior de casos de câncer em uma família.

Avanço do Câncer

O câncer continua avançando no Brasil. Em cada ano do triênio 2023/2024/2025, a estimativa é que o país registre mais de 704 mil novos casos da doença. Ou seja, mais de 2 milhões de novos casos de câncer em apenas três anos. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que listou os 21 tipos de neoplasias mais incidentes no Brasil.

A primeira delas é o câncer de pele não melanoma, seguido pelos tumores de mama feminino (74 mil novos casos) e de próstata (72 mil novos casos). Outros tipos de tumores como de intestino, pulmão, colo do útero e estômago seguem tendência crescente. Nas estimativas do INCA, foram incluídos ainda os cânceres de fígado e pâncreas. Cerca de 70% dos casos se concentram nas regiões Sudeste e Sul do país.