O levantamento da Dasa também revela o aumento de 23%, em relação à 2022, do  número de exames que apontaram resultados anômalos -  (crédito: Reprodução/Pixabay)

O levantamento da Dasa também revela o aumento de 23%, em relação à 2022, do número de exames que apontaram resultados anômalos

crédito: Reprodução/Pixabay

 

Levantamento realizado pela Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, apontou, em 2023, o aumento de 7% do número de homens que realizaram exames PSA (Antígeno Prostático Específico), teste utilizado para diagnóstico, monitorização e controle da evolução do câncer de próstata. O dado considera todas as mais de mil unidades de diagnóstico da Dasa, no país, em relação ao mesmo período do ano passado (janeiro a outubro).

 “Esse aumento mostra uma mudança de comportamento. Aos poucos, os homens estão superando a conhecida resistência aos cuidados com a saúde. Nesse sentido, são muito importantes campanhas como o Novembro Azul, que estimulam a conscientização e prevenção às doenças, especialmente ao câncer de próstata”, destaca o Dr. Márcio Nunes da Silva, Coordenador Médico do São Marcos - Saúde e Medicina Diagnóstica, marca que pertence à Dasa.

O levantamento da Dasa também revela o aumento de 23%, em relação à 2022, do número de exames que apontaram resultados anômalos. “Isso significa que há mais riscos para a doença e que a situação precisa ser melhor investigada. São recomendados procedimentos complementares para confirmação do diagnóstico, como o toque retal, exames de imagem e, até, a biópsia da próstata”, explica.

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir de 50 anos de idade procurem um urologista para avaliação individualizada do câncer de próstata. Negros ou homens com parentes de primeiro grau com histórico da doença devem começar o monitoramento antes, aos 45 anos. Em geral, os exames devem ser feitos anualmente, mas o médico pode prescrever outra periodicidade, conforme a avaliação do paciente. “Estes exames são importantes para fazer a triagem e investigação de potenciais alterações da próstata, inclusive o câncer”, acrescenta Dr. Márcio.

Importante ressaltar que mulheres trans, que não retiraram a próstata, também precisam ficar atentas em relação aos exames relacionados a saúde da próstata.

Diagnóstico precoce

O câncer de próstata, no começo, não apresenta sintomas, tem evolução lenta, que demora anos para se manifestar. Quando os sintomas começam a aparecer, geralmente a doença já está em um estágio avançado. “Caso o homem não faça acompanhamento médico regular e não realize os exames de rotina, aumentam as chances de o diagnóstico do câncer de próstata só ser feio tardiamente”, alerta Dr. Márcio.

Segundo ele, o desconhecimento ou preconceito em relação aos exames necessários para acompanhar a saúde da próstata são fatores limitantes ao diagnóstico precoce, que é essencial. “Como na maioria dos cânceres, quanto mais cedo identificado o tumor de próstata, maior a possibilidade de boas respostas aos tratamentos, e consequentemente, maiores as chances de cura”, ressalta.

 Herança genética

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas este ano, devem ser confirmados 72 mil novos casos de câncer de próstata. Além de fatores como tabagismo, obesidade e outros ligados ao estilo de vida, cerca de 10% desses casos são resultado de variantes genéticas hereditárias, ou seja, variantes que são transmitidas na família ou que surgem na formação do indivíduo, enquanto ainda embrião, e por estarem presentes em todas as células desse indivíduo, podem ser transmitidas para os seus filhos. “Apesar de não serem maioria, os tumores na próstata, resultados de alterações hereditárias são normalmente os mais agressivos”, ressalta Dra. Fernanda Soardi, Assessora Técnica em Genética e Genômica das marcas Laboratório Lustosa e São Marcos.

Ela destaca que a predisposição hereditária ao câncer de próstata pode ser considerada quando há histórico pessoal para a doença metastática ou em idade inferior aos 50 anos, em caso de casos familiares com a doença ou quando há histórico familiar antes dos 50 anos para tumores como pâncreas, intestino, melanoma e mama e ovários, por exemplo.

Caso haja histórico pessoal ou familiar, o risco aumentado para desenvolver câncer de próstata pode ser investigado por exames genéticos. “Os painéis multigênicos, por exemplo, para detectar a predisposição hereditária ao câncer, costumam ser a primeira opção. Caso o médico solicitante queira investigar mais alguma suspeita clínica em conjunto, pode optar pela realização do Exoma, um exame genético mais amplo, que investiga a região codificante dos mais de 20.000 genes que formam o indivíduo”, explica. A especialista destaca que a identificação de uma variante genética hereditária permite um acompanhamento médico mais personalizado e, sempre que possível, preventivo, o que favorece a identificação precoce do tumor.