Uurologista e cirurgião robótico Pedro Romanelli, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), diz que o câncer de próstata está naturalmente associada ao processo de envelhecimento masculino e, se há antecedentes familiares, o risco é ainda maior -  (crédito: Arquivo Pessoal)

Uurologista e cirurgião robótico Pedro Romanelli, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), diz que o câncer de próstata está naturalmente associada ao processo de envelhecimento masculino e, se há antecedentes familiares, o risco é ainda maior

crédito: Arquivo Pessoal

“Eu não tinha sintoma nenhum quando descobri um tumor maligno. Porém como meu irmão faleceu de câncer de próstata, eu sabia que podia acontecer comigo também. Passei a fazer consultas e exames regularmente. Foi numa dessas consultas, durante o exame de toque, que o médico identificou uma pequena alteração na próstata. Fizemos o PSA e também deu um pouco alterado. Mas o médico só fechou o diagnóstico com a biopsia: eu realmente estava com câncer.” 

Esse é o relato do empresário Dalton Laranjo, de 62 anos. A cura do tumor ocorreu em 2018, depois que ele se submeteu a uma cirurgia robótica. “Optar por esse procedimento, que é menos invasivo, foi essencial para a recuperação rápida que eu tive, livre de sequelas como incontinência urinária e disfunção erétil. Levo uma vida absolutamente normal”, conta o empresário.

Descobrir o câncer de próstata precocemente é, realmente, fundamental, como explica o urologista e cirurgião robótico Pedro Romanelli, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil). Quando o tumor é identificado em estágios iniciais, as chances de cura chegam a 90%.

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Segundo o urologista, o câncer de próstata é um dos mais comuns entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Essa doença está naturalmente associada ao processo de envelhecimento masculino e, quando há antecedentes familiares, o risco de que ela apareça é ainda maior.

Doença silenciosa

Para piorar, o câncer de próstata é uma doença silenciosa. O mais comum é que não haja nenhum sintoma nas fases iniciais. E é exatamente por isso que as consultas e exames regulares são tão importantes.
Prevenção

O número estimado de casos novos de câncer de próstata no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 71.730, correspondendo a um risco estimado de 67,86 casos novos a cada 100 mil homens.

O diagnóstico da doença é feito por meio da testagem do sangue, conhecido como dosagem de PSA, e do toque retal, em que o médico avalia a presença de nódulos, tecidos endurecidos ou quaisquer outras alterações na estrutura da próstata que possam ser um indicativo de câncer.

O receio masculino acontece, principalmente, em função do toque retal. Pedro Romanelli alerta: “homens a partir de 40 anos, mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um urologista para avaliação individualizada. Aqueles que integram o grupo de risco são orientados a começar os exames mais cedo”.

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A prevenção também ocorre com hábitos de vida mais saudáveis que, além do câncer de próstata, também evitam outras doenças. Assim, deve-se priorizar sempre essas cinco premissas:

1 - Alimentar-se bem; 

2 - Manter o peso corporal adequado para a idade e altura;

3 - Praticar atividade fisicamente regularmente; 

4 - Evitar bebidas alcoólicas; 

5 - Não fumar.

Mesmo sendo uma doença que demora a apresentar sintomas, é preciso estar atento em caso de:

- Dor ao ejacular;
- Mudanças na micção, em que nota-se uma demora tanto para iniciar o jato quanto para que ele termine;
- Diminuição do jato;
- Presença de sangue na urina;
- Aumento na frequência ao banheiro, tanto durante o dia como à noite.


Possibilidades de tratamento

O tratamento do câncer de próstata deve ser individualizado, observando as necessidades de cada paciente e também considerando o estágio da doença, a idade do paciente e as comorbidades existentes.
“Há casos em que, dependendo da evolução da doença e da idade do paciente, podemos apenas acompanhar, fazendo o que chamamos de vigilância ativa. Já outros pacientes vão precisar passar pela quimio ou radioterapia mas, dependendo do estágio do câncer, apenas a cirurgia é suficiente para promover a cura”, explica Romanelli.


E entre as opções cirúrgicas a cirurgia robótica vem ganhando cada vez mais espaço, justamente por proporcionar recuperação mais rápida para o paciente e por preservar melhor os tecidos e estruturas, diminuindo a incidência de sequelas como incontinência urinária e impotência sexual, dois grandes temores dos pacientes diante do tratamento do câncer de próstata.


Ainda em 2018, quando Dalton Laranjo passou pela cirurgia robótica, já sentiu os benefícios dessa alternativa. Ele conta que a técnica foi essencial para que ele retomasse a vida normal que tinha antes de passar pelo câncer de próstata.


Durante a cirurgia e no pós-operatório, o paciente disse que não sentiu nenhuma dor, sua micção seguiu normalmente, sem efeitos colaterais, assim como a vida sexual, não havendo necessidade sequer de fisioterapia. Além disso, relata que após cinco dias de recuperação já voltou ao trabalho e a prática de atividades físicas aconteceu em 15 dias.

Cirurgia robótica na urologia


Com mais de duas mil cirurgias robóticas no currículo, Pedro Romanelli, é um entusiasta da técnica. Além de incisões mínimas, a plataforma robótica permite movimentos delicados e precisos, preservando ao máximo as estruturas próximas à próstata. Tudo isso proporciona uma rápida recuperação e riscos baixíssimos de complicações, além de diminuir a possibilidade de sequelas que vão comprometer a qualidade de vida do paciente.


Mesmo na era do “robô cirurgião” e da possibilidade de rápido tratamento com cirurgia manuseada à distância, o olhar humanizado de um bom profissional para uma condução efetiva é fundamental! Mais que tratar o câncer de próstata, é preciso que isso seja feito com uma abordagem que permita preservar a saúde, a qualidade de vida e o bem-estar do paciente oncológico.


Nesse sentido, o primeiro passo é romper as barreiras que levam os homens a negligenciar a sua saúde, evitando o consultório médico: “Já avançamos muito, mas o preconceito que impede os homens de irem ao médico e de realizar exames ainda é grande. E é uma pena que muitos só percebam isso depois de um diagnóstico de câncer ”, lamenta Romanelli.