O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira da Presidência da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (9/12), após ocupar o assento em protesto contra o processo de cassação de seu mandato. A retirada foi feita por agentes da Polícia Legislativa, enquanto o plenário era gradualmente esvaziado e a imprensa barrada de acompanhar a movimentação.

Braga não integra a Mesa Diretora. Segundo relatos de parlamentares, ele se recusou a deixar o local após manifestações em que contestou a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de incluir seu caso na pauta. A TV Câmara cortou o sinal às 17h34, no mesmo momento em que jornalistas eram orientados a se retirar do plenário.

Depois de sua retirada, Glauber afirmou que houve cerceamento de imprensa e classificou como inédita a interrupção da transmissão. “Até hoje não tinha ouvido falar de cortarem o sinal da TV Câmara para que as pessoas não acompanhassem o que estava acontecendo”, disse. Ele acrescentou que aguardava tratamento semelhante ao dado “àqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara por 48 horas” em episódio anterior.

Questionada sobre a retirada da imprensa, a assessoria do presidente Hugo Motta afirmou que a medida ocorreu em razão de “protocolo”, sem detalhar o procedimento adotado.

O plenário discutia, nesta fase inicial da sessão, discursos de pequeno expediente, sem votações. A pauta prevista para o dia inclui projeto que reduz a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros condenados pela tentativa de golpe.

Segundo Chico Alencar (PSOL-RJ), a decisão de pautar para quarta-feira, 10, o processo de cassação contra Braga foi tomada de surpresa, sem acordo prévio.

Processo de cassação

O caso envolvendo Glauber Braga foi aberto após representação do Partido Novo, em abril de 2024, por embate físico com o militante Gabriel Costenaro e posterior discussão com o deputado Kim Kataguiri (União-SP). O Conselho de Ética aprovou parecer recomendando a cassação em abril deste ano. O recurso apresentado à Comissão de Constituição e Justiça foi rejeitado.

A denúncia sustenta que o deputado teria dado empurrões e chutes para retirar Costenaro das dependências da Câmara. Braga afirmou ao Conselho de Ética que a ação foi reação a provocações e ofensas dirigidas a ele e à memória de sua mãe, falecida semanas depois do episódio.

O relator do processo, deputado Paulo Magalhães, concluiu que houve agressão e mencionou imagens do circuito interno da Câmara. O parecer também cita outras condutas atribuídas a Braga em episódios anteriores, ponto contestado por aliados que afirmam mistura de casos já arquivados.

O plenário deve decidir sobre o processo de cassação após a deliberação de amanhã. Segue indefinida a retomada da sessão suspensa nesta terça-feira.

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