Desconfie e verifique

Proliferação de deepfakes com IA exige cautela redobrada em ano de eleição

A Inteligência Artificial democratiza a criação, mas também ameaça a democracia. Criadores de conteúdo alertam: "Não acredite em tudo que parece real"

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Um vídeo viral nas redes sociais alerta para o risco de deepfakes impulsionados por inteligência artificial nas eleições de 2026. Publicado esta semana pelo perfil @petersonsouza.ai no Instagram, o conteúdo acumula mais de 4 milhões de visualizações ao mostrar o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro realizando gestos e expressões faciais idênticos e sincronizados, demonstrando o potencial de manipulação digital.

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O criador, Peterson Souza, que se apresenta como especialista em IA e automação, acompanha a demonstração com um alerta direto:“Eleições 2026. Cuidado com o que você irá assistir e ouvir. Nem tudo que você verá será real.” Nos comentários, o vídeo recebeu elogios pela transparência em ilustrar os perigos do mau uso da tecnologia durante o período eleitoral, incentivando a conscientização sobre conteúdos falsos que podem viralizar e influenciar a opinião pública.

A tecnologia de deepfakes — vídeos, áudios ou imagens manipulados por inteligência artificial para simular pessoas reais de forma hiper-realista — está se popularizando rapidamente no Brasil. Ferramentas como o modelo Kling 2.6 Motion Control, por exemplo, permitem criar conteúdos falsos com qualidade impressionante, sem necessidade de atores ou maquiagem. O que antes parecia ficção de Hollywood agora é acessível a qualquer pessoa com um computador.

Em 2026, ano de eleições presidenciais e gerais no país, o risco de uso malicioso desses conteúdos cresce exponencialmente. Vídeos falsos de políticos, celebridades ou figuras públicas podem espalhar desinformação em grupos de WhatsApp, redes sociais e plataformas como Instagram, TikTok e X (antigo Twitter), influenciando opiniões e até alterando resultados eleitorais.

Vídeos falsos por IA

Outro alerta recente veio do criador de conteúdo Lucas Rocha (@lucasrochaator), especialista em IA e criação digital. Em um Reels no Instagram, ele demonstra um vídeo gerado por IA e alerta:  “Essa tecnologia tá avançando rápido demais. [...] Ano que vem é ano de eleição no Brasil. E a gente sabe como os grupos de WhatsApp ficam. Hoje já dá pra criar vídeos falsos com rostos e vozes que parecem reais. Por isso é importante preparar quem tá perto de você desde agora. Mostra esse vídeo pros seus pais, pros seus avós, e pra quem ainda acredita em tudo que vê na internet só porque 'parece real'.”

Outros perfis e influenciadores também estão reforçando essa mensagem de desconfiança. Criadores de conteúdo sobre tecnologia, como Bruno Sartori (conhecido por produzir deepfakes "do bem" para conscientização) e veículos de checagem como Agência Lupa, Aos Fatos e Comprova, frequentemente publicam alertas sobre manipulações digitais. No TikTok e Instagram, contas alinhadas a checagem de fatos alertam para deepfakes que simulam apoio político de celebridades, como casos recentes envolvendo falsos vídeos de Lionel Messi e Bruna Marquezine endossando candidatos.

Exemplos recentes de deepfakes no Brasil

Nas eleições municipais de 2024, a proliferação já foi notável:

- Deepfakes de teor sexual contra candidatas, levando a investigações criminais.

- Vídeos manipulados de candidatos "ressuscitando" padrinhos políticos falecidos para declarar apoio.

- Edições de telejornais falsos ou áudios simulando confissões de corrupção.

- Casos em cidades como São Paulo, onde deepfakes de prefeitos foram derrubados pela Justiça Eleitoral.

O número de processos na Justiça Eleitoral sobre deepfakes saltou de 3 (em 2022) para 109 (em 2024), segundo dados do TSE.

Como o TSE vai combater as fake news e deepfakes em 2026

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antecipou-se e aprovou regras rigorosas desde 2024, que serão plenamente aplicadas nas eleições gerais de 2026. A Resolução nº 23.732/2024 proíbe terminantemente os deepfakes em propagandas eleitorais (conteúdos manipulados para simular falas ou situações inexistentes).

Principais medidas:

- Proibição explícita de deepfakes, com pena de cassação de registro ou mandato para candidatos que os utilizarem.

- Obrigação de aviso em conteúdos gerados por IA (ex.: "Conteúdo criado por inteligência artificial").

- Responsabilização das plataformas (big techs como Meta, Google e X): devem remover imediatamente conteúdos com desinformação, discurso de ódio, deepfakes ou incitação antidemocrática, sob pena de sanções.

- Restrição a robôs que simulam diálogos com eleitores.

- Poder de polícia dos juízes eleitorais para remover conteúdos e suspender perfis.

- Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação (CIEDDE) do TSE, que monitora e atua rapidamente contra manipulações.

Especialistas, como a ministra Cármen Lúcia (presidente do TSE) e Alexandre de Moraes, destacam que essas normas são "das mais modernas do mundo" no combate à desinformação e ao uso ilícito da IA.

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Então, desconfie e verifique

A IA democratiza a criação de conteúdo, mas também amplia riscos à democracia. Como alertam influenciadores como Lucas Rocha, o segredo é não acreditar em tudo que parece real. Verifique fontes confiáveis, cheque em veículos de jornalismo e use ferramentas de detecção de deepfakes. Em 2026, a vigilância coletiva será essencial para preservar a integridade das eleições.

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