A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou na manhã desta sexta-feira (28/11) que a COP30, encerrada há uma semana em Belém, consolidou avanços relevantes na agenda climática internacional, apesar de impasses em temas considerados centrais para a transição energética.

Em entrevista ao "Bom Dia, Ministra", ela afirmou que o Brasil conseguiu ampliar o debate sobre financiamento climático, indicadores de adaptação e inclusão de segmentos historicamente vulneráveis no enfrentamento à crise ambiental.

Segundo Marina, a conferência incorporou com mais força a participação de povos indígenas, populações afrodescendentes e mulheres, especialmente as de territórios periféricos, na definição das estratégias globais de mitigação e adaptação.

Para ela, o novo ciclo de investimentos que deve surgir da transição para uma economia de baixo carbono precisa contemplar esses grupos tanto como beneficiários quanto como agentes de formulação de políticas.

"Conseguimos debater financiamento, indicadores de adaptação, colocar povos indígenas e população afrodescendente nos processos de enfrentamento da mudança do clima, colocar as mulheres com um segmento que precisa de cuidados, porque são elas as mais afetadas, principalmente mulheres periféricas, mas também que elas possam ter acesso a financiamento na hora dos novos investimentos desse novo ciclo de prosperidade que tem que acontecer a partir das mudanças climáticas", avaliou.

Apesar disso, ela apontou que a conferência esbarrou na resistência de grandes produtores de petróleo, que bloquearam a inclusão de um compromisso formal de redução gradativa e planejada do uso de combustíveis fósseis no documento final.

Marina citou que a proposta brasileira para criação de um “Mapa do Caminho”, instrumento que delinearia a rota global de superação da dependência dos fósseis, não foi incorporada oficialmente, embora tenha obtido apoio de mais de 80 países e forte repercussão nas discussões multilaterais. 

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A ministra afirmou que a ideia seguirá sendo desenvolvida ao longo dos 11 meses de liderança brasileira na governança climática internacional. Segundo ela, o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter apresentado a proposta sinaliza a intenção do Brasil de exercer influência pelo exemplo, como ocorreu com a retomada do combate ao desmatamento.

"Mais 82 países se perfilaram com a proposta brasileira apresentada pelo presidente Lula e agora será desenvolvida durante a liderança brasileira para os próximos meses. E como eu conheço muito bem o presidente Lula, eu sei que ele não ia propor algo dessa natureza se ele não tivesse pensando em, mais uma vez, liderar pelo exemplo", disse a ministra, ressaltando que a iniciativa não é exclusivamente brasileira, mas é uma medida que o país pretende liderar as discussões.

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