PRIVATIZAÇÃO

Confusão e coro de ‘Barbie da Shopee’ interrompem votação da PEC da Copasa

Clima esquenta no plenário durante debate sobre a proposta que retira o referendo popular para a venda da Copasa. Provocações entre parlamentares gera tumulto

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A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, que retira a obrigatoriedade de referendo popular para a venda da Copasa, foi interrompida na noite desta quinta-feira (23/10) por uma confusão no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O episódio começou após um discurso do deputado Leleco Pimentel (PT) e acabou com gritos de “Barbie da Shopee”, risadas, vaias e troca de acusações entre parlamentares.

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Leleco discursava quando fez referência a uma colega da Casa, sem citar o nome, dizendo que outro parlamentar não havia ido à tribuna “para falar besteira” e “puxar saco de Milei”, em alusão ao à uma participação da parlamentar na última audiência pública realizada na Casa.

“Ele Hely Tarquínio não veio aqui para poder falar besteira como fez uma deputada para vir aqui puxar saco de Milei no outro dia, e que tomou uma vaia, que precisa continuar. Eu não vou citar o nome da deputada, para ela não ter o direito de vir aqui me citar, eu não falo, mas vocês podem falar”, declarou.

A deixa foi suficiente para inflamar o público nas galerias, lotadas por servidores da Copasa em greve. Imediatamente, os manifestantes começaram a entoar o coro de “Barbie da Shopee”, em tom de deboche à deputada Amanda Dias Texeira (PL) a quem Leleco se referia. O apelido ecoou pelo plenário, arrancando risadas de alguns parlamentares e irritando outros.

O deputado então reagiu em tom de ironia: “Por favor, respeitem a Barbie da Shopee”, disse, provocando novas manifestações nas galerias. Deputados da base do governo e da oposição se exaltaram, e a sessão foi momentaneamente suspensa para conter o tumulto.

Deputados pedem respeito

O líder do bloco governista Minas em Frente, Cássio Soares (PSD), tomou a palavra em seguida e pediu respeito entre os colegas e ao público que acompanhava a votação. “Nós temos aqui deputadas que merecem ser tratadas com a dignidade e o respeito que a Casa exige”, afirmou, dirigindo-se à Mesa Diretora.

Leleco reagiu em tom elevado, negando que tivesse ofendido a parlamentar e reiterando que apenas fazia uma crítica política. Em meio à confusão, o presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), interveio e decretou um breve intervalo para restabelecer o andamento da votação.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) também pediu a palavra para tentar apaziguar o clima e ao mesmo tempo reafirmar a importância de um debate respeitoso. “É muito caro para nós ter mulheres na política, mesmo quando elas defendem algo completamente diferente do que acreditamos. Quando a gente começa a adjetivar mulheres, a gente volta para o lugar de onde estamos tentando sair há séculos”, disse.

Ela acrescentou que o debate político deve se concentrar em ideias e não em ofensas. “As nossas palavras têm conteúdo. A minha questão de ordem é esse diálogo entre nós, porque nós temos conteúdo para fazer esse debate. E no mais, a gente se resolve na tribuna”, completou, sob aplausos de parte do público.

Alvo da anedota, a deputada Amanda Teixeira Dias (PL) também se manifestou, elogiando a fala da colega petista e classificando a postura de Leleco como “machista e fútil”. A reação das galerias, no entanto, foi de vaias e gritos tomaram o plenário.

Com o clima mais controlado, a sessão foi retomada, ainda sob forte pressão do público, que permanece acompanhando cada fala dos deputados com manifestações de apoio ou protesto.

A defesa de Beatriz foi reiterada ao longo da sessão por outros parlamentares da oposição. A deputada Lohana França(PV) pediu desculpas à deputada Amanda em nome do Bloco Democracia e Luta e fez um apelo por respeito no debate político.

Em sua fala, destacou que, enquanto as mulheres ainda são alvo de comentários sobre aparência, esse tipo de julgamento nunca recai sobre os homens. “A gente nunca fala de cabelo de homem, a gente nunca fala de unha de homem”, afirmou. Lohana reforçou que o parlamento deve ser um espaço para confronto de ideias, não de estereótipos. “O assunto físico e estético é um não-assunto quando a gente fala dos colegas deputados. O que nos cabe aqui é discutir projetos, economia, fiscalização. Os temas que realmente interessam à população”, completou.

Votação segue sob tensão

Mesmo com o tumulto, a votação da PEC 24/2023 segue em curso. A proposta precisa de 48 votos favoráveis -o equivalente a três quintos do total de parlamentares-para ser aprovada em primeiro turno. Até o momento, a sessão tem sido marcada por longos discursos e tentativas da oposição de atrasar a análise.

Nas galerias, servidores da Copasa mantêm o coro de protestos contra a PEC, que eles apelidaram de “PEC do Cala a Boca”, por entenderem que retira do povo o direito de opinar sobre a venda da companhia.  Desde as primeiras horas do dia, os corredores e galerias da Assembleia foram tomados por trabalhadores da Copasa e representantes de movimentos sociais.

A retirada do referendo popular, incluído na Constituição mineira durante o governo de Itamar Franco, destrava o caminho para a privatização da Copasa, plano defendido pelo governador Romeu Zema (Novo) para garantir recursos a Minas na adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

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Originalmente, o texto incluía também a Cemig e a Gasmig, mas um substitutivo aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em setembro restringiu o alcance à Copasa e à Copanor (Companhia de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais), responsável pelo abastecimento no Norte e Nordeste de Minas.

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