Mineiras acreditam que o Brasil é um país machista -  (crédito:  AFP)

Mineiras acreditam que o Brasil é um país machista

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Sessenta e um por cento das mulheres nascidas em Minas Gerais acreditam que o Brasil é um país muito machista. É o que aponta o "Mapa Nacional da Violência de Gênero”, apresentado pelas deputadas e senadoras da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher no Congresso Nacional.

 

Entre as mineiras, 31% já sofreram algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por um homem. Dentre elas, 23% sofreram violência nos últimos 12 meses. De acordo com os dados, a mais recorrente no estado é a psicológica, declarada por 88% das mulheres de Minas que sofreram violência doméstica ou familiar provocada por homem, seguida pelas violências física (75%) e moral (73%).

 

Os dados divulgados pelas parlamentares ainda apontam que as mineiras consideram o Brasil um país muito machista, sendo representadas por 61% das entrevistadas. O levantamento mostra que boa parte das vítimas do estado, a exemplo do que ocorre no Brasil, vivencia a primeira agressão ainda muito jovem. Para 31%, a primeira ocorrência se deu quando tinham até 19 anos de idade.


Elaborado a cada dois anos, o levantamento integra uma série que tem o objetivo de ouvir cidadãs brasileiras sobre aspectos relacionados à desigualdade de gênero e agressões contra mulheres no país. Para celebrar a 10ª edição da pesquisa, o tamanho da amostra foi ampliado, o que permitiu, pela primeira vez, a análise de dados por estado e no Distrito Federal. Foram entrevistadas 21,7 mil mulheres com 16 anos ou mais, em amostra representativa da opinião da população feminina brasileira.


Pondo em Minas Gerais em evidência, os números apontam que 68% das mineiras afirmam que uma amiga, familiar ou conhecida já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar. Os tipos de violência sofridos pela pessoa conhecida são dos mais variados, sendo as mais recorrentes a violência física (89%), a psicológica (88%) e a moral (81%).

 

A pesquisa também buscou estudar agressões que, embora sofridas pelas mulheres, podem não ser prontamente reconhecidas como tais. Com esse objetivo, todas as entrevistadas, incluindo aquelas que não declararam ter sofrido violência doméstica ou familiar, foram apresentadas a uma lista de 13 situações de violência, como insultos e ameaças feitos por alguém de relação íntima ou familiar, e perguntadas se vivenciaram alguma delas nos últimos 12 meses.


Também foi investigado o grau de conhecimento e a percepção sobre os instrumentos de proteção às mulheres. O levantamento mostra que 69% das mulheres de Minas conhecem pouco sobre a Lei Maria da Penha e que na percepção de 52% delas a lei protege apenas em parte as mulheres contra a violência doméstica e familiar. Entre as cidadãs mineiras, o serviço de proteção mais conhecido são os prestados pela delegacia da Mulher, conhecidos por 92% delas. Já 70% das mineiras afirmam conhecer pouco sobre Medida Protetiva.


Entre as mulheres agredidas, 38% buscaram algum tipo de assistência à saúde, e 79% afirmam não conviver mais com a pessoa que as agrediu.


A pesquisa é uma das bases de dados usada pelo Mapa Nacional da Violência de Gênero, plataforma pública e unificada sobre a violência contra as mulheres no Brasil. A plataforma reúne projetos do Senado, do Instituto Avon e da organização Gênero e Número em um único painel, a fim de criar um instrumento singular e complementar aos demais repositórios de dados já existentes sobre o tema.


O mapa foi selecionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser apresentado na 68ª Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), que será realizada em Nova York no dia 14 de março, mês do Dia Internacional das Mulheres (8 de março).