Michelle Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia em um dos trios elétricos da manifestação pró-Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em SP -  (crédito:  Gabriel Silva/Ato Press/Folhapress)

Michelle Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia em um dos trios elétricos da manifestação pró-Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em SP

crédito: Gabriel Silva/Ato Press/Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores de ato na Paulista em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez críticas neste domingo (25) tanto ao STF como ao TSE em seu discurso durante o evento. O pastor criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes durante as eleições de 2022. 

 

Ele também fez insinuações sobre um suposto papel do presidente Lula (PT) no ataque de 8 de janeiro, organizado por bolsonaristas em 2023. 

A manifestação tem como objetivo que Bolsonaro se defenda de investigações que apontam a atuação do dele no planejamento de um golpe de Estado para se manter no poder. Malafaia foi o idealizador do evento e o responsável pelo aluguel dos dois trios elétricos utilizados no ato.

 

Antes do ato, Bolsonaro havia declarado desejar que o ato fosse pacífico e que não fossem levadas bandeiras e faixas contra qualquer pessoa. 

"Não vim aqui atacar o Supremo Tribunal Federal porque quando você ataca uma instituição, você ataca a república e o estado de direito", disse o pastor. 

Malafaia, porém, disse que revelaria a "engenharia do mal" contra Bolsonaro. 

Ele citou tensões envolvendo Alexandre de Moraes e Bolsonaro e supostas diferenças de tratamento com o então presidente. 

"Todo mundo sabe como foi a eleição. Podiam chamar Bolsonaro de genocida, mas não podia chamar Lula de ex-presidiário", disse. 

Ele também citou casos de 8 de janeiro. 

"Golpe tem arma. Tem bomba. Uma mulher com crucifixo católica que sentou na mesa do presidente do Senado, 17 anos de cadeia", disse. 

Ele afirmou que o sangue de um homem que morreu na prisão após ser preso pelo 8 de janeiro está na mão de Alexandre de Moraes. 

Malafaia, depois, citou supostas diferenças de tratamento entre o MST e os manifestantes bolsonaristas. 

Autor de frequentes discursos agressivos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o pastor havia prometido uma fala mais leve durante o evento. 

Em seus vídeos, o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo costuma dirigir diversas ofensas a Moraes, a quem se refere como "ditador de toga". No mais recente deles, afirmou que o ministro do Supremo persegue Bolsonaro e deveria ser preso por atentar contra o Estado democrático de Direito.

 Malafaia afirmou antes do evento que haveria controle rígido do uso do microfone, para que ele não se tornasse cansativo. 

O ato seria aberto com uma oração feita pela primeira-dama Michelle Bolsonaro e depois tinha previsão de discursos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o senador Magno Malta (PL-ES), e os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO). O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que almeja o apoio de Bolsonaro, optou por não discursar. 

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. 

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados no início do mês. 

A operação tem sido apontada como porta de saída por pastores que se aliaram ao ex-presidente até outro dia, mas não veem mais vantagem nessa relação. 

Malafaia, porém, é um dos que continuou ao lado do ex-presidente após a derrota nas urnas e consecutivos reveses judiciais. À Folha de S.Paulo, ele chamou os colegas de "um bando de covardes e cagões históricos".