Luciane, conhecida como a "dama do tráfico amazonense", com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Luciane, conhecida como a "dama do tráfico amazonense", com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen)

crédito: Reprodução/Redes Sociais

Assessores do Ministério da Justiça receberam duas vezes uma integrante da facção criminosa Comando Vermelho. Luciane Barbosa Farias, mulher de um líder da facção, esteve em duas audiências com dois secretários e dois diretores da pasta comandada por Flávio Dino. Os encontros ocorreram num período de dois meses e o nome dela não consta nas agendas oficiais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Justiça afirma ter recebido Luciane, que também é conhecida como "dama do tráfico amazonense", no entanto, ressaltam que não sabiam quem era. Em nota, a pasta disse que ela integrou uma comitiva e que era "impossível" o setor de inteligência saber previamente sobre a presença dela.

Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o "Tio Patinhas", considerado o "criminoso número um" na lista de procurados pela polícia do Amazonas, até ser preso em dezembro de 2022.

Conforme o Estado de S. Paulo, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, no dia 19 de março. Já no dia 2 de maio, Luciane visitou o Ministério da Justiça como "presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA)", e se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).



Conforme a Polícia Civil do Amazonas, a ONG citada atua em defesa dos presos e que atua em prol dos detentos ligados à facção. Conforme o Estadão, a instituição é financiada com dinheiro de tráfico. Na avaliação de investigadores da corporação, a ONG é apenas uma fachada usada pela facção para "perpetuar a existência da facção criminosa e obter capital político para negociações com o Estado”.

Em uma publicação no Instagram, Luciane disse ter levado a Rafael Velasco e a outras autoridades do Ministério da Justiça “denúncias de revistas vexatórias” no sistema prisional amazonense. Também teria apresentado um “dossiê” sobre “violações de direitos fundamentais e humanos” supostamente cometidas pelas empresas que atuam nas prisões do estado.

"Em resultado destas reuniões o primeiro passo foi tomado em prol aos familiares visitantes de reclusos onde as revistas vexatórias estão em votação com maioria favorável para ser derrubada!", publicou.

Ainda no dia 2 de maio, Luciane também esteve com outras duas autoridades do Ministério da Justiça: Paula Cristina da Silva Godoy, titular da Ouvidora Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, que é diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen.