Dino frisou ainda que os mandados de prisão cumpridos ontem tiveram origem no Poder Judiciário Brasileiro, e que é dever da Polícia Federal investigar os indícios. As operações da PF tiveram início antes do conflito, que já dura mais de um mês  -  (crédito: Minervino Júnior/CB)

Dino frisou ainda que os mandados de prisão cumpridos ontem tiveram origem no Poder Judiciário Brasileiro, e que é dever da Polícia Federal investigar os indícios. As operações da PF tiveram início antes do conflito, que já dura mais de um mês

crédito: Minervino Júnior/CB

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, rechaçou um suposto uso político da operação que prendeu dois suspeitos de planejar ataques terroristas no Brasil — possivelmente ligados ao Hezbollah — pelo governo de Israel. Em postagem nas redes sociais nesta quinta-feira (9/11), Dino declarou que aprecia a cooperação internacional, mas rejeitou o uso político da ação e a antecipação de informações pelos israelenses.

O Hezbollah, grupo terrorista com base no Líbano, é um dos grupos envolvidos no conflito entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza. Embora não haja guerra declarada contra o grupo, combates e ataques com mísseis já ocorreram. Na postagem, Dino esclareceu que as investigações no Brasil nada têm a ver com a guerra no Oriente Médio, que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal" e que líderes estrangeiros não podem antecipar resultados de investigações que ainda estão em andamento.

"O Brasil é um país soberano. A cooperação jurídica e policial existe de modo amplo, com países de diferentes matizes ideológicos, tendo por base os acordos internacionais. Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento", escreveu o ministro da Justiça em sua conta no X (antigo Twitter).

Ontem (8), uma operação deflagrada pela PF prendeu dois suspeitos de planejarem ataques terroristas no Brasil contra instituições da comunidade judaica. A suspeita é que ambos sejam ligados ao Hezbollah, e que a organização terrorista estaria recrutando brasileiros. A PF atuou em cooperação com a Mossad, o serviço secreto israelense.

Dino frisou ainda que os mandados de prisão cumpridos ontem tiveram origem no Poder Judiciário Brasileiro, e que é dever da Polícia Federal investigar os indícios. As operações da PF tiveram início antes do conflito, que já dura mais de um mês.

"Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos", rebateu ainda Dino. Segundo ele, os resultados da investigação da PF, técnicos e isentos, serão enviados ao Judiciário com provas exclusivamente produzidas pelas autoridades brasileiras.

Netanyahu confirmou participação da Mossad
O primeiro-ministro da Israel, Benjamin Netanyahu, comentou a operação ainda ontem. "A Mossad agradece aos serviços de segurança brasileiros pela prisão de uma célula terrorista que era operada pelo Hezbollah para ataques em alvos israelenses e judeus no Brasil", disse Netanyahu, também no X. "Considerando o plano de fundo da guerra em Gaza contra o a organização terrorista Hamas, o Hezbollah e o regime iraniano continuam a operar ao redor do mundo para atacar alvos israelenses, judeus e ocidentais", acrescentou. Israel acusa o Irã de financiar e operar o Hezbollah, que atua no Líbano, o que o Irã nega.

A preocupação do governo com as falas de Israel é que isso possa afetar a posição diplomática do Brasil, que não endossa nenhum dos lados da guerra e defende o cessar-fogo, especialmente devido ao alto número de vítimas em Gaza - mais de 10 mil pessoas já foram mortas em bombardeios e na invasão israelense.