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Proibição de celulares em sala de aula melhora aprendizagem

"O maior contato com as telas também amplia a presença da ansiedade, depressão, irritabilidade e o isolamento entre os jovens, sobretudo, devido às redes sociai

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O uso de celulares em sala de aula por estudantes nunca foi tão discutido. Somente no ano passado, o assunto retornou diversas vezes à mídia e, agora, com a sanção do projeto de lei para regras sobre o que fazer, o tema ganha ainda mais espaço nas redes sociais e comunidades escolares. Uma pesquisa da Nexus, empresa especializada em inteligência de dados, apontou que a maioria (86%) da população, de 16 anos ou mais, estaria de acordo com a proibição dos celulares nas escolas.


Atualmente, o estado de Minas Gerais tem uma lei para utilização do aparelho somente em atividades pedagógicas. No Rio de Janeiro, a prefeitura decidiu limitar o período de acesso para somente antes do início das aulas no ano passado e, já em São Paulo, a princípio, a Secretaria de Educação optou por bloquear acesso a redes sociais e aplicativos conectados ao Wi-Fi, mas um projeto de proibição para a rede pública e privada foi aprovado e deve ser sancionado em breve.


A TIC Educação realizou um estudo com mais de três mil instituições, em 2023, registrando a proibição em 28% dos colégios brasileiros nos níveis fundamental e médio das redes públicas e privadas. Em 64% delas, o equipamento é liberado de maneira moderada e, em 7% não existe qualquer regra para controle nas dependências.


O estudo ainda revelou o aumento da popularidade da proibição ao longo dos anos. Para turmas de até 5° ano, a ação saltou de 32% para 43%, em três anos, mas, entre aquelas que também oferecem o ensino médio, o crescimento foi de apenas 1%, chegando a 8%.


Devido à liberdade, diversas escolas não esperaram por uma decisão governamental. O veto é mais frequente entre escolas particulares, 30%, contra 12% das estaduais e 33% das municipais.


Toda a movimentação acontece devido à preocupação em relação aos efeitos de um longo período exposto às telas, para a concentração, capacidade de aprendizagem e, também, na saúde, uma vez que oftalmologistas afirmam que a elevação de casos de miopia entre crianças e adolescentes está diretamente ligada a esse hábito.


A dificuldade de manter a atenção e memorizar informações acontece pelo excesso de estímulos visuais e auditivos do celular, com as redes sociais e todos os conteúdos encontrados disponíveis. As características das redes sociais geram dificuldade para o cérebro focar nos acontecimentos e, consequentemente, guardar as informações de maneira apropriada.


Dessa forma, o desempenho acadêmico juvenil está cada vez mais prejudicado. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) identificou que aparelhos eletrônicos impactaram a capacidade de oito em cada 10 alunos brasileiros de prestarem atenção nas aulas de matemática, em 2022.


O maior contato com as telas também amplia a presença da ansiedade, depressão, irritabilidade e o isolamento entre os jovens, sobretudo, devido às redes sociais e as eventuais comparações feitas sobre o estilo de vida e aparência, comprometendo a autoestima.


Vale lembrar que as escolas não têm a função de apenas ensinar, entretanto, o ambiente também promove a socialização estudantil, afetada pelos celulares de uso individual. O contato com outros jovens é importante por uma série de motivos, uma vez que estimula o desenvolvimento de habilidades sociais necessárias para o futuro, aumenta a autoestima e melhora a saúde mental.


O Brasil não é o único país a debater esse problema. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que um a cada quatro países tenha uma lei para restringir o aparelho em escolas, de forma total ou parcial, como Estados Unidos, França, Itália, Finlândia e Holanda.


Os aparelhos eletrônicos expandem as maneiras como os professores podem aplicar determinados conteúdos em sala de aula, porém, é preciso compreender quais são os limites e prevenir a criação de vícios, até a dependência total, que afetará o futuro desse estudante.

Ângela Mathylde Soare

PHD em Neurociências, psicanalista e psicopedagoga

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