Em um gesto de solidariedade e diálogo entre religiões, o sheikh muçulmano Rodrigo Jalloul transmitiu ao vivo, por meio de suas redes sociais, a missa de Natal celebrada pelo padre Júlio Lancellotti, apesar de uma proibição imposta pela Arquidiocese de São Paulo.

O ato, realizado na manhã do dia 25 de dezembro, destacou a propagação da palavra de Deus além de barreiras institucionais e religiosas, culminando em um café da manhã oferecido a cerca de 400 pessoas em situação de rua.

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O padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho junto aos mais vulneráveis na capital paulista, foi vetado de transmitir missas ao vivo em dezembro, por determinação do cardeal arcebispo Dom Odilo Scherer. No entanto, Jalloul, que não comemora o Natal e reconhece que a missa não faz parte dos ritos islâmicos, decidiu compartilhar a cerimônia como um gesto de "fraternidade e irmandade entre as religiões".

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Em sua postagem, o sheikh escreveu: "Padre Júlio fica! Ninguém pode banir que a palavra de Deus seja propagada!". A missa ocorreu por volta das 7h40 no Centro Comunitário Santa Dulce dos Pobres, na Mooca, zona leste de São Paulo, seguida pela distribuição de alimentos, onde Jalloul contribuiu com itens e o padre complementou a iniciativa.

Resistência 

Essa demonstração de união inter-religiosa ressoa com temas centrais da homilia proferida pelo papa Leão XIV durante a Missa do Galo, na noite de 24 de dezembro, na Basílica de São Pedro. Em sua primeira celebração natalina como pontífice, coincidindo com o encerramento do Jubileu da Esperança, o papa enfatizou que "não há espaço para Deus se não houver espaço para o homem", alertando que negar acolhida aos pobres e frágeis é equivalente a rejeitar o próprio Deus.

Ele recordou que o Natal revela a divindade na humildade de um recém-nascido, criticando uma "economia distorcida" que trata as pessoas como mercadorias e exortando os fiéis a acolher crianças, pobres e estrangeiros como forma de encontrar o Salvador.

Na homilia, Leão XIV destacou o Natal como "festa da fé, da caridade e da esperança", onde o dom de Jesus se realiza na "dedicação fraterna". Essa ênfase na proximidade ao próximo e na solidariedade humana ecoa diretamente no gesto de Jalloul e Lancellotti, que transformaram a celebração em uma ação concreta de caridade, promovendo a paz e a união entre diferentes crenças.

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O papa ainda evocou os pastores como símbolo de despertar para a vida, proclamando a glória de Deus na paz entre os homens, um chamado que parece se materializar na iniciativa paulista de fraternidade inter-religiosa e assistência aos desabrigados.

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