Notícias recentes de abuso infantil têm trazido à tona a dura realidade desse crime, que muitas vezes ocorre de forma silenciosa e dentro de casa. Na segunda feira (10/11) um homem foi preso em Contagem (MG) suspeito de manter arquivos de exploração sexual envolvendo crianças e adolescentes e no dia 29/10 um pastor de Goiás foi preso acusado de estuprar três crianças, incluindo as duas filhas.
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Casos como estes mostram que o poder público ainda tem muito o que avançar no combate a este tipo de crime. Dentro de casa, identificar os sinais de que uma criança pode estar em perigo é o primeiro passo para interromper o ciclo de violência e garantir sua proteção.
Perfil do abuso no Brasil
O abuso raramente vem de estranhos. Na maioria das vezes, o agressor é uma pessoa próxima e de confiança da família, o que torna a identificação e a denúncia ainda mais complexas. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, o ano de 2024 registrou o maior número de estupros e estupros de vulnerável da história, com um total de 87.545. Destes, 76,8% foram cometidos contra vulneráveis.
O levantamento também aponta que crianças e adolescentes são as principais vítimas. A faixa etária que mais sofre o crime é entre 10 e 13 anos (32,9%), seguida de 5 a 9 anos (18,2%).
Além disso, 65,7% dos estupros acontecem dentro de casa e 45% são cometidos por familiares. Quando se aplica o recorte etário de vitimas menores de 14 anos, esse último índice sobre para 59,9%. Por isso, é fundamental que pais, familiares e educadores estejam atentos a mudanças sutis, mas significativas, no comportamento infantil.
Sinais de alerta no comportamento
As vítimas de abuso frequentemente alteram seu comportamento de maneira drástica. O medo e o trauma se manifestam de diversas formas, e é preciso sensibilidade para perceber os sinais. Fique atento se a criança apresentar:
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Mudanças bruscas de humor: episódios de irritabilidade, agressividade ou tristeza repentina sem motivo aparente.
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Isolamento social: deixar de brincar com amigos, evitar o convívio familiar ou se fechar no próprio mundo.
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Medo de pessoas ou lugares específicos: demonstrar pânico ou ansiedade intensa ao ficar perto de um adulto em particular ou ao visitar certos locais.
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Comportamento sexualizado inadequado: usar palavras, fazer desenhos ou ter atitudes de conotação sexual que não são compatíveis com sua idade.
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Regressão no desenvolvimento: voltar a ter comportamentos de fases anteriores, como fazer xixi na cama ou chupar o dedo.
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Queda no rendimento escolar: dificuldade de concentração, notas baixas e desinteresse repentino pelos estudos.
Sinais físicos a observar
Além das mudanças comportamentais, o corpo também pode apresentar marcas da violência. É importante observar com atenção e buscar ajuda médica ao notar:
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Machucados inexplicáveis: hematomas, arranhões ou marcas em áreas do corpo que geralmente ficam cobertas por roupas.
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Dificuldade para andar ou sentar: queixas de dor na região genital ou anal.
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Infecções recorrentes: problemas urinários ou genitais que se repetem com frequência.
Como agir e onde buscar ajuda
Ao desconfiar de um caso de abuso, a primeira atitude é acolher a criança, ouvir o que ela tem a dizer sem julgamentos e garantir que ela se sinta segura. Nunca confronte o suspeito, pois isso pode colocar a vítima em maior risco e destruir provas.
A denúncia, que pode ser feita por qualquer pessoa, inclusive pela própria vítima, é um ato de proteção e pode ser feita de forma anônima, garantindo a segurança de quem denuncia sem necessidade de identificação. Os canais oficiais são os mais seguros e preparados para lidar com a situação de forma adequada. Procure um dos seguintes serviços:
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Disque 100 (Disque Direitos Humanos): um canal gratuito e anônimo que funciona 24 horas por dia. A denúncia pode ser feita por telefone, WhatsApp (61) 99611-0100, Telegram (buscar 'direitoshumanosbrasil') ou por videochamada em Libras para pessoas surdas ou com deficiência auditiva. A denúncia é encaminhada aos órgãos competentes.
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Conselho Tutelar: é o órgão responsável por zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes. Busque a unidade mais próxima de sua residência para relatar a suspeita.
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Delegacia de Polícia: qualquer delegacia pode receber a denúncia, preferencialmente as Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCAs), quando disponíveis na sua cidade.
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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.
