O relato de 'Nadia', uma das vítimas de Christopher Harkins, conhecido como o 'predador do Tinder' na Escócia, acendeu um alerta urgente sobre a segurança em aplicativos de relacionamento. Divulgado no podcast investigativo da BBC "Matched with a Predator" nessa segunda-feira (10/11), o caso expõe a vulnerabilidade dos usuários e pressiona as plataformas por mais responsabilidade.
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A história de 'Nadia' é apenas uma entre as de mais de 30 vítimas identificadas. Em 2024, Harkins foi condenado a 12 anos de prisão após ser condenado por 19 crimes contra 10 mulheres, incluindo violência física e sexual. O caso também revelou uma falha sistêmica: desde 2012, pelo menos 11 mulheres tentaram denunciá-lo à polícia, mas as autoridades falharam em conectar os relatos. A experiência, compartilhada em primeira pessoa no podcast, detalha a perseguição, manipulação e os danos psicológicos duradouros que um breve encontro pode causar.
O caso de Harkins impulsiona o debate sobre o papel das empresas de tecnologia. Embora muitos aplicativos ofereçam ferramentas de denúncia e bloqueio, essas medidas são reativas, ativadas somente após um incidente já ter ocorrido.
Enquanto as plataformas não avançam, a segurança pessoal se torna uma prioridade. Adotar certas precauções pode diminuir os riscos e garantir que a experiência de conhecer alguém online seja mais segura.
Evite golpes
Criminosos usam as plataformas para atrair vítimas a situações que terminam em violência e grande prejuízo financeiro. O golpe geralmente começa com uma conversa aparentemente normal. Após o "match", o golpista busca ganhar a confiança da vítima e rapidamente sugere migrar a conversa para outro aplicativo, como o WhatsApp, para ter um contato mais direto e obter o número de telefone.
O passo seguinte é marcar o primeiro encontro. Em vez de locais públicos e movimentados, o criminoso insiste em lugares mais isolados, como um parque pouco frequentado, ou até mesmo na casa da própria vítima. É neste momento que a emboscada é montada.
Ao chegar ao local combinado, a pessoa é rendida por um ou mais cúmplices. Sob grave ameaça, é forçada a realizar transferências via Pix, entregar senhas de cartões e aplicativos bancários, além de ter o celular e outros pertences roubados. Em muitos casos, a vítima é mantida refém por horas.
Dicas para se proteger em encontros por aplicativo
Pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença na sua proteção. A ideia não é gerar pânico, mas sim criar um ambiente de controle e confiança para conhecer alguém novo. Veja o que fazer:
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Pesquise antes de sair: faça uma busca rápida pelo nome da pessoa na internet e verifique seus perfis em outras redes sociais. Veja se as informações batem e se existem amigos em comum. Desconfie de perfis recém-criados, sem fotos ou com pouquíssima atividade.
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Sugira uma videochamada: antes de marcar o encontro presencial, uma conversa rápida por vídeo ajuda a confirmar a identidade da pessoa e ter uma primeira impressão. É uma forma simples de verificar se a conversa flui e se você se sente à vontade.
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Escolha um local público e movimentado: para o primeiro encontro, prefira locais como cafeterias, shoppings ou restaurantes durante o dia. Evite ir à casa da pessoa, convidá-la para a sua ou frequentar lugares isolados e desconhecidos.
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Avise alguém de confiança: compartilhe com um amigo ou familiar os detalhes do encontro, como nome, foto da pessoa, local e horário marcados. Enviar a sua localização em tempo real pelo celular é uma camada extra de segurança.
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Confie na sua intuição: durante o encontro, preste atenção aos seus sentimentos. Se algo parecer estranho, desconfortável ou suspeito, não hesite em encerrar a conversa e ir embora. Você não deve explicações a ninguém.
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Mantenha o controle sobre seus pertences: nunca deixe sua bebida desacompanhada e mantenha seu celular, bolsa e carteira sempre com você e à vista. Esteja atento ao seu redor, principalmente ao ir ao banheiro.
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Tenha um plano de fuga: se sentir necessidade, tenha uma estratégia para sair da situação. Uma tática comum é combinar um código com um amigo, que pode te ligar no meio do encontro com uma "emergência" para servir como desculpa para ir embora.
Lembre-se que sua segurança é a prioridade. Caso se sinta em uma situação de perigo ou ameaça, não hesite em procurar ajuda. No Brasil, canais como a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) e a Polícia Militar (Ligue 190) estão disponíveis para denúncias e emergências.
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Caso você se torne uma vítima, a recomendação é e procurar a polícia e registrar um Boletim de Ocorrência o mais rápido possível, fornecendo todos os detalhes que conseguir se lembrar. Preserve todas as conversas e informações do perfil falso, pois elas servem como provas importantes para a investigação. O registro pode ser feito em qualquer delegacia da Polícia Civil ou por meio da delegacia virtual.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.
