'Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro

'Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", diz Freixo

crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil

 

O deputado federal licenciado Marcelo Freixo (PSol-RJ) revelou no X (antigo Twitter) que ligou para o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, após a notícia da morte da vereadora Marielle Franco (PSol). O delegado disse que a polícia investigaria o caso.

 

No entanto, Rivaldo é um dos presos da operação deflagrada pela Polícia Federal neste domingo (24/3), apontado como um dos suspeitos da morte de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

“Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”, disse.

 

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“Foram 5 delegados que comandaram as investigações do inquérito do assassinato da Marielle e do Anderson, e sempre que se aproximavam dos autores eram afastados. Por isso demoramos seis anos para descobrir quem matou e quem mandou matar. Agora a Polícia Federal prendeu os autores do crime, mas também quem, de dentro da polícia, atuou por tanto tempo para proteger esse grupo criminoso. Essa é uma oportunidade para o Rio de Janeiro virar essa página em que crime, polícia e política não se separam”, concluiu Freixo.

 

Na delação de Ronnie Lessa, assassino de Marielle, disse aos policiais que o ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, planejou detalhadamente a morte da vereadora e garantiu que nenhum dos executares do crime seriam pegos pelo crime.

Rivaldo era chefe do Departamento de Homicídios e assumiu a chefia da corporação em 13 de março, um dia antes da morte da vereadora. Ele foi nomeado pelo então interventor federal do Rio, general Braga Netto.

 

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A operação foi coordenada pela PF, com apoio da Procuradoria-Geral da República (PGR) e com o Ministério Público do Rio. Os mandados de prisão e busca e apreensão na capital carioca foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Motivações

 

A motivação, segundo os investigadores, pode estar atrelado ao embate da ex-parlamentar com a milícia coordenada pelo clã Brazão, alvos da operação deste domingo.

Além de Rivaldo, foram presos o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ). Os três suspeitos serão interrogados ainda neste domingo (24/3), na superintendência da PF, no Rio de Janeiro.

O clã Brazão coordena Jacarepaguá, zona oeste carioca, região dominada por grupos paramilitares. Domingos Frazão já chegou a ser citado na CPI das Milícias, em 2008.


A PF trabalha com outras teses, mas a expansão territorial e questões fundiárias são as informações que mais ganham força. Os investigadores conseguiram chegar nos três nomes após a homologação da delação do ex-policial militar e assassino confesso da ex-vereadora, Ronnie Lessa, além de provas coletadas pelos investigadores antes de Ronnie topar falar.