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CINEMA

"Apocalypse now" voltou ao cinema em nova versão 40 anos após estrear

"Final cut" chegou às telas em 2019. "O público poderá ver, ouvir e sentir este filme como sempre sonhei, afirmou o diretor Francis Ford Coppola

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Francis Ford Coppola manteve sua obsessão por "Apocalypse now" durante quatro décadas, depois da estreia do filme, em 1979. O clássico do cinema retornou às telonas em 2019, em nova versão restaurada, com meia hora a mais que o original.

Apesar do sucesso de seu filme sobre a guerra do Vietnã, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1979 e se tornou uma referência da sétima arte, Coppola nunca ficou satisfeito com a obra original, que havia condensado em 2 horas e 33 minutos.


Segunda versão



Em 2001, fez nova versão ampliada em 49 minutos, "Apocalypse now redux", com cenas que haviam sido excluídas da versão original.


"Apocalypse now: Final cut", com três horas de duração, é o meio termo entre as versões anteriores, com restauração pela primeira vez a partir do negativo original, que levou quase um ano de trabalho e qualidade de imagem melhorada.



"Melhor versão do filme", segundo o cineasta, este "Final cut", apresentado pela primeira vez em abril de 1979 no Festival de Tribeca, em Nova York, "traz uma qualidade de imagem e de som superior à anterior", disse Coppola. "O público poderá ver, ouvir e sentir este filme como sempre sonhei", acrescentou.



O cineasta declarou que "sempre lamentou alguns cortes" que teve que fazer em 1979, mas a segunda versão lhe parecia "talvez longa demais", daí esta terceira.

“Loucura obsessiva”

 

A restauração evidencia a relação obsessiva que o diretor com este clássico do cinema.


Gilles Jacob, ex-presidente do Festival de Cannes, lembra em um livro que em 1979 Coppola "chegou a tal nível de loucura obsessiva que, no mês anterior a Cannes, criou um final por semana".



O cineasta americano apresentou dois finais possíveis no festival francês. Uma "última dúvida" surgiu para coroar sua "incapacidade" para "montar cinquenta mil metros de filme" e "decidir entre diferentes montagens", trabalho que levou mais de dois anos, ressaltou Jacob.



Primeiro surgiram problemas com os atores: escolhido especialmente após a recusa de Steve McQueen, Harvey Keitel desagradava Coppola. Substituiu-o por Martin Sheen, mas este sofreu um infarto em 1977 e teve que se ausentar por várias semanas. Marlon Brando chegou ao set sem ter se preparado.


Tufão, surtos e drogas



As condições climáticas também foram muito difíceis. No fim de maio de 1976, o tufão Olga destruiu o cenário e o material, o que interrompeu a produção durante seis semanas.



A isso se somaram os surtos paranoicos de Coppola, sob os efeitos de drogas, que perdeu cerca de 40kg e teve que hipotecar bens para financiar o filme. O orçamento, inicialmente de 13 milhões de dólares, passou para 30 milhões, levando-o à beira da ruína.



"Sejamos honestos. Eu estava com medo", confessou o cineasta no Festival de Tribeca. “Mas se você quer fazer arte, é preciso aceitar o risco", concluiu.

Loucura na selva

A adaptação livre do romance de Joseph Conrad "O coração das trevas", que conta o périplo do capitão Willard (Martin Sheen no filme), encarregado de encontrar e eliminar o coronel Kurtz (interpretado por Marlon Brando), enfrentou dificuldades inimagináveis.


"Estávamos na selva. Éramos muitos. Tínhamos dinheiro demais, material demais. E pouco a pouco, nos tornamos loucos", declarou Coppola.


A filmagem começou em 20 de março de 1976 nas Filipinas. Prevista para durar algumas semanas, acabou se prolongando por 238 dias.

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