Hospital Regional de Juiz de Fora teve suas obras descontinuadas -  (crédito: Divulgação / Governo de MG)

Hospital Regional de Juiz de Fora teve suas obras descontinuadas

crédito: Divulgação / Governo de MG

O Governo Romeu Zema (Novo) decidiu descontinuar a obra do Hospital Regional de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que iria destinar atendimento médico para 94 municípios da região.

 

Na última sexta-feira (13/4), o Governo de Minas encaminhou um ofício para a Prefeitura de Juiz de Fora informando sobre o fim das obras. A justificativa é que o imóvel construído está com sérios problemas de infraestrutura. O imóvel conta com 56% das obras finalizadas.

 

“Abandonada desde 2017, a estrutura foi vandalizada e se deteriorou com o decorrer do tempo. A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias contratou uma empresa para fazer o diagnóstico do local para entender quais seriam as necessidades e quais eram os entraves para a retomada da obra e os prazos de conclusão. O diagnóstico realizado apresentou uma série de problemas. Vários equipamentos que já haviam sido instalados foram danificados ou furtados, necessitando que as obras sejam refeitas. Além disso, o laudo colocou em dúvida a solidez do Edifício para utilização”, informou o governo no ofício.

 

Segundo o Governo de MG, esses pontos trazem dificuldade para o término da obra. No melhor cenário, descreve o ofício, o hospital só seria aberto em 2028.

 

“Em um cenário otimista de retomada das obras faria com que o hospital só fosse inaugurado em 2028, ainda sem uma estimativa clara do orçamento total, em função da ausência de dados técnicos sobre aos danos estruturais e o retrabalho necessário em virtude dos vícios de construção”, informou o ofício.


Verba pode ir para Hospital Universitário

Ainda no ofício encaminhado à Prefeitura de Juiz de Fora, o Governo de MG explica que reservou R$ 150 milhões para o término do Hospital Regional. Para que o recurso continue aplicado em Juiz de Fora, propôs destinar o valor para o Hospital Universitário da UFJF, que está em expansão e deve ter as obras entregues até 2026.

 

“Um dos investimentos poderá ser o repasse de recursos para viabilizar e agilizar a ampliação do Hospital Universitário da UFJF. Outros investimentos estão em estudos e serão viabilizados em outras ações de fortalecimento da saúde para a região a serem anunciadas brevemente. O Governo de Minas garante que os investimentos que seriam feitos na retomada do Hospital Regional de Juiz de Fora e que já estão reservados, serão destinados para facilitar e melhorar o acesso à saúde dos mineiros de Juiz de Fora e da Zona da Mata”, finalizou o ofício.

A reportagem do Estado de Minas apurou que o ofício do Governo do Estado desagradou a gestão de Margarida Salomão (PT). Margarida e Zema têm um relacionamento protocolar desde o começo da gestão da petista.

 

Internamente, dentro da PJF, critica-se o fato de que em nenhum momento o Governo de MG procurou a prefeitura para dialogar sobre a descontinuidade das obras do Hospital Regional.

 

Além disso, a retomada das obras foi pactuada entre Ministério Público, Governo do Estado e Prefeitura de Juiz de Fora em junho de 2022. O governador Romeu Zema falou da finalização das obras durante a campanha eleitoral daquele ano.

 

Em nota publicada no site, a Prefeitura de Juiz de Fora informou que “está avaliando a mudança na situação e pretende em breve se manifestar após contatos mais informativos de parte do governo de Minas e da Universidade Federal de Juiz de Fora”.

 

A UFJF informou que não vai se manifestar neste momento. O Ministério Público e o HU-UFJF não responderam nosso pedido de informação.

Obra já custou R$ 150 milhões

O Estado de Minas conseguiu informações via Lei de Acesso à Informação que mostram que o Hospital Regional de Juiz de Fora já custou R$ 110,4 milhões aos cofres públicos. Aplicando correção monetária e inflação do período, esse valor ultrapassa R$ 150 milhões.

 

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) reprovou a prestação de contas referentes ao Hospital Regional, “por serem identificadas irregularidades da execução física da obra ao final do processo de prestação de contas”.

 

No entanto, mesmo com essa análise do TCE, nenhum agente público foi punido. O Governo de MG não respondeu sobre o que será feito com o imóvel.