Depois de mais de cinco décadas de proibição, a Lagoa da Pampulha voltou a receber embarcações, mas não de forma irrestrita. A assinatura do termo de cooperação técnica entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Marinha do Brasil, neste sábado (13/12), marca o início de um processo gradual e controlado de retomada da navegação no cartão-postal da capital.

Somente duas categorias de embarcações estão autorizadas a circular no espelho d’água neste momento: as embarcações oficiais da Marinha do Brasil e o barco turístico contratado pela Prefeitura de Belo Horizonte por meio de licitação. Todo o restante, desde barcos particulares até jet-skis e atividades recreativas individuais, segue proibido, sem previsão imediata de liberação.

“Aquele que tem o sonho de andar jet-ski dentro da lagoa, como eu também tenho, ou de usar barco próprio vai ter que aguardar um pouco mais. É tudo muito novo, a gente vai devagar, com responsabilidade”, afirmou o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), em coletiva de imprensa na manhã deste sábado.

Ele reforçou que navegar não equivale a liberar o espelho d’água para banho, lazer irrestrito ou circulação de embarcações privadas. “Foi tudo feito com muito critério e muita responsabilidade. Navegar não é direito para nadar. A navegação vai acontecer por meio de um decreto autorizativo da Prefeitura, sempre em parceria com a Marinha do Brasil”, afirmou.

O modelo adotado, segundo o dirigente, será de uma implantação progressiva, com foco em segurança, ordenamento e acompanhamento técnico. Apenas em um momento posterior poderão ser discutidas autorizações para atividades esportivas, como treinamentos e competições, e somente para atletas profissionais vinculados a federações e confederações.

 

Mesmo assim, essas liberações dependerão de diálogo institucional e de avaliações técnicas sobre impacto, segurança e compatibilidade com o uso turístico e ambiental da lagoa. “Vamos conversar com federações e confederações para ver quais modalidades poderão ser autorizadas no futuro”, disse.

Somente em uma etapa ainda mais distante, segundo o prefeito, poderá ser debatida a liberação para uso recreativo mais amplo. Por enquanto, essa possibilidade está descartada. “O lazer individual, que muita gente imagina que já pode acontecer, continua sem poder. Isso é muito importante deixar claro”, reforçou.

Como irão funcionar os passeios?

A embarcação turística que fará os passeios é um catamarã com capacidade para até 30 passageiros sentados, escolhido para permitir a contemplação dos principais monumentos do Conjunto Moderno da Pampulha, como a Igreja de São Francisco de Assis, o Museu de Arte da Pampulha e a Casa do Baile.

O barco chegou a Belo Horizonte na sexta-feira (12/12) e deve começar a operar nos próximos dias, assim que forem concluídos os ajustes finais, como a plotagem visual e a emissão das licenças obrigatórias.

Os passeios, previstos para começarem na próxima semana, serão gratuitos e realizados em caráter experimental, com duração inicial de três meses. Durante esse período, as saídas ocorrerão de quinta-feira a domingo, com três horários diários entre 8h e 17h. Cada passeio terá duração aproximada de uma hora, incluindo embarque, navegação e desembarque. Os ingressos serão disponibilizados em um site próprio da prefeitura, ainda a ser divulgado.

Durante o percurso, os passageiros serão acompanhados por um guia turístico, que apresentará informações históricas, arquitetônicas, culturais e ambientais sobre o conjunto, reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Para a prefeitura, a retomada controlada da navegação também busca alterar a percepção histórica da Lagoa da Pampulha, frequentemente associada apenas à poluição. Damião defendeu que a navegação no trecho autorizado ajuda a mostrar uma nova imagem do local.

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“Sempre chamaram a lagoa de esgoto a céu aberto. Isso não é verdade. Há uma parte que recebe esgoto, sim, mas existe outra parte que pode receber embarcação, como está recebendo hoje a Marinha”, afirmou. Ele destacou ainda o impacto simbólico da iniciativa. “A imagem que as crianças vão levar da lagoa, a imagem que o turista vai levar para o estado dele ou para o país dele, é o que mais importa agora”, disse.

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