BR-381 volta a preocupar após relato de aumento de acidentes
A Nova 381, concessionária responsável pela via, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) serão acionadas
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Apesar das intervenções realizadas ao longo da BR-381, cresce entre autoridades e moradores a apreensão diante de um possível aumento no número de acidentes no trecho entre Caeté e Governador Valadares. A Nova 381, concessionária responsável pela via, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) serão acionadas pelo Movimento Pró-Vidas para confirmar informações recentes e avaliar a necessidade de medidas adicionais de prevenção.
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As manifestações chegaram ao movimento após declarações do prefeito de Rio Piracicaba, Augusto Henrique, que também preside a associação municipal da microrregião do Médio Rio Piracicaba. Segundo ele, têm circulado “diversos comentários sobre o crescimento das ocorrências” na rodovia. A preocupação foi compartilhada ainda pelo ex-deputado Mauri Torres e pela vice-prefeita de João Monlevade, Dorinha Machado.
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Histórico reforça alerta
A BR-381 acumula décadas de riscos associados a traçado sinuoso, tráfego intenso de veículos pesados e deficiências estruturais, fatores que lhe renderam o apelido de “Rodovia da Morte”. Dados obtidos para o período de 2018 a 2023 indicam que, apenas no trecho estadual entre Belo Horizonte e Governador Valadares, ocorreram cerca de 3.960 acidentes, resultando em aproximadamente 420 mortes.
O trecho sob concessão entre Caeté e Governador Valadares passou, ao longo de 2025, por um plano emergencial de intervenções: recuperação do pavimento, reforço da sinalização horizontal e vertical, drenagem, limpeza de canaletas, instalação de guarda-corpos e aplicação de pavimento rígido em pontos críticos. Os trabalhos, porém, não afastaram completamente a apreensão de lideranças regionais.
Experiências recentes em outras rodovias concedidas, como a BR-040, ajudam a explicar a cautela. Após obras realizadas pela EPR Via Mineira, aumentou o volume de registros, embora com redução na gravidade das ocorrências. A percepção no Movimento Pró-Vidas é de que melhoria da infraestrutura não produz efeito isolado se não vier associada a fiscalização contínua, sinalização adequada e campanhas de conscientização.
Ao Estado de Minas, o coordenador do Movimento Pró-Vidas, Clésio Gonçalves, informou que pretende agendar uma visita técnica à concessionária para conhecer o funcionamento do Programa de Redução de Acidentes — inspirado em ações adotadas na BR-040 — e avaliar o que pode ser implementado na 381. Segundo ele, o superintendente da ANTT em Minas Gerais, Marcelo Alcides, confirmou que a agência fará um levantamento completo dos registros recentes no trecho sob gestão da Nova 381.
De acordo com Gonçalves, mesmo que haja incremento no total de ocorrências, é possível que o índice de gravidade — e, consequentemente, o número de mortes — esteja diminuindo. A Nova 381 afirma que pretende ampliar o monitoramento por meio de tecnologia: estão previstos 68 novos pontos de fiscalização eletrônica nos próximos meses. Sistemas de inteligência artificial deverão monitorar a via em tempo real, identificando riscos relacionados a sonolência ao volante e mudanças bruscas de comportamento do condutor.
O que muda, e o que ainda falta
Embora as obras tragam expectativa de redução da gravidade dos acidentes, a BR-381 segue exigindo atenção redobrada. A combinação de topografia sinuosa, fluxo elevado de caminhões e pontos historicamente críticos mantém a preocupação de que as ocorrências possam continuar frequentes.
O Movimento Pró-Vidas defende a adoção simultânea de medidas: fiscalização rigorosa dos limites de velocidade e comportamento dos motoristas; monitoramento tecnológico com radares e câmeras; sinalização clara, sobretudo em trechos de risco; campanhas educativas permanentes; e transparência nos dados para acompanhamento público.