Quem faz uma doação de sangue no Hemominas não sabe a quem beneficiará. Do mesmo modo, os pacientes que recebem o material biológico também desconhecem os autores dessa ação. O sigilo entre as partes faz parte do processo, para garantir a proteção dos dados e a universalidade do serviço. Porém, como atos de altruísmo merecem reconhecimento, a instituição de saúde homenageou tais benfeitores na noite desta segunda-feira (25/11), Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue.

A Fundação Hemominas concedeu diplomas a 132 doadores constantes, em uma solenidade realizada no Hipercentro de Belo Horizonte. Os homenageados foram dispostos em quatro categorias: a primeira delas, batizada de ouro, envolve voluntários que já fizeram entre 35 e 49 doações; a segunda, diamante, é para voluntários que contabilizam de 50 a 74 contribuições; a terceira, diamante lilás, contempla benfeitores que somam de 75 a 99 ofertas de sangue; e, por fim, a categoria diamante vermelho reúne doadores que já atingiram ou ultrapassaram a marca de 100 colaborações.

O corretor de imóveis Luiz Márcio de Moura, de 54 anos, está nesse grupo. Portador de sangue do tipo B+, ele já fez nada menos que 159 doações. O voluntário lembra que começou a praticar esse tipo de ação por volta dos 18 anos, quando prestou serviço militar. Inicialmente, as contribuições eram mais ocasionais, mas foram ganhando maior frequência com o passar do tempo. "Atualmente, eu doo plaquetas. E faço questão de, pelo menos uma vez por mês, estar lá, contribuir com a minha doação", relata.

Moura destaca que a doação, apesar de extremamente importante, praticamente não demanda esforço. "Não me custa nada. Eu tiro um dia do mês para poder fazer a ação voluntária", pondera. E, apesar de já ter feito mais de uma centena de contribuições, o corretor de imóveis não pretende parar. "O número vai continuar aumentando. Se Deus quiser, e a saúde continuar firme e forte, eu pretendo continuar", conclui.

Outra voluntária comprometida com o Hemominas é a aposentada Vera Lúcia Bigão, de 59 anos, portadora de sangue do tipo O+. Ela nem sabe dizer quantas contribuições já fez, mas, como foi homenageada na categoria diamante, certamente já foram mais de 50 vezes. "Desde 2003, sou doadora. Começou a partir da doação para a minha tia, que precisava. E, desde então, nunca mais parei", relata.

Vera Lúcia diz ter muito prazer em comparecer ao hemocentro e destaca a importância da doação de sangue para os pacientes da rede SUS. "Tem alguém doente precisando, tem alguém passando mal; essas pessoas precisam da gente, então não se deve negar isso, nunca", sintetiza.

Doação frequente é fundamental

Kelly Nogueira Guerra, presidente da Fundação Hemominas, explica que a doação frequente é fundamental para manter os estoques do banco de sangue em níveis seguros. "As pessoas que doam com regularidade, que a gente chama de doador fidelizado, já conhecem os cuidados", pontua. "Então, a gente valoriza muito estes doadores", complementa.

"O sangue é um elemento insubstituível. A gente precisa das pessoas, desse engajamento da sociedade", salienta a dirigente. "Essa solenidade de homenagem ao doador é uma forma de agradecimento aos doadores regulares. É um reconhecimento dessa dedicação", acrescenta.

Como funciona a doação de sangue?

O sangue não chega in natura aos donatários. O material coletado é dividido em hemácias, plaquetas, crioprecipitados e plasma. Desse modo, cada bolsa pode servir a até quatro pessoas. Diversos pacientes podem necessitar de procedimentos de transfusão, entre os quais estão aqueles que passam por tratamento oncológico, terapia renal e os que foram submetidos a transplantes.

Os voluntários precisam ter idade entre 16 e 69 anos, peso superior a 50 kg e boa saúde. Doenças transmissíveis impedem o procedimento. Mulheres podem doar sangue com um intervalo de 90 dias entre um procedimento e outro, no máximo três vezes a cada período de 12 meses. Por sua vez, homens podem fazer doações com um intervalo de 60 dias, dentro de um limite de até quatro vezes por ano.

Fumantes em bom estado de saúde podem doar sangue normalmente, mas, de acordo com a Fundação Hemominas, devem evitar o consumo de cigarros de duas horas antes até duas horas depois da coleta do material biológico. Já a ingestão de álcool, na dose máxima de 40g, impede a doação por um prazo de 12 horas. No caso de consumo de quantidades superiores, o período de restrição aumenta para 24 horas.

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As doações à Fundação Hemominas podem ser feitas em 37 municípios de Minas Gerais, em hemocentros, hemonúcleos, unidades de coleta e transfusão e postos avançados de coleta externa (Paces), estes últimos em parceria com prefeituras.

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