BH: clínica de reabilitação é interditada um dia após morte de idoso
Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte. Com a interdição, os internos passam por avaliação médica e são encaminhados para abrigos ou hospitais
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A clínica de reabilitação para dependentes químicos Casa Azul, localizada no bairro Bonfim, na Região Noroeste de Belo Horizonte (MG), foi interditada por irregularidades nesta quarta-feira (29/10). Nessa terça-feira (28/10), um idoso de 60 anos foi encontrado morto no local. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o local está irregular e não possui alvará de funcionamento e localização vigente.
A operação é realizada em conjunto entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e as secretarias de Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos da PBH. De acordo com a gestão municipal, a casa foi interditada durante a manhã pela constatação de irregularidades no local, como alimentos vencidos, além de ser identificado que o fornecimento de água e luz da casa era feito por ligações clandestinas.
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De acordo o promotor de Justiça André Sperling Prado, a Vigilância Sanitária realizou uma vistoria no local, há alguns meses, e aplicou uma multa contra a clínica. "Os responsáveis não corrigiram os problemas que haviam e, quando viemos até o local, constatamos que o espaço não tem condição de receber nenhum tipo de pessoa", disse. "Na realidade esse prédio é comercial, não é feito para receber pessoas. Eles adaptaram as salas, colocaram um monte de colchão no chão e os pacientes são alimentados com resto de comida. É uma condição muito ruim", completou.
O corpo do idoso foi encontrado ao lado de uma cama da clínica na tarde de terça (28/10). De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o responsável da clínica acionou as autoridades dizendo que um dos internos tinha sofrido uma queda e estava passando mal. Momentos depois, informou que o idoso teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e o médico de plantão confirmou a morte. O corpo foi recolhido pelo rabecão e encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para exame de necropsia. A Polícia Civil aguarda a conclusão de laudos para confirmar as circunstâncias e a causa da morte.
De acordo com a prefeitura, os pacientes foram avaliados por médicos e enfermeiros da rede SUS-BH e, até esta tarde, 13 pessoas foram encaminhadas para abrigos da PBH e outras oito foram levadas para unidades de saúde.
Não há informações sobre o estado de saúde dos internos. Conforme a gestão municipal, os dados dos prontuários médicos são sigilosos e são repassados ao próprio paciente, familiares ou representantes legais.
Ainda segundo o promotor de Justiça, o responsável pela clínica pode responder por furto de água e luz. As autoridades ainda investigam se as pessoas internadas tinham seus documentos e benefícios retidos durante a internação.
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Defesa
Procurada pela reportagem, o advogado Ronaldo Lopes, que atua na defesa do responsável pela clínica, disse que os alimentos vencidos ainda passariam por uma triagem. "No dia da ação, chegaram várias caixas de alimentos e doações vindas de sacolão, os quais passariam por uma triagem de praxe até serem levados ao consumo. Em hipótese alguma os mesmos seriam disponibilizados para consumo antes", afirmou.
Segundo o advogado, o interno morreu por causas naturais. Ainda de acordo com ele, os responsáveis pela Casa Azul providenciarão meios para atender às solicitações feitas pelo Ministério Público e pela Vigilância Sanitária.