EM BH

Morte de gari: empresário que confessou crime é indiciado

Renê da Silva Nogueira Júnior disparou contra um grupo de garis depois de se estressar com um caminhão de coleta no Bairro Vista Alegre, em BH

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Renê da Silva Nogueira Júnior, que confessou ter feito o disparo que atingiu e matou o gari Laudemir de Souza Fernandes, em 11 de agosto, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado - por motivo fútil e meio que dificultou a defesa da vítima-, ameaça à motorista do caminhão de coleta e porte ilegal de arma de fogo. A pena pode chegar até 35 anos. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) durante coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (29/8), após a conclusão do inquérito criminal. A delegada e esposa do suspeito também foi indiciada.

O empresário está preso desde o dia dos fatos e seguirá detido no Presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O resultado das investigações foi divulgado 18 dias depois do homicídio, registrado na Rua Modestina de Souza, no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte. 

Em um primeiro momento, Renê negou que teria cometido o crime e passado pelo local do crime, na manhã de 11 de agosto. Ele chegou a dizer que saiu de casa, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na região metropolitana, direto para o trabalho em Betim, também na Grande BH. No entanto, o álibi foi derrubado pelas investigações que obtiveram imagens nítidas do carro do suspeito e dele guardando a arma de sua esposa, delegada da PCMG, em uma mochila. 

Após a divulgação das gravações, na última segunda-feira (18/8), o investigado, em novo depoimento, confessou que estava no local e disparou a arma da esposa. Conforme registrado no termo de declaração da oitiva pela PCMG, Renê afirmou que essa teria sido a primeira vez que pegou a pistola .380, de uso particular da mulher. Ainda segundo a nova versão, ele teria feito isso para se proteger por “estar indo para um local perigoso” e por não conhecer o caminho. A arma, então, seria “para proteção”.

Durante o caminho para o trabalho, Renê teria encontrado um congestionamento causado pelo caminhão de coleta de lixo. Segundo ele, a motorista deixou que os carros à sua frente passassem, mas ao chegar na sua vez fechou o trânsito. Ele, então, teria gritado “Meu carro é largo, não vai passar” e a funcionária, do ângulo em que estava, viu a arma dentro do carro e alertou os coletores: “Ele está armado!”.

Em resposta a isso, Renê contou que um gari veio em sua direção, dizendo que ameaçar uma mulher era fácil, “quero ver fazer isso com um homem”. Ele confessou que após a suposta ameaça, saiu do carro, com a arma em mãos, e apontou para o chão, momento em que o gari recuou. Conforme o relato, o suspeito levantou a arma de fogo e, ao perguntar se o gari queria “resolver na mão”, a arma disparou. Ele afirmou que não tinha intenção de matar ninguém e sim “atirar para o alto”. 

Renê também alegou que não imaginava que o disparo atingiu Laudemir e imaginava poder responder judicialmente “no máximo” por porte ilegal de arma de fogo. Ele disse que só soube do assassinato ao ser abordado pela Polícia Militar de Minas Gerais, na tarde do crime.

Fascínio por armas

À imprensa, o delegado responsável pelo caso, Evandro Radaelli, explicou que além da comprovação do envolvimento do empresário na morte de Laudemir, as investigações indicaram que ele possui "fascínio" por armas de fogo e o "poder" que o armamento o concedia.

Radaelli explica que durante análises feitas no aparelho celular do investigado foram encontradas imagens em que ele exibe diversas armas. Em alguns vídeos, o homem aparece fazendo disparos. Ainda segundo o chefe da investigação, o artefato não é o mesmo usado no crime registrado no Bairro Vista Alegre.

Como foi o crime?

O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalhava, junto com outras quatro pessoas, na Rua Modestina de Souza, por volta das 8h55, quando a motorista do caminhão, uma mulher de 42 anos, parou e encostou o veículo para que uma fila de dez carros pudessem passar. A via de mão dupla, segundo relato de testemunhas, fica próximo da Avenida Tereza Cristina. Em determinado momento, o último veículo, identificou um carro, modelo BYD da cor cinza, teria enfrentado dificuldades para passar pelo caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista que o espaço seria suficiente.

Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a condutora do caminhão de coleta, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, afirmou que enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma arma preta, fez movimento para engatilhar a arma e apontando para ela disse: “Se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”. 

Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair. Ele então o recolocou, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, mas faleceu.

 

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o gari saiu correndo já ferido. Na gravação é possível ver o momento que o carro que seria do investigado, vira na rua em que o caminhão de coleta estava parado. O veículo então para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega que segura sua cabeça. 

 

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Quem é o suspeito?

  • Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos.

  • Ex-vice-presidente de empresa de alimentos; desligado após repercussão.

  • Casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira (PCMG).

  • Se descrevia como “cristão, esposo, pai e patriota”.

  • Tem outros registros policiais em São Paulo (lesão corporal grave contra uma mulher) e Rio de Janeiro (lesão corporal contra ex-companheira, ameaça contra ex-sogra e envolvimento em homicídio culposo)

  • Nega ter antecedentes criminais; diz que só responde a processo por luxação no pé da ex-esposa.

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