A comunidade escolar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se prepara para ganhar um presente sustentável para o centenário da instituição, que será celebrado em 2027. A Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), será transformada em um campus avançado, com foco em sustentabilidade.

A ideia é promover atividades transdisciplinares no espaço, localizado a 40 minutos da Pampulha, na capital. Um plano diretor começou a ser elaborado para o local, em 2023, e a expectativa é a de que o projeto seja entregue à Reitoria ainda este ano. Depois, será apreciado pelas instâncias superiores da unidade de ensino.

A área de 419 hectares localizada na cidade vizinha à BH foi cedida à instituição pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), em 2019, com prazo de cessão de 20 anos. A UFMG, porém, negocia com o governo federal e a Prefeitura de Pedro Leopoldo para ter a propriedade do terreno.

Reitora da universidade, Sandra Goulart celebra a iniciativa. “Para nós é muito bom ver isso se concretizando. Lá é o futuro da universidade e com uma temática do futuro, que é a sustentabilidade. Já que estamos nos aproximando dos 100 anos da UFMG, que será em 2027, temos que pensar o futuro da universidade. A universidade quer contribuir com a sociedade, com o seu entorno e com uma temática que é crucial para o futuro da humanidade”, afirmou.

A gestora reforçou que a ideia do campus é um desejo antigo da instituição. “Temos hoje três campi: da Pampulha, da Saúde (na área hospitalar) e em Montes Claros. O Saúde não tem para onde crescer. O da Pampulha também, pois apesar de ser uma extensão de área muito grande, já está sendo ocupado onde é possível, já que é uma área de preservação ambiental. A avaliação é de que não tem muito para onde crescer mais. Sempre olhamos para essa possibilidade de Pedro Leopoldo”.

“Campus verde”

Segundo a UFMG, o campus avançado reafirma o compromisso da instituição com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Um dos pilares do projeto da Federal é a superação do conflito entre urbanização e meio ambiente. A nova unidade está sendo pensada para ser um "campus verde", buscando integrar a universidade com o município de Pedro Leopoldo e a região metropolitana sem eliminar o meio ambiente para realizar novas construções.

A intenção do projeto, divulgado pela reitora durante entrevista no programa "Em Minas" (Alterosa/Uai), é construir uma infraestrutura moderna que permita a instalação de novas atividades acadêmicas, de ensino, pesquisa e extensão, sem acabar com as que já são feitas na fazenda ou com o patrimônio ambiental existente.

O objetivo é que o campus coexista harmoniosamente com o entorno, funcionando como um modelo de desenvolvimento sustentável sendo, ao mesmo tempo, uma área de preservação ambiental para a cidade e a Grande BH, além de permitir a realização de atividades acadêmicas.

Atualmente, estudantes das escolas de Engenharia, Arquitetura e Veterinária da UFMG realizam projetos no local. A universidade informa que não pretende transferir unidades existentes, atualmente, nos campi de Belo Horizonte para Pedro Leopoldo. “A ideia é termos neste espaço atividades sustentáveis de maneira transdisciplinar. Sabemos que a sustentabilidade não é algo estanque, tem que dialogar com outras disciplinas”, explica a reitora Sandra Goulart.

Ela lembra que a universidade já tem um programa voltado para esta área, chamado UFMG Sustentável. O novo campus seria uma ampliação dessa iniciativa. “Vamos colocar atividades de ensino, pesquisa e extensão que tem a ver com essa temática. É importante destacar que essa é a vocação daquele local. Já temos atividades que são desenvolvidas lá com esse perfil. A Engenharia, por exemplo, tem um projeto de transformar rejeito da mineração em tijolos”, ressalta.

Espaço aberto e acessível

A reitora da UFMG destaca que a primeira medida adotada foi levar a proposta para a Prefeitura de Pedro Leopoldo. “E o prefeito abraçou a ideia completamente. Digo que o futuro da UFMG está em Pedro Leopoldo. Temos a cessão por 20 anos, mas queremos a doação desse terreno para que tenhamos mais segurança jurídica para construir no local”. Sandra Goulart, inclusive, acredita que não haverá nenhum entrave, já que o terreno pertence à União.

A aprovação do projeto nos conselhos superiores da universidade deve acontecer ainda este ano, segundo a reitora. Em paralelo, já há tratativas com a União para a doação do terreno à UFMG. Atualmente, a UFMG e a Prefeitura de Pedro Leopoldo têm um termo de colaboração firmado para melhorar o acesso à fazenda e ao Centro Cultural Chico Xavier.

O interesse da universidade é ter um campus que dialogue com a história e a importância que a Fazenda Modelo tem para a população de Pedro Leopoldo, tornando o espaço aberto e acessível. Uma das propostas previstas no plano diretor é a criação de um teatro na área pública de entrada da fazenda. Ele serviria de equipamento cultural para a cidade, fazendo a transição entre o espaço urbano e o espaço acadêmico.

História

A Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo foi criada nos anos 1920 pelo governo federal. A iniciativa buscou contribuir para o crescimento da pecuária nacional. A área, inclusive, abrigou o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanara).

Foi a partir de 1993 que o espaço passou a ser ocupado pela Escola de Veterinária da UFMG. Por lá, começaram a ser desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Depois, outras unidades acadêmicas foram para o local. Foi com a desobstrução da regularização fundiária da área que a fazenda pôde ser transformada em um Centro de Produção Sustentável, unificando ações da instituição de ensino e da prefeitura da cidade.

Uma parceria para a revitalização da fazenda foi firmada em março deste ano entre a universidade e a União Espírita Mineira (UEM), com previsão de durar cinco anos. A ideia é que eventos e visitas públicas ao Memorial Chico Xavier, instalado na extensão da fazenda, sejam retomados. As atividades por lá foram suspensas na pandemia.

Informações divulgadas na época da assinatura do acordo dão conta de que os gastos com as reformas e manutenções nas edificações ficarão a cargo do movimento religioso. Se a parceria for extinta, os bens agregados aos prédios serão destinados à UFMG.

As primeiras ações da UEM no espaço consistem em reformas e adequações de áreas internas e do entorno do prédio “Chico Xavier”, que trabalhou por cerca de 25 anos no local como escrevente-datilógrafo, na época em que era funcionário do Ministério da Agricultura.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

No subsolo da edificação existe um memorial dedicado ao médium. Paralelamente, serão feitas reformas e adequações na parte externa da edificação denominada “Casarão”.

compartilhe