“Ela era uma pessoa extremamente competente, alegre, solidária e carinhosa. Era um doce de menino. Eu não lembro do Matteos envolvido em brigas, pelo menos nesse período da adolescência”, disse a professora Rosane de Souza, que dava aulas do sexto ao nono ano do ensino fundamental para o suspeito de matar a mãe com as próprias mãos, Matteos França, de 32 anos.

O homem confessou ter matado a professora Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, nesta sexta-feira (25/7). Ele foi preso hoje (25), na casa do pai. À polícia, ele confessou o crime e disse estar em surto quando enforcou a mãe. Por outro lado, duas professoras e uma colega de sala disseram, em entrevista ao EM, que ele era “amoroso e tranquilo” e se disseram surpresas.

Por volta de 2010, quando Inês Lima era coordenadora do agressor, ela disse não ter presenciado nenhum surto. “Nunca soube que ele tivesse tido algum surto psicótico, alguma coisa nesse sentido. Mas, como eu te disse, tem muitos anos e foi na época da adolescência”, afirma.


“Ele participava de todos os projetos. Se vestiu até de Dalai Lama, para se ter uma ideia.” Rosane deu aulas de Formação Humana e Cristã no Colégio Magnum Agostiniano. Ela destaca que pode falar do Matteos adolescente, que o desconhece na fase adulta, mas pode afirmar que a relação de mãe e filho era “completamente normal” e que não houve histórico de agressão física.

Nisso, os delegados Adriano Ricardo Mattos Soares e Ana Paula Rodrigues de Oliveira, em coletiva, confirmaram: não há registros de agressões físicas. Os policiais militares também informaram que, durante a confissão, o homem alegou estar endividado por causa de empréstimos e jogos de aposta online. Durante uma discussão sobre o endividamento, ele teria “avançado” na mãe e a enforcado.


A professora lamentou a questão das dívidas e falou sobre o vício em apostas: “Eu falo que é uma tragédia que é fruto desses jogos, desse capitalismo. É uma ilusão, uma vida ilusória para essa juventude. Uma juventude que está sem horizonte, sem sentido”, diz.

Júlia Mourão conhecia o suspeito, teve aulas com ele durante a adolescência e disse estar incrédula: “O que mais está me chocando é que a gente sempre os via juntos e tudo mais. Eu estou muito chocada com isso tudo. Eu jamais imaginaria que ele fosse capaz de fazer isso", relata.

Depoimento depois de matar

Vale lembrar que, na última terça-feira (22/7), em entrevista ao Estado de Minas, Matteos chorou ao falar sobre a relação que tinha com a mãe. Em prantos, ele disse que não fazia ideia do que poderia ter acontecido com ela. “Estamos esperando alguma resposta. Não consigo expressar o que estamos sentindo de outro jeito que não seja perdidos e devastados. Queremos respostas e conseguir que ela descanse em paz”, disse o filho, à reportagem.

Matteos França, de 32 anos é suspeito de matar a mãe. O filho da Professora de história Soraya Tatiana foi preso na casa do pai, nesta sexta-feira (25/7) REPRODUÇÃO/LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS
Matteos França, de 32 anos, é suspeito de matar a mãe. O filho da professora de História Soraya Tatiana foi preso na casa do pai nesta sexta-feira (25/7) Reprodução/ Redes sociais
Matteos França, de 32 anos é suspeito de matar a mãe. O filho da Professora de história Soraya Tatiana foi preso na casa do pai, nesta sexta-feira (25/7) Reprodução/ Redes sociais
Matteos França, de 32 anos é suspeito de matar a mãe. O filho da Professora de história Soraya Tatiana foi preso na casa do pai, nesta sexta-feira (25/7) Reprodução/ Redes sociais
Matteos França, de 32 anos é suspeito de matar a mãe. O filho da Professora de história Soraya Tatiana foi preso na casa do pai, nesta sexta-feira (25/7) Reprodução/ Redes sociais

Ao EM, a professora Rosane de Souza, amiga de Soraya há 15 anos, enviou um print de uma conversa em que a mãe de Matteos enviou uma imagem com uma oração pedindo proteção aos filhos quase cinco meses antes do filho a matar:

Print de conversa no WhatsApp entre a professora Soraya Tatiana Bonfim França e a amiga Rosane de Souza

Rosane de Souza / Acervo Pessoal


Relembre o caso


Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, foi encontrada sem vida no último domingo (20/7), sob um viaduto localizado no Bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo informações da Polícia Civil, a causa da morte foi esganadura. Soraya era professora de história e lecionava no Colégio Santa Marcelina, situado no Bairro São Luiz, na Região da Pampulha. Ela estava desaparecida desde a última sexta-feira (18/7).


No sábado à noite (19/7), após 24 horas sem notícias, o filho da vítima, Matteos França, de 32 anos, e o ex-marido dela acionaram a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

Durante o registro do desaparecimento, Matteos relatou à polícia que a família não tinha pistas sobre o que poderia ter ocorrido. Ele afirmou ter sido a última pessoa a ver Soraya, na sexta-feira à noite, quando ela teria saído em viagem rumo à Serra do Cipó, em Santana do Riacho, na Região Central de Minas.

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